Inteligência Artificial

Nadella alerta: falta energia, mas não chips, na Microsoft

CEO da Microsoft diz que há GPUs paradas por falta de energia para suportar sistemas de inteligência artificial

Satya Nadella: CEO da Microsoft (Bloomberg/Getty Images)

Satya Nadella: CEO da Microsoft (Bloomberg/Getty Images)

Publicado em 3 de novembro de 2025 às 14h26.

A Microsoft enfrenta um gargalo cada vez mais conhecido em grandes operações de inteligência artificial: não a falta de chips, mas de energia elétrica para conectá-los aos data centers. A declaração foi feita pelo CEO Satya Nadella durante entrevista no podcast Bg2 Pod, ao lado de Sam Altman, CEO da OpenAI.

Segundo Nadella, há unidades de processamento gráfico (GPUs) em estoque que não podem ser usadas simplesmente porque não há estrutura pronta com fornecimento elétrico suficiente. “Hoje, meu problema não é a oferta de chips, é o fato de que não tenho warm shells [edifícios preparados com energia e refrigeração] para conectá-los”, disse o executivo.

Desde que a Nvidia resolveu a escassez de GPUs, o novo gargalo da IA passou a ser o consumo crescente de energia pelos data centers. Nesse cenário, grandes empresas já estudam soluções como pequenos reatores nucleares modulares ou voltaram a recorrer a fontes como o gás natural. Enquanto isso, as contas dos consumidores norte-americanos estão subindo.

No caso dos Estados Unidos, a OpenAI defende que o governo adicione 100 gigawatts anuais à capacidade nacional, tratando isso como ativo estratégico frente à concorrência da China — país que se adiantou com investimentos em hidrelétricas e energia nuclear.

IA centralizada e demanda por data centers

Na entrevista, Altman também comentou que, no futuro, será possível rodar modelos como GPT-5 ou GPT-6 em dispositivos pessoais com baixo consumo. Isso, por sua vez, poderia reduzir a dependência de grandes data centers, mas também afetar os bilhões investidos nessas infraestruturas, já que a alta demanda estaria restrita ao treinamento dos modelos, não mais à execução.

Estima-se que o investimento mundial em data centers para IA atingirá US$ 3 trilhões até 2029. No primeiro semestre de 2025, sem esses gastos, o PIB dos EUA teria crescido apenas 0,1%, segundo o economista Jason Furman, da Universidade de Harvard.

Portanto, caso essa mudança prevista por Altman se concretize, o mercado pode enfrentar uma correção brusca. Um eventual colapso da bolha da IA poderia afetar trilhões de dólares em valor de mercado, incluindo empresas fora do setor de tecnologia.

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