Inteligência Artificial

OpenAI sob pressão: reestruturação bilionária vira alvo de investigação na Califórnia

Filantropos, sindicatos e rivais como a Meta pressionam autoridades a barrar a conversão da startup em empresa com fins lucrativos

Sam Altman, CEO da OpenAI: empresa foi criada em 2015 como organização sem fins lucrativos

Sam Altman, CEO da OpenAI: empresa foi criada em 2015 como organização sem fins lucrativos

Publicado em 9 de setembro de 2025 às 10h35.

A OpenAI, considerada a startup mais valiosa do mundo, enfrenta crescente pressão política e regulatória nos Estados Unidos em sua tentativa de se transformar em uma empresa com fins lucrativos.

Segundo o Wall Street Journal, executivos discutiram a possibilidade de deixar a Califórnia caso o processo de reestruturação seja dificultado pelo procurador-geral do estado. Ao jornal, um porta-voz disse que a empresa não tem planos de deixar o estado.

Investigações e resistência

Os procuradores-gerais da Califórnia e de Delaware investigam se o plano da companhia viola leis de entidades beneficentes. Eles podem processar a OpenAI ou impor um acordo financeiro como condição para aprovar a mudança.

Grupos filantrópicos, organizações sem fins lucrativos e sindicatos também se mobilizaram contra a reestruturação da empresa, alegando que os ativos deveriam ser preservados em prol do interesse público.

Entre os opositores está a Federação de Sindicatos da Califórnia, cuja presidente, Lorena Gonzalez, afirmou que a startup se beneficiou do status de entidade sem fins lucrativos e agora busca lucrar sem devolver recursos à sociedade.

Um grupo de mais de 60 organizações, liderado pela San Francisco Foundation, também pediu investigação sobre possível violação do status de isenção fiscal federal da OpenAI.

Estrutura contestada

Fundada em 2015 como organização sem fins lucrativos, a OpenAI criou uma subsidiária com fins lucrativos para captar investimentos de peso, como os da Microsoft e de fundos de venture capital. Esse modelo, que não emitia ações tradicionais e era controlado pela entidade original, gerou insatisfação entre investidores, que receberam apenas participações limitadas nos lucros.

No fim de 2024, a empresa anunciou a conversão da subsidiária em uma corporação independente, movimento que desencadeou a investigação na Califórnia. A decisão de manter o controle da entidade sem fins lucrativos sobre a nova companhia, anunciada em maio, foi uma concessão da OpenAI após resistência crescente.

Impasse bilionário

Os investidores condicionaram cerca de US$ 19 bilhões em aportes — quase metade do total captado no último ano à entrega de ações na futura empresa com fins lucrativos.

Sem a reestruturação, esses recursos podem ser retirados, ameaçando planos de expansão, como a construção de data centers e o desenvolvimento de chips próprios. O fracasso da conversão também ameaça uma eventual oferta pública de ações (IPO).

Enquanto busca aprovação, a empresa enfrenta outros desafios: perdas bilionárias anuais, disputa por talentos em meio à concorrência de rivais e tentativas de reduzir a influência da Microsoft sobre o negócio.

Pressão sobre segurança

Em carta enviada à OpenAI, os procuradores-gerais da Califórnia e de Delaware manifestaram preocupação com segurança de IA à luz de novos relatos de suicídios de pessoas com interações prolongadas com o ChatGPT.

Eles disseram que as mortes abalaram a confiança pública e exigiram garantias de que a missão beneficente da startup será respeitada.

A empresa afirmou que trabalha em mecanismos de controle parental e em ajustes para reduzir problemas de “sintonia excessiva” de seus sistemas de IA. Bret Taylor, presidente do conselho da OpenAI, declarou que a companhia está “totalmente comprometida” em responder às preocupações das autoridades.

Apoio político

Para ganhar respaldo na Califórnia, a OpenAI contratou assessores próximos ao governador Gavin Newsom, como a ex-senadora Laphonza Butler. A empresa também promoveu encontros com organizações da sociedade civil e prometeu destinar US$ 50 milhões a entidades comunitárias e sem fins lucrativos.

Apesar disso, a pressão não arrefeceu. A Meta já defendeu publicamente que o procurador-geral da Califórnia bloqueie a conversão.

O bilionário Elon Musk, cofundador da OpenAI, entrou com ação judicial por meio de sua startup xAI para barrar a reestruturação, alegando desvio da missão original. O processo deve ir a julgamento no próximo ano.

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