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Como funciona o mercado de opções e quais estratégias podem ser utilizadas?

Operações com derivativos permitem lucro com a oscilação de preços e exigem gestão ativa de risco

Investidores utilizam o mercado de opções para proteger posições ou alavancar ganhos com ações. (insta_photos/Getty Images)

Investidores utilizam o mercado de opções para proteger posições ou alavancar ganhos com ações. (insta_photos/Getty Images)

Publicado em 31 de março de 2025 às 18h13.

O mercado de opções permite que investidores negociem o direito de comprar ou vender um ativo em uma data futura, a um preço previamente estabelecido. Essas negociações ocorrem na B3, a bolsa brasileira, e são estruturadas a partir de contratos que envolvem riscos e estratégias específicas.

Diferente da compra direta de ações, as opções são derivativos — instrumentos financeiros que derivam seu valor de outro ativo, como ações, moedas ou índices. Elas podem ser utilizadas para proteção (hedge), especulação ou alavancagem.

Ao investir em opções, o investidor não adquire o ativo em si, mas sim um contrato que lhe garante um direito futuro, mediante o pagamento de um valor chamado prêmio.

Como funciona o mercado de opções?

Para entender melhor o assunto, é preciso saber que as negociações de opções giram em torno de elementos estruturais. Entender esses termos é essencial para interpretar os movimentos de mercado:

  • Ativo-objeto: é o ativo principal sobre o qual a opção é baseada. No Brasil, as opções mais negociadas têm como ativo-objeto ações listadas na B3;

  • Titular: é quem compra a opção. Ele tem o direito, mas não a obrigação, de exercer a compra ou venda do ativo;

  • Lançador: é quem vende a opção. Ele assume a obrigação de vender ou comprar o ativo, caso o titular deseje exercer o direito;

  • Prêmio: é o valor pago pelo titular ao lançador pelo contrato da opção;

  • Call (opção de compra): dá ao titular o direito de comprar o ativo no vencimento, pelo preço acordado;

  • Put (opção de venda): dá ao titular o direito de vender o ativo no vencimento, também por um valor previamente estabelecido;

  • Strike: é o preço de exercício da opção. Se o preço do ativo no mercado for superior ao strike em uma opção de compra, exercer a opção pode ser vantajoso.

Como investir em opções?

Qualquer investidor com conta em uma corretora pode operar opções, mas é necessário autorização para operar na B3 nesse tipo de contrato. O mercado exige conhecimento técnico e entendimento dos riscos envolvidos. As operações são feitas pelo home broker ou plataformas mais avançadas, com recursos de análise gráfica.

Há estratégias que combinam diferentes tipos de opções para limitar perdas e aumentar ganhos potenciais, como o trava de alta, trava de baixa, straddle e strangle.

Para definir qual a melhor para cada situação, a dica é estudar o mercado, conversar com especialistas e analisar  quais objetivos você deseja atingir, por exemplo: caso você esteja mais interessado nesse mercado para proteger sua carteira de ativos, vai operar de um jeito. Já se deseja especular ou alavancar seus investimentos, o formato será diferente.

O que é o vencimento de uma opção?

Antes de investir, é preciso entender também que todas as opções têm uma data de vencimento. No Brasil, geralmente ocorre na terceira segunda-feira de cada mês. Depois desse prazo, as opções perdem validade e não têm mais valor de negociação.

Entenda o código das opções

Cada opção negociada na B3 é identificada por um código específico, usado para localizar o contrato no home broker ou em plataformas de negociação. Este é composto por quatro letras seguidas de um número, que indicam o ativo, o tipo de opção, o mês de vencimento e o preço de exercício aproximado.

É fundamental entender essa estrutura, já que a identificação correta garante que o investidor esteja operando o contrato desejado, evitando erros operacionais que podem gerar prejuízos.

Veja como esse código funciona:

  • As quatro primeiras letras representam o ativo-objeto. Por exemplo, "PETR" indica que a opção está ligada à ação da Petrobras.

  • A quinta letra indica o tipo de opção e o mês de vencimento:

    • Letras de A a L são usadas para opções de compra (call), com os meses indo de A = janeiro a L = dezembro.

    • Letras de M a X identificam opções de venda (put), com os meses indo de M = janeiro a X = dezembro.

  • Os dois últimos números indicam o preço de exercício, ou strike, de forma aproximada, e ajudam a distinguir entre diferentes opções com o mesmo vencimento.

