Redação Exame
Publicado em 16 de maio de 2025 às 17h21.
Última atualização em 16 de maio de 2025 às 17h22.
A OpenAI, criadora do ChatGPT, deve ser uma das principais locatárias de um novo campus de data center de 5 gigawatts em Abu Dhabi, que pode se tornar um dos maiores do mundo. A informação foi antecipada por fontes com conhecimento das negociações, que ainda não foram tornadas públicas.
O complexo, que ocupará cerca de 26 km², consumirá energia equivalente a cinco reatores nucleares e fará parte da iniciativa Stargate — programa global da OpenAI para impulsionar sua infraestrutura de inteligência artificial. Apesar de ainda não confirmado oficialmente, o anúncio do envolvimento da empresa pode acontecer nas próximas semanas.
A G42, companhia de Abu Dhabi com histórico de parcerias com a China, será responsável pela construção do centro em colaboração com empresas norte-americanas não identificadas. O projeto também pode contar com participação da MGX, veículo de investimentos dos Emirados Árabes Unidos, que foi um dos investidores da OpenAI na rodada de US$ 6,6 bilhões em 2023. Representantes da OpenAI, G42, MGX e do Departamento de Comércio dos EUA não comentaram.
A iniciativa nos Emirados faz parte de um movimento mais amplo da OpenAI de internacionalizar seus ativos de computação e infraestrutura para IA. Em janeiro, a empresa lançou o projeto Stargate com a SoftBank e a Oracle, prevendo aportes de até US$ 500 bilhões em instalações nos Estados Unidos. O primeiro centro norte-americano, no entanto, deve ter capacidade inicial de 1,2 GW — bem abaixo do projeto anunciado em Abu Dhabi.
A construção do centro nos Emirados ocorre no contexto de um acordo bilateral para ampliar a cooperação em IA entre EUA e EAU. Parte desse pacto pode incluir a venda de mais de um milhão de chips da Nvidia para o país do Golfo, uma movimentação vista como tentativa de impedir o avanço chinês em mercados estratégicos.
O acordo foi discutido durante a visita do presidente Donald Trump à região, onde buscou fomentar acordos comerciais ligados a tecnologia e inteligência artificial. Ainda assim, integrantes do governo americano demonstram preocupação com a externalização da infraestrutura crítica de IA dos EUA e os riscos de segurança nacional associados ao envio de semicondutores avançados para países com laços relevantes com a China.
Desde 2023, a OpenAI mantém uma relação com a G42, o que indica uma estratégia consolidada no Oriente Médio. Ao ajudar a estruturar um hub de computação de escala inédita fora do território americano, a empresa reforça sua meta de liderar o setor de IA, ainda que com escolhas que abrem flancos no debate sobre soberania tecnológica e segurança.