Invest

Como investir em dólar sem abrir conta no exterior: veja as opções disponíveis no Brasil

Conheça fundos, ETFs, BDRs e outras formas de aplicar na moeda americana diretamente por corretoras brasileiras, sem precisar enviar dinheiro para fora

Para quem busca praticidade, os fundos cambiais representam a porta de entrada mais descomplicada ao universo dos investimentos dolarizados. (Lee Jae-Won/Reuters)

Para quem busca praticidade, os fundos cambiais representam a porta de entrada mais descomplicada ao universo dos investimentos dolarizados. (Lee Jae-Won/Reuters)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 22 de agosto de 2025 às 18h16.

A busca por proteção cambial tem crescido entre os investidores brasileiros, que descobrem ser possível investir em dólar sem enfrentar a complexidade de abrir uma conta internacional. O mercado nacional desenvolveu algumas alternativas práticas que eliminam barreiras antes inacessíveis para o pequeno investidor.

Hoje, com apenas R$ 100, qualquer pessoa pode começar a dolarizar parte da carteira usando apenas reais. São produtos negociados na B3 ou disponíveis em corretoras brasileiras, que democratizam o acesso à diversificação internacional sem exigir documentação complexa ou transferências para o exterior.

Por que investir em dólar no Brasil

A razão principal para buscar exposição ao dólar morando no Brasil vai além da especulação cambial. Trata-se de criar uma proteção natural contra as turbulências econômicas locais que, historicamente, afetam os países emergentes com mais intensidade. Quando uma crise política balança Brasília ou uma recessão assombra a economia, ter parte do patrimônio atrelada a ativos internacionais funciona como um amortecedor.

Além disso, o mercado brasileiro representa menos de 3% do PIB mundial, o que significa abrir mão de 97% das oportunidades globais ao concentrar todos os investimentos por aqui. Enquanto a B3 conta com cerca de 500 empresas listadas, só nos Estados Unidos são mais de 6.500 companhias negociadas entre NYSE e Nasdaq.

É possível investir em dólar sem abrir conta no exterior?

Definitivamente, sim, e o mercado financeiro brasileiro desenvolveu diversas alternativas que eliminam burocracias como documentação internacional, declaração de capitais no exterior e a barreira do idioma ao lidar com instituições estrangeiras. Todas as operações acontecem em reais, através da mesma corretora já utilizada para outros investimentos.

Os produtos disponíveis vão desde fundos cambiais simples até instrumentos mais sofisticados, permitindo que cada investidor escolha a opção mais adequada ao seu perfil e objetivos.

Fundos cambiais: o jeito mais simples de investir em dólar

Para quem busca praticidade, os fundos cambiais representam a porta de entrada mais descomplicada ao universo dos investimentos dolarizados, já que mantêm no mínimo 80% do patrimônio em ativos relacionados a moedas estrangeiras. A gestão profissional elimina a necessidade de acompanhar diariamente o mercado de câmbio.

Com aportes iniciais a partir de R$ 500 em muitos casos, esses fundos democratizaram o acesso à proteção cambial, permitindo inclusive diversificação entre diferentes moedas fortes como euro, libra e iene. Entretanto, é fundamental analisar as taxas de administração, que podem variar de menos de 1% a mais de 3% ao ano.

ETFs atrelados ao dólar

Os Exchange Traded Funds representam outra forma prática de ganhar exposição internacional, funcionando como fundos negociados em bolsa que replicam índices estrangeiros. O IVVB11, por exemplo, acompanha o S&P 500 e oferece ao investidor brasileiro acesso às maiores empresas americanas com a vantagem adicional da variação cambial.

A negociação acontece através do home broker, exatamente como uma ação comum, e as taxas de administração costumam ficar abaixo de 0,5% ao ano. Já existem ETFs para diferentes estratégias: mercados emergentes, setores