Inteligência Artificial

Oracle perde US$ 250 bilhões em um mês após aposta total em IA

Queda de 30% nas ações expõe receios do mercado com dívida crescente, fluxo de caixa negativo e dependência do contrato com a OpenAI

Gastos com infraestrutura para IA podem chegar à casa das centenas de bilhões de dólares nos próximos anos  (Cheng Xin/Getty Images)

Gastos com infraestrutura para IA podem chegar à casa das centenas de bilhões de dólares nos próximos anos (Cheng Xin/Getty Images)

Publicado em 14 de novembro de 2025 às 10h19.

Última atualização em 14 de novembro de 2025 às 10h22.

A Oracle viu seu valor de mercado encolher em mais de US$ 250 bilhões após uma queda de quase 30% em suas ações no último mês. O recuo ocorreu poucas semanas após a companhia ter subido 40% em um único pregão, em 10 de setembro, quando ganhou US$ 200 bilhões em valor de mercado após o anúncio da expansão de seus contratos de infraestrutura em nuvem, impulsionada, principalmente, por um acordo com a OpenAI.

Esse movimento de retração foi desencadeado como resposta negativa do mercado à estratégia da companhia de acelerar investimentos em infraestrutura para inteligência artificial. Os gastos da Oracle podem chegar à casa das centenas de bilhões de dólares nos próximos anos, especialmente para atender ao contrato com a desenvolvedora do ChatGPT.

Sediada no Texas, a Oracle anunciou que suas parcerias com a OpenAI devem gerar até US$ 300 bilhões em receitas entre 2027 e 2032. No entanto, o volume e a velocidade dos investimentos,  voltados à construção de data centers e compra de chips, geraram desconfiança em Wall Street.

A Oracle é hoje o único dos cinco grandes hyperscalers com fluxo de caixa negativo. O termo em inglês se refere às empresas como Amazon, Google, Microsoft e Meta, além da própria Oracle, que estão construindo grandes estruturas de data centers, muitas delas dedicadas à IA. Por causa disso, a empresa fundada por Larry Ellison está cada vez mais dependente de financiamento via dívida.

Segundo o JPMorgan, sua alavancagem saltou para 500%, frente a 50% da Amazon e 30% da Microsoft. A dívida de longo prazo já chega a US$ 96 bilhões e pode alcançar US$ 290 bilhões até 2028, de acordo com o Morgan Stanley.

Nesse cenário, o Barclays rebaixou a classificação da dívida da Oracle para underweight e a Moody’s destacou o risco de concentração, já que um terço das receitas da companhia pode vir de um único cliente até 2028 – a própria OpenAI.

Há, ainda, um agravante: a criadora do ChatGPT só deve se tornar lucrativa em 2030, gerando dúvidas sobre sua capacidade de cumprir contratos superiores a US$ 1 trilhão para acesso a chips e capacidade computacional.

Dependência e desequilíbrio financeiro

Além da dívida, analistas chamam atenção para o descompasso entre os contratos de longo prazo de arrendamento de data centers, que somam US$ 100 bilhões fora do balanço, e os acordos com a OpenAI, que têm prazo menor e receita futura incerta. Parte dessas instalações sequer começou a ser construída.

Internamente, o cenário de aposta total em IA levou também à saída da CEO Safra Catz, substituída por Clay Magouyrk e Mike Sicilia. Catz, que agora integra o conselho como vice-presidente, vendeu US$ 2,5 bilhões em ações da Oracle neste ano – no entanto, ela já havia anunciado esses planos no final de 2024.

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