A nova unicórnio européia: time da Loveble em foto comemorativa do novo aporte (Anton Osika/Reprodução)
Repórter
Publicado em 19 de julho de 2025 às 10h32.
Usar a plataforma da Lovable é, sem exagero, uma experiência que antecipa o futuro do desenvolvimento digital. A ferramenta permite que qualquer pessoa — mesmo sem formação técnica — crie protótipos de produtos, teste funcionalidades e desenhe wireframes com nível de refinamento que, em muitos casos, supera o que seria entregue após semanas por um time tradicional de design.
É justamente essa disrupção no processo criativo que ajuda a explicar por que a startup se tornou o mais novo unicórnio europeu, alcançando valor de mercado de US$ 1,8 bilhão apenas oito meses após sua fundação.
A façanha veio com uma rodada série A de US$ 200 milhões, liderada pela Accel, e consolida a Lovable como uma das principais apostas em IA generativa aplicada ao desenvolvimento de software.
Segundo o CEO e cofundador, Anton Osika, a Lovable atingiu 2,3 milhões de usuários ativos e mais de 180 mil assinantes pagantes, com receita recorrente anual de US$ 75 milhões em apenas sete meses de operação. A rodada foi liderada pela Accel e contou com investidores já existentes como 20VC, Creandum, Hummingbird, Visionaries Club e byFounders.
O crescimento acelerado foi impulsionado principalmente por usuários não técnicos, que usam a plataforma para criar protótipos ou aplicações simples, em uma dinâmica similar à de rivais como a norte-americana Cursor. Ainda que gratuita para a maioria dos usuários, a plataforma vem se mostrando altamente monetizável — o que explica o apetite do capital de risco.
Apesar do foco atual em protótipos e projetos iniciais — a empresa afirma ter superado a marca de 10 milhões de criações na plataforma —, a ambição é maior: a Lovable quer se posicionar como uma ferramenta para o desenvolvimento de aplicações de nível profissional, capazes de sustentar negócios inteiros.
Empresas como Klarna, plataforma de pagamentos também sueca, e a norte-americana HubSpot, de marketing e CRM, já utilizam a ferramenta em suas operações. A base enxuta de 45 funcionários contrasta com a quantidade de investidores de peso que participaram da rodada, entre eles Stewart Butterfield (Slack), Dharmesh Shah (HubSpot) e Job van der Voort (Remote).
Em declaração recente, Osika afirmou: “Todos os dias, fundadores brilhantes e operadores com ideias transformadoras esbarram no mesmo obstáculo: não têm um desenvolvedor à disposição para realizar a visão com rapidez.” Segundo ele, a Lovable quer preencher essa lacuna com uma nova abordagem baseada em IA generativa.
Parte do crescimento da Lovable vem do uso em mercados emergentes, como o Brasil, onde uma edtech local teria arrecadado US$ 3 milhões em apenas 48 horas com um aplicativo criado pela ferramenta. O executivo também revelou que já se tornou investidor-anjo de uma startup construída com o Lovable — supostamente a plataforma de testes de anúncios Stardust.
Além de atrair startups, a empresa busca se firmar entre os grandes. Em fevereiro, a Lovable já havia captado US$ 15 milhões em uma pré-série A liderada pela Creandum. Na época, a startup dizia ter 30 mil clientes pagantes e receita anual de US$ 17 milhões, com apenas US$ 2 milhões gastos até então.
O mercado de ferramentas baseadas em IA voltadas a desenvolvedores e criadores — como Vercel, Replit e a própria Cursor — tem recebido atenção crescente de investidores. Mas a Lovable se diferencia por focar um público leigo, em especial empreendedores e criadores sem formação técnica.
Ainda que em estágio inicial, a empresa já participa de projetos em parceria com grandes grupos e deve apresentar novos recursos voltados a integrações com APIs e fluxos de automação nos próximos meses.