Studio Ghibli: animações como "Chihiro" se tornaram prompt do ChatGPT (Studio Ghibli/Reprodução)
Repórter
Publicado em 8 de abril de 2025 às 06h27.
A recente liberação da ferramenta de geração de imagens da OpenAI gerou um fenômeno viral, com memes e criações no estilo Studio Ghibli, mas também levantou preocupações sobre os direitos autorais e o futuro da arte tradicional.
Mas, para Sam Altman, CEO da OpenAI, a revolução da arte gerada por inteligência artificial é uma "vitória" para a sociedade, mesmo diante da controvérsia.
Em entrevista publicada no último domingo no YouTube pelo criador de conteúdo Varun Mayya, Altman discutiu o impacto da IA na criatividade e na arte.
Mayya questionou Altman sobre a rejeição da animação gerada por IA por Hayao Miyazaki, o aclamado diretor do Studio Ghibli, que em 2016 expressou forte oposição ao que considerava um "insulto à própria vida".
No entanto, Altman defendeu a tecnologia, afirmando que a "troca é valida", já que a IA permitiu uma democratização da criação artística, tornando-a acessível a mais pessoas.
Altman comparou a situação atual com a de 30 anos atrás, quando a criação e distribuição de arte exigiam equipamentos caros como câmeras de vídeo e fitas VHS, além de técnicas de edição complicadas e meios de distribuição limitados, como canais de televisão ou cinemas.
Hoje, com um smartphone e uma ideia, qualquer pessoa pode criar e compartilhar algo significativo com o mundo. Ele enfatizou: "Se a pessoa tem algo interessante para dizer, ela consegue, e o mundo se beneficia disso".
Apesar das críticas à mudança na natureza da arte, Altman acredita que o aumento do acesso à criatividade é, no geral, positivo para a sociedade, mesmo que a transição não seja perfeita. "Dar mais ferramentas a todos, facilitar as coisas, reduzir as barreiras de entrada... aumenta significativamente o número de pessoas que podem contribuir para a sociedade", afirmou. "E todos nós nos beneficiamos disso."
As declarações de Altman acontecem poucas semanas após a OpenAI lançar sua ferramenta de geração de imagens, que permite transformar fotos cotidianas em ilustrações no estilo do famoso Studio Ghibli. A ferramenta rapidamente se tornou viral, gerando versões "Ghiblificadas" de gatos, retratos familiares e até eventos históricos, como o 11 de setembro e o assassinato de JFK.
Altman até postou uma versão Ghibli de si mesmo em suas redes sociais e brincou no X (antigo Twitter) que os servidores da OpenAI estavam "derretendo" devido à alta demanda.
prompt: sam altman as a cricket player in anime style pic.twitter.com/kgflS6dT6o
— Sam Altman (@sama) April 2, 2025
Contudo, a onda de popularidade logo atraiu críticas. Muitos acusaram a OpenAI de "copiar" o estilo de Ghibli, e especialistas em direitos autorais informaram ao Business Insider que, embora o estilo artístico em si não seja protegido por direitos autorais, obras específicas e personagens criados por estúdios como o Ghibli sim o são. Como resposta, a OpenAI começou a limitar os prompts no estilo Ghibli e restringir o acesso gratuito à ferramenta.
Em uma declaração anterior, um porta-voz da OpenAI explicou que suas políticas permitem a geração de imagens no estilo de estúdios amplos, mas não no estilo de artistas vivos.