Inteligência Artificial

Sanções dos EUA impulsionam Cambricon e levam fortuna do fundador a US$ 22,5 bi

Com salto de 765% nas ações em 24 meses e apoio estatal, Chen Tianshi se torna o terceiro bilionário mais rico do mundo com menos de 40 anos

Receita da Cambricon saltou 500% no último ano (VCG/Getty Images)

Receita da Cambricon saltou 500% no último ano (VCG/Getty Images)

Publicado em 17 de novembro de 2025 às 09h51.

As sanções dos Estados Unidos contra a China, adotadas desde pelo menos o primeiro governo Donald Trump (2017-2021) para conter o avanço da tecnologia local, tiveram um efeito colateral estratégico: criaram um vácuo de fornecimento de chips que impulsionou a Cambricon e transformaram seu fundador, Chen Tianshi, em um dos bilionários mais ricos e jovens do planeta.

Nos últimos 24 meses, a empresa de semicondutores focada em inteligência artificial viu suas ações dispararem mais de 765%, turbinadas pelo apoio do governo chinês e pela escalada da demanda interna.

A guinada ocorreu mesmo após a saída da Huawei (maior cliente da Cambricon até 2019, responsável por mais de 95% da receita e que decidiu apostar em tecnologias próprias) e apesar das sanções impostas pelo Departamento de Comércio dos EUA desde 2022, por suposto apoio à modernização militar chinesa.

Com a manutenção dos embargos norte-americanos às vendas de chips da Nvidia e da AMD, Pequim reagiu ordenando que empresas locais desenvolvessem ou comprassem soluções nacionais, o que beneficiou diretamente a Cambricon e também a própria Huawei.

Nessa conjuntura, a receita da empresa saltou 500% no último ano. Isso apesar das restrições externas e da concorrência na produção de chips com gigantes locais, como Huawei, Alibaba e Baidu. Todas essas últimas também favorecidas pelo avanço das políticas industriais voltadas à autossuficiência tecnológica.

Ainda é cedo para determinar se a Cambricon (ou qualquer outra empresa chinesa) conseguirá se tornar a “Nvidia local” ou se sua avaliação, estimada em US$ 80 bilhões em agosto deste ano, está inflada pelo apoio governamental. No entanto, ela registra lucro desde o trimestre encerrado em dezembro de 2024 e segue em expansão.

3º mais rico com 40 anos ou menos

Nesse cenário, com 28% de participação na companhia, Chen acumula hoje US$ 22,5 bilhões em patrimônio, segundo o Bloomberg Billionaires Index, mais que dobrando sua fortuna em relação ao início de 2025. Assim, já é o terceiro mais rico do mundo com 40 anos ou menos, atrás apenas de Lukas Walton e Mark Mateschitz, herdeiros do Walmart e da Red Bull, respectivamente.

Chen, com PhD em ciência da computação pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China, criou a Cambricon ao lado do irmão mais velho, Chen Yunji, em 2016. Ambos atuaram em projetos de pesquisa financiados pela Academia Chinesa de Ciências, base do projeto original da empresa.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialChipsChinaBilionários

Mais de Inteligência Artificial

De volta ao jogo: Bezos vira CEO de startup de IA com US$ 6,2 bi no caixa

Google adiciona pesquisa profunda ao NotebookLM e amplia suporte a arquivos

Cursor, de IA para programação, capta US$ 2,3 bi e agora vale US$ 29 bi

Oracle perde US$ 250 bilhões em um mês após aposta total em IA