Exemplo prático:

  • PETRC45:

    • "PETR" = Petrobras

    • "C" = opção de compra com vencimento em março

    • "45" = strike aproximado de R$ 45,00

Essa estrutura é padrão e permite que o investidor leia rapidamente qual é o contrato, para que serve e quando vence. É comum que haja dezenas de opções com o mesmo ativo e vencimento, mas preços de exercício diferentes — por isso, entender o código evita confusão entre contratos similares.

Vantagens e riscos de investir em opções

O mercado de opções oferece oportunidades e ferramentas específicas para diferentes perfis de investidor. Conheça os três pilares principais para entender esse tipo de investimento:

1. Hedge

Opções são amplamente utilizadas como instrumento de proteção. Ao comprar uma put (opção de venda), o investidor protege sua carteira contra quedas no preço de uma ação específica.

Essa operação funciona como um seguro: se o papel cair, a opção ganha valor, compensando parte da perda. Investidores institucionais utilizam esse recurso para preservar o valor de grandes posições em ações voláteis.

2. Alavancagem

Outro uso recorrente das opções é a alavancagem, ou seja, a possibilidade de controlar uma posição com menos capital do que seria necessário na compra direta do ativo.

Com um investimento pequeno, é possível obter retornos expressivos se o movimento do mercado for favorável — especialmente em estratégias com calls. No entanto, o mesmo efeito acontece na direção contrária.

3. Risco de perdas

O principal risco está na perda total do prêmio pago. Se o preço do ativo-objeto não atingir o strike dentro do prazo de vencimento, a opção pode expirar sem valor. Ou seja, o investidor pode perder 100% do capital investido na operação, especialmente se não adotar estratégias de proteção ou controle de exposição.

Por isso, embora o mercado de opções ofereça mecanismos sofisticados, ele exige conhecimento técnico, leitura de cenário e monitoramento constante. Sem isso, o investidor pode ser surpreendido por movimentos bruscos e prazos curtos, típicos desse tipo de derivativo.

Estratégias para operar: conheça 4 principais

Além da compra direta de calls e puts, investidores experientes usam combinações de opções para montar estratégias mais sofisticadas. Essas operações buscam lucrar com a direção, a volatilidade ou a estabilidade dos preços dos ativos. A seguir, quatro das mais utilizadas:

  • Straddle
    O straddle envolve a compra simultânea de uma opção de compra (call) e uma de venda (put) com o mesmo preço de exercício e data de vencimento. A estratégia aposta na alta volatilidade: se o ativo subir ou cair com força, uma das opções compensará a perda da outra e poderá gerar lucro. O risco está no cenário de pouca oscilação, quando ambas as opções podem expirar sem valor.

  • Venda a descoberto com opções
    Consiste em lançar uma opção sem possuir o ativo-objeto, o que expõe o investidor à obrigação de entregar o ativo caso a opção seja exercida. É uma estratégia de renda, mas com risco elevado. Se o mercado se mover contra a posição, o prejuízo pode ser significativo e, em alguns casos, ilimitado.

  • Borboleta (Butterfly)
    A borboleta combina três opções com diferentes strikes, mas mesmo vencimento. É usada quando se espera baixa volatilidade. A montagem envolve a compra de uma opção de call com strike mais baixo, a venda de duas calls no preço intermediário, e a compra de uma call com strike mais alto. O lucro máximo ocorre se o ativo terminar exatamente no preço intermediário.

  • Trava de alta e trava de baixa
    Essas são estratégias de spread, que combinam a compra e a venda de opções do mesmo tipo (call ou put), mas com strikes diferentes.

    • A trava de alta usa calls e busca lucrar com a valorização do ativo, limitando perdas e ganhos.

    • A trava de baixa é montada com puts e aposta na queda do ativo, também com risco e retorno limitados.

Essas estratégias são comuns entre investidores que querem estruturar operações com objetivos claros de risco e retorno, ajustando suas posições às expectativas do mercado

Por que você deve saber disso?

Investir em opções permite ampliar possibilidades de retorno em momentos de incerteza ou consolidação no mercado de ações. Mais do que uma alternativa de especulação, os derivativos são usados por investidores institucionais para fazer proteção de carteira.

Entender o funcionamento do mercado de opções é essencial para quem busca estratégias mais avançadas e deseja se proteger de oscilações repentinas nos preços dos ativos.

Acompanhe tudo sobre:Guia de Investimentos

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