Repórter
Publicado em 12 de maio de 2025 às 11h53.
Última atualização em 12 de maio de 2025 às 13h08.
Conhecida como Dead Internet Theory, ou teoria da internet morta, a ideia surgiu nos anos 2010 e sustenta que a maior parte do conteúdo visto atualmente online já não é mais criada por pessoas reais.
Em vez disso, o que domina redes sociais, buscadores e sites seria um fluxo crescente de conteúdo gerado por IA — algo que até pouco tempo parecia ficção, mas que hoje soa, para muitos, como plausível.
A parte mais conspiratória do argumento, que sugere que governos e grandes corporações coordenaram intencionalmente essa substituição para controlar a opinião pública, continua improvável. Manter uma operação dessas em segredo envolveria milhares de pessoas e uma logística global difícil de sustentar sem vazamentos.
No entanto, o núcleo da teoria — a substituição gradual de conteúdo humano por material sintético — já é perceptível.
Desde o lançamento do ChatGPT, no fim de 2022, o uso de modelos de linguagem e geradores de imagem explodiu. Textos, vídeos, narrativas, imagens e até perfis inteiros nas redes passaram a ser produzidos por ferramentas automatizadas.
A situação se intensificou em plataformas como o TikTok, onde, segundo usuários, um em cada três vídeos já exibe sinais de ter sido inteiramente gerado por IA — da narração ao roteiro e às imagens.
No Facebook, a situação é similar: é possível encontrar conteúdos como o "Shrimp Jesus", montagem bizarra que viralizou e se tornou símbolo da era dos algoritmos que reproduzem e amplificam qualquer coisa visualmente impactante, seja verídica ou não.
Outro marco foi a leva de memes "brain rot" com personagens como Tung Tung Sahur e Cappuccina Ballerina que apesar terem origem lúdica no humor e estranhamento gerado pelas imagens criadas por IA, indicam que o próprio ruído estético criado por chatbots já tomam espaço no que antes era pensado coletivamente entre e somente humanos.
Personagem "braing rot" Tung Tung Sahur: associado a vídeos virais com danças exageradas, movimentos repetitivos ou edições absurdas.
Especialistas apontam que o excesso de conteúdo artificial reduz a diversidade criativa e obscurece produções originais. Também dificulta a verificação de fatos e a construção de confiança em fontes legítimas.
Embora ainda distante de um "colapso" da internet, como preveem os defensores mais radicais da teoria, o avanço das tecnologias de geração de conteúdo já está mudando de forma concreta a maneira como usuários interagem com a rede e consomem informação. A internet pode não estar morta, mas parece cada vez menos humana.