Somente neste ano, Meta removeu cerca de 10 milhões de perfis no Facebook que estavam se passando por grandes criadores de conteúdo (Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 15 de julho de 2025 às 11h56.
Chamados de dark channels, esses perfis ou páginas se especializam em reciclar conteúdo alheio para gerar audiência e faturar com programas de monetização. Em vez de criar algo original, eles se baseiam quase exclusivamente em copiar vídeos, fotos e textos que já fizeram sucesso — muitas vezes sem pedir permissão ou dar crédito.
É um modelo de negócios silencioso, mas muito lucrativo, especialmente em plataformas que pagam por visualizações ou permitem anúncios vinculados aos vídeos. A prática se sustenta na lógica de volume: donos de dark channels usam automação para baixar, editar minimamente e repostar centenas de vídeos por semana.
Em geral, não há esforço para criar uma identidade ou interagir de forma autêntica com o público — é conteúdo em massa, pensado apenas para capturar tráfego fácil. Esses canais muitas vezes operam no anonimato. Seus administradores raramente aparecem em vídeo ou revelam quem são.
Em vez disso, investem em estratégias como clickbait, títulos chamativos e thumbnails apelativos para atrair visualizações. Em alguns casos, nem sequer há edição real: o vídeo original é repostado inteiro, com no máximo uma marca d’água ou um pequeno corte para enganar sistemas de detecção.
A prática não é nova, mas vem se expandindo com a popularização de ferramentas de inteligência artificial. É cada vez mais fácil gerar vídeos ou textos de forma automatizada, misturando trechos de conteúdos já existentes ou criando versões levemente modificadas para driblar bloqueios. Esse fenômeno vem sendo chamado de AI slop, numa referência à avalanche de material de baixa qualidade, pouco criativo e feito apenas para encher feeds e ganhar dinheiro com anúncios.
Por isso, plataformas como Meta e YouTube estão intensificando o combate a esses esquemas. A ideia é impedir que perfis que não produzem conteúdo original — ou que simplesmente copiam criadores menores sem autorização — ganhem dinheiro e dominem o algoritmo.
A Meta anunciou na segunda-feira, 14, que tomará novas medidas para combater contas que compartilham conteúdo "não original" no Facebook. Somente neste ano, a empresa já removeu cerca de 10 milhões de perfis que estavam se passando por grandes criadores de conteúdo.
Além disso, a Meta agiu contra 500 mil contas envolvidas em "comportamento de spam ou engajamento falso", incluindo ações como rebaixar os comentários dessas contas e reduzir a distribuição de seu conteúdo, impedindo sua monetização.
Essa atualização ocorre poucos dias após o YouTube anunciar mudanças em sua política sobre conteúdo não original, incluindo vídeos massivamente produzidos e repetitivos, um tipo de produção facilitada por ferramentas de inteligência artificial.
Usuários que interagem com o conteúdo de outros, como em vídeos de reação (os “reacts”) ou participação em tendências, não serão penalizados. O foco da Meta é o conteúdo repostado, especialmente em contas de spam ou aquelas que se passam por criadores originais.
Contas que abusarem desse sistema, reutilizando conteúdo de outros de forma constante, perderão o acesso aos programas de monetização do Facebook por um período e verão a distribuição de seus posts reduzida. A Meta também afirmou que está testando um sistema que adiciona links nos vídeos duplicados, direcionando os espectadores ao conteúdo original.