Inteligência Artificial

Por que o governo Trump quer investir na Intel?

EUA avaliam participação na fabricante de chips, que sofre com perdas bilionárias, em meio a tensões com a China e esforços para fortalecer a indústria doméstica de semicondutores

Mercado reagiu positivamente ao interesse do governo dos EUA, com ações subindo 7,4% e capitalização chegando a US$ 104,4 bilhões (David Becker / Colaborador/Getty Images)

Mercado reagiu positivamente ao interesse do governo dos EUA, com ações subindo 7,4% e capitalização chegando a US$ 104,4 bilhões (David Becker / Colaborador/Getty Images)

Publicado em 18 de agosto de 2025 às 10h31.

Passando por dificuldades nos últimos anos, a Intel se tornou o mais recente alvo do governo Donald Trump. Acumulando perdas bilionárias e passando por uma grande reestruturação das operações, as ações da fabricante de chips saltaram 7,4%, com seu valor de mercado subindo para US$ 104,4 bilhões, após notícias de que a administração federal poderia adquirir participação na empresa.

Embora o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, tenha classificado a informação como “especulação” sobre um “acordo hipotético”, o movimento está ligado às crescentes tensões com a China e reforçaria a estratégia de fortalecer a indústria doméstica de semicondutores.

Segundo a Bloomberg, os recursos de um eventual investimento federal seriam destinados ao desenvolvimento da infraestrutura fabril e ao reforço das finanças da Intel, que tem reduzido pessoal como parte de seu plano de corte de custos. O mercado reagiu positivamente, interpretando que o apoio estatal poderia estabilizar a empresa e impulsionar investimentos em fábricas nos EUA, como o hub de Ohio.

Para a administração Trump, a Intel é um ativo estratégico em um setor crítico. Chips avançados são essenciais para tecnologias militares, inteligência artificial e infraestrutura digital. Por isso, garantir a produção doméstica ajuda a reduzir vulnerabilidades diante de interrupções na cadeia global e da concorrência chinesa, além de facilitar a execução da política industrial norte-americana.

Intervenção em negócios privados estratégicos

Uma participação na Intel representaria a mais recente tentativa da administração Trump de intervir em setores privados estratégicos. O presidente já ameaçou impor tarifas de até 100% sobre semicondutores e chips importados, medida que beneficiaria a Intel por ser uma fabricante sediada nos EUA.

Na semana passada, empresas como Nvidia e AMD fecharam um acordo para repassar ao governo dos Estados Unidos 15% das receitas obtidas com a venda de chips de IA para a China.

Ao mesmo tempo, o interesse do governo marca também uma mudança em relação à retórica recente de Trump contra a liderança da Intel. Apesar de ter exigido publicamente a renúncia do CEO Lip-Bu Tan, acusando-o de conflitos de interesse, a potencial intervenção demonstra que a prioridade é proteger a produção doméstica de semicondutores e posicionar o país na disputa com a China.

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