A OpenAI, criadora do ChatGPT, gerou cerca de US$ 4,3 bilhões em receita no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 16% em relação a todo o ano anterior, quando a empresa registrou receita de US$ 3,7 bilhões.
Segundo o site The Information, a empresa teve gastos de US$ 2,5 bilhões no período, com grande parte dos custos concentrados em atividades de pesquisa e desenvolvimento voltadas à operação e aprimoramento de seus sistemas de inteligência artificial.
A OpenAI também teria informado aos acionistas que pretende atingir US$ 13 bilhões em receita anual e US$ 8,5 bilhões em queima de caixa, ainda segundo o site. No final do primeiro semestre, a companhia mantinha cerca de US$ 17,5 bilhões em dinheiro e títulos.
Empresa mira valuation de meio trilhão de dólares
Em agosto, a Reuters revelou que a OpenAI discutia uma possível rodada secundária de venda de ações, com a qual permitiria que funcionários realizassem a venda de participações.
A expectativa é que a empresa seja avaliada em aproximadamente US$ 500 bilhões.
Queima de caixa preocupa
Em relatório publicado em julho, analistas do JPMorgan destacaram que a OpenAI pode consumir até US$ 46 bilhões nos próximos quatro anos, diante da crescente competição por talentos e investimentos em pesquisa e novos produtos.
Apesar dos gastos elevados, a instituição considera esse nível de queima de caixa como "sustentável", já que a OpenAI captou US$ 57 bilhões desde 2022. Ainda assim, a rentabilidade não é esperada antes de 2029, o que poderá testar a paciência dos investidores diante do que o banco chamou de vibe spending — ou gastos impulsionados mais por otimismo do que por retorno financeiro imediato.
Vem aí o IPO?
Wall Street aposta que a OpenAI pode ser a primeira empresa a fazer uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) avaliada na casa do US$ 1 trilhão.
A companhia, que é privada, está atualmente avaliada em US$ 324 bilhões, segundo os dados mais recentes da fintech Forge Global. Agora, a empresa liderada por Sam Altman pode estar prestes a desbravar um novo horizonte além do Vale do Silício. E, dessa vez, o destino pode ser Wall Street.
A recente parceria estratégica com a Nvidia, que anunciou investir até US$ 100 bilhões em infraestrutura de IA, coloca ainda mais força sobre uma possível entrada no mercado de ações, com analistas acreditando que o IPO pode ultrapassar a marca do trilhão de dólares.
Para Sarah Friar, CFO da OpenAI, o crescimento da empresa deve continuar no médio prazo, com apostas de uma alta de receita três vezes maior em 2025, alcançando aproximadamente US$ 13 bilhões, em comparação com os US$ 4 bilhões do ano passado. Segundo ela, a empresa passa por um "ritmo extraordinário" e irá iniciar uma nova era para a inteligência artificial.
Dan Dees, co-chefe do Goldman Sachs Global Banking & Markets, acredita que a infraestrutura necessária para sustentar o crescimento da IA precisa ser desenvolvida rapidamente. Para ele, é importante priorizar investimento em data centers e a formação de pessoal para lidar com a demanda crescente.
Para Dan Ives, analista da Wedbush, Altman é visto como o "filho pródigo" da revolução da IA, além de ser "a chave para o sucesso da OpenAI e do ChatGPT". Segundo ele, em entrevista à CNBC, as empresas de IA apenas começaram a revelar seu potencial investidores subestimam o impacto delas.
"Nos próximos dois ou três anos teremos um mercado de alta em tecnologia, e acho que a revolução da IA, o impacto real no médio e longo prazo, está sendo subestimado", disse Ives.
Um dos bancos que poderiam fazer parte de um provável IPO da OpenAI é o Goldman Sachs. Segundo informações do Business Insider de outubro do ano passado, o banco estaria envolvido no processo de avaliação e reestruturação corporativa da OpenAI e deve ajudar a preparar a empresa.
Brad Gerstner, da Altimeter Capital, por sua vez, destacou a importância de tornar o IPO da OpenAI acessível a investidores de varejo para que um número maior de pessoas participe dos ganhos gerados pela IA — um passo vital diante das profundas transformações sociais provocadas pela tecnologia.
O Morgan Stanley também está confiante na estreia da OpenAI no mercado de ações. Andy Saperstein, co-presidente do banco, afirmou que a empresa revoluciona a forma como o setor financeiro utiliza tecnologias de IA.
Para ele, a tecnologia está proporcionando um valor diferenciado para gestores de ativos, tanto públicos quanto privados, e para corporações, "elevando a proposta de valor do banco a um nível sem precedentes em seus 34 anos de história".
O Deutsche Bank estimou que a valorização da OpenAI poderá atingir US$ 500 bilhões em uma eventual venda secundária de ações de funcionários, mas advertiu que o modelo de expansão da IA enfrentará pressão com a aproximação dos concorrentes, o que torna sua vantagem competitiva mais frágil.
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