Elon Musk: CEO de Tesla, SpaceX, Neuralink, da fusão entre x e xAI e, agora, também da Macrohard (Allison ROBBERT /AFP)
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Publicado em 27 de agosto de 2025 às 13h06.
Última atualização em 27 de agosto de 2025 às 14h02.
“Junte-se à @xAI e ajude a construir uma empresa de software puramente de IA chamada Macrohard. É um nome irônico, mas o projeto é bem real”. Com essa frase publicada no X, Elon Musk lançou em agosto a sua mais nova iniciativa no setor de tecnologia. A escolha do nome, um trocadilho direto com a Microsoft — micro versus macro, soft versus hard — soou como mais uma provocação bem-humorada do empresário. Mas, como quase sempre acontece em seus anúncios, a brincadeira veio acompanhada de um movimento concreto: um pedido de marca registrada para “Macrohard” protocolado no Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos.
A nova empreitada nasce como um desdobramento da xAI, a empresa de inteligência artificial fundada por Musk em 2023 e responsável pelo Grok, seu chatbot concorrente do ChatGPT. A ideia por trás da Macrohard é criar uma companhia de software inteiramente simulada por agentes de IA. Na prática, esses sistemas seriam responsáveis por programar, gerir projetos, criar ferramentas e até mesmo coordenar “funcionários virtuais”, emulando as atividades que, no mundo real, estão sob a responsabilidade de engenheiros e executivos.
O conceito se apoia na provocação de Musk à rival. Como a Microsoft, o gigante do software fundado por Bill Gates, não fabrica hardware, em tese seria possível recriar uma empresa de características semelhantes sem contratar humanos — apenas com algoritmos. A Macrohard seria, então, uma espécie de “Microsoft simulada”, composta por agentes de IA que colaboram entre si, utilizando o Grok como núcleo de linguagem e coordenação.
Documentos oficiais reforçam que o projeto não se limita ao meme. O pedido de registro de marca inclui descrições abrangentes: desde “software para produção artificial de fala e texto humanos” até ferramentas para “codificar, executar e jogar videogames com inteligência artificial”. Em outras palavras, Musk sinaliza que a Macrohard pretende competir em várias frentes do software, do pacote Office a sistemas operacionais, passando por aplicações de entretenimento.
A piada, no entanto, tem várias camadas. Além do trocadilho com a Microsoft, o nome Macrohard evoca também um humor quase adolescente — macrohard, ou “superduro” numa tradução livre —, típico do estilo irreverente de Musk em batizar empresas. Não por acaso, ele já fundou a Boring Company (“empresa entediante”, mas também referência a perfuração de túneis), lançou o produto Not a Flamethrower (“não é um lança-chamas”) e transformou a rede social Twitter em apenas uma letra: X.
Brincadeira ou não, a Macrohard surge em um momento em que Musk busca ampliar sua presença no setor de IA e rivalizar diretamente com a OpenAI e sua parceira Microsoft. Desde a saída da OpenAI em 2018, o bilionário tem criticado a proximidade da startup com a empresa de Satya Nadella, que hoje integra a tecnologia da GPT em seus produtos e lidera a infraestrutura de nuvem para IA generativa.
Mais do que uma provocação, portanto, a Macrohard pode ser vista como um sinal de guerra simbólica. Ao sugerir uma alternativa para softwares dominados pela Microsoft, Musk se coloca como um contraponto a Nadella no campo do software corporativo. E, ao estruturar a nova empresa sobre agentes autônomos de IA, reforça sua visão de que o futuro não está apenas em carros elétricos ou foguetes reutilizáveis, mas também em companhias inteiras simuladas por algoritmos.