Redação Exame
Publicado em 17 de julho de 2025 às 10h16.
Grandes modelos de linguagem (LLMs) como o ChatGPT dependem dos dados com os quais foram treinados para garantir sua precisão. Enquanto EUA e China dominam o mercado global de inteligência artificial, controlando também a infraestrutura necessária para a tecnologia, usuários de regiões como a América Latina frequentemente enfrentam dificuldades ao utilizar modelos de IA importados, inclusive para conseguir direções.
Por isso, mais de 30 instituições latino-americanas estão trabalhando há cerca de dois anos no Latam-GPT, um projeto liderado pelo Chile com o objetivo de adaptar a IA às especificidades culturais e linguísticas da América Latina. Isso enquanto a demanda por ferramentas baseadas na tecnologia está aumentando na região, assim como no mundo todo.
Com lançamento previsto para setembro, o Latam-GPT será um modelo de código aberto treinado por pesquisadores locais, oferecendo uma alternativa mais precisa e relevante para os usuários da região. O Brasil, por exemplo, é o terceiro maior usuário mundial do ChatGPT, atrás apenas de EUA e Índia, segundo a consultoria DemandaSage.
Além disso, o projeto visa melhorar a representação cultural na IA, incluindo línguas indígenas distintas entre si, como o Nahuatl, o Quechua e o Mapudungun, além de dialetos regionais. "Estamos construindo IA na América Latina, para os latino-americanos", afirmou Héctor Bravo, líder da Sonda, uma empresa chilena de TI não envolvida diretamente no projeto.
No entanto, o Latam-GPT enfrenta desafios significativos, como as diferenças entre os países da região, a escassez de infraestrutura e de talentos especializados, além da pressão ambiental devido ao alto consumo de energia necessário para treinar modelos de IA.
Para mitigar os impactos ambientais, a equipe do projeto usa infraestrutura em nuvem escalável e energia solar. Ela também busca garantir a participação de grupos marginalizados, como povos indígenas e comunidades migrantes, para assegurar uma representação precisa.