Inteligência Artificial

Teoria da "internet morta" ganha nova força com avalanche de conteúdos gerados por IA

Ideia antes marginal agora encontra eco na proliferação de textos, imagens e vídeos criados por inteligência artificial

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 12 de maio de 2025 às 11h53.

Última atualização em 12 de maio de 2025 às 13h08.

Uma teoria popular em fóruns conspiratórios há quase uma década ganhou novos contornos em 2024: a de que a internet estaria "morta", substituindo aos poucos os conteúdos humanos por produções feitas por inteligência artificial.

Conhecida como Dead Internet Theory, ou teoria da internet morta, a ideia surgiu nos anos 2010 e sustenta que a maior parte do conteúdo visto atualmente online já não é mais criada por pessoas reais.

Em vez disso, o que domina redes sociais, buscadores e sites seria um fluxo crescente de conteúdo gerado por IA — algo que até pouco tempo parecia ficção, mas que hoje soa, para muitos, como plausível.

A parte mais conspiratória do argumento, que sugere que governos e grandes corporações coordenaram intencionalmente essa substituição para controlar a opinião pública, continua improvável. Manter uma operação dessas em segredo envolveria milhares de pessoas e uma logística global difícil de sustentar sem vazamentos.

No entanto, o núcleo da teoria — a substituição gradual de conteúdo humano por material sintético — já é perceptível.

Desde o lançamento do ChatGPT, no fim de 2022, o uso de modelos de linguagem e geradores de imagem explodiu. Textos, vídeos, narrativas, imagens e até perfis inteiros nas redes passaram a ser produzidos por ferramentas automatizadas.

TikTok, Facebook e o novo mar de conteúdo artificial

A situação se intensificou em plataformas como o TikTok, onde, segundo usuários, um em cada três vídeos já exibe sinais de ter sido inteiramente gerado por IA — da narração ao roteiro e às imagens.

No Facebook, a situação é similar: é possível encontrar conteúdos como o "Shrimp Jesus", montagem bizarra que viralizou e se tornou símbolo da era dos algoritmos que reproduzem e amplificam qualquer coisa visualmente impactante, seja verídica ou não.

Outro marco foi a leva de memes "brain rot" com personagens como Tung Tung Sahur e Cappuccina Ballerina que apesar terem origem lúdica no humor e estranhamento gerado pelas imagens criadas por IA, indicam que o próprio ruído estético criado por chatbots já tomam espaço no que antes era pensado coletivamente entre e somente humanos.

Personagem "braing rot" Tung Tung Sahur: associado a vídeos virais com danças exageradas, movimentos repetitivos ou edições absurdas.

Especialistas apontam que o excesso de conteúdo artificial reduz a diversidade criativa e obscurece produções originais. Também dificulta a verificação de fatos e a construção de confiança em fontes legítimas.

Embora ainda distante de um "colapso" da internet, como preveem os defensores mais radicais da teoria, o avanço das tecnologias de geração de conteúdo já está mudando de forma concreta a maneira como usuários interagem com a rede e consomem informação. A internet pode não estar morta, mas parece cada vez menos humana.

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