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Publicado em 9 de outubro de 2025 às 05h01.
Última atualização em 9 de outubro de 2025 às 10h31.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro semestre de 2025 foi quase inteiramente sustentado por investimentos em data centers e tecnologia de processamento de informação. Sem esses aportes, a expansão anualizada teria sido de apenas 0,1%, segundo análise do economista Jason Furman, da Universidade de Harvard.
Apesar de representarem somente 4% do PIB, os investimentos em equipamentos e softwares de processamento responderam por 92% do crescimento econômico norte-americano no período. O dado destaca o peso crescente da infraestrutura tecnológica em meio à desaceleração de outros setores da economia.
Essa tendência já vinha sendo observada por analistas. Em agosto, a Renaissance Macro, por exemplo, estimou que os gastos com infraestrutura de inteligência artificial haviam ultrapassado – pela primeira vez na história — o impacto do consumo das famílias no PIB. Isso é significativo, considerando que o consumo representa cerca de dois terços da economia dos EUA.
Grandes empresas de tecnologia, como Amazon, Google, Meta, Microsoft e Nvida, vêm injetando dezenas de bilhões de dólares em data centers para dar conta da demanda por modelos de linguagem e IA generativa.
Segundo Lisa Shallet, chefe de investimentos do Morgan Stanley, as despesas de capital das chamadas hyperscalers — gigantes que operam infraestrutura tecnológica em larga escala — já se aproxima de US$ 400 bilhões anuais, com os dez maiores gastadores respondendo por um terço desse montante.
Estima-se que, até o final da década, o investimento global em data centers atinja a cifra de US$ 3 trilhões.
Nesse contexto, analistas alertam que a chamada economia real pode estar sendo mascarada por efeitos estatísticos e pela concentração em poucos setores. A sustentabilidade de uma economia baseada em data centers e mega investimentos em tecnologia ainda é incerta — sobretudo diante de temores de uma bolha e do novo governo de Donald Trump.