Missão Genesis: entenda ordem executiva de Donald Trump para inteligência artificial (Montagem EXAME/Canva)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 27 de novembro de 2025 às 05h59.
Os Estados Unidos acabam de dar o próximo passo em direção aos avanços de pesquisa em inteligência artificial. Na última segunda-feira, 24, o presidente Donald Trump anunciou a "Missão Genesis", um projeto nacional para acelerar a inovação e descoberta científica pela IA. Segundo Trump, o momento é "crucial" e exige um esforço "comparável em urgência e ambição ao Projeto Manhattan, que foi fundamental para nossa vitória na Segunda Guerra Mundial."
O Projeto Manhattan aconteceu entre 1942 e 1945 e foi o programa de pesquisa responsável por produzir as bombas nucleares que atingiram Hiroshima e Nagasaki e vitimaram mais de 240 mil pessoas. O grande nome de destaque do projeto foi o cientista Robert Oppenheimer.
A ordem executiva do presidente Trump explica que a Missão Genesis será implementada pela Secretaria e pelo Departamento de Energia do governo. O objetivo é construir uma plataforma integrada com os dados científicos federais para o treinamento de inteligências artificiais e acelerar descobertas.
Os principais pontos de estudos incluem manufatura avançada, biotecnologia, materiais críticos, energia nuclear, ciência da informação quântica e semicondutores. A decisão prevê parcerias com universidades, empresas privadas e laboratórios nacionais, com protocolos de segurança cibernética e proteção de propriedade intelectual. "Estamos combinando os esforços de brilhantes cientistas americanos com empresas americanas pioneiras e infraestrutura das nossas instalações de segurança nacional."
A decisão também estabelece um cronograma imediato para a implementação do projeto:
"A Missão Genesis acelerará drasticamente a descoberta científica, fortalecerá a segurança nacional, garantirá a supremacia energética, aumentará a produtividade da força de trabalho e multiplicará o retorno do investimento do contribuinte em pesquisa e desenvolvimento, promovendo assim a supremacia tecnológica e a liderança estratégica global dos Estados Unidos", escreveu Donald Trump na ordem executiva da Casa Branca.
Após o anúncio da Missão Genesis, a revista Nature analisou a ordem executiva e ouviu a opinião de nomes da ciência pública e privada norte-americana.
Um aspecto positivo destacado pela revista é a criação de uma base confiável. "Criar uma plataforma em escala nacional que utilize conjuntos de dados abrangentes pode ser uma grande vantagem para os pesquisadores". A revista lembra que novos modelos, até o momento, dependem exclusivamente da internet, como o Chat-GPT, da Open AI.
Apesar do potencial da Missão, a Nature afirma que Trump propôs um corte de 14% no orçamento científico do Departamento de Energia para o ano fiscal de 2026. Segundo a revista, o financiamento para o Genesis pode envolver o desvio de verbas de outras áreas do orçamento. Para a revista, "o papel preciso dessas empresas privadas no plano Genesis permanece incerto." Isso significa que essas parcerias podem incluir desde acordos de pesquisas conjuntas ou o uso de instalações governamentais por empresas como a Nvidia.
“A Missão Genesis terá sucesso se permitir que os melhores cientistas dos Estados Unidos utilizem IA especializada para a ciência, e fracassará se se tornar um mero subsídio para empresas privadas que desenvolvem IA superinteligente que ameaça a segurança nacional e global”, afirmou Andrea Miotti, cientista ouvida pela Nature.
Miotti é fundadora da ControlAI, uma organização sem fins lucrativos sediada em Londres que trabalha para reduzir os riscos da inteligência artificial para a humanidade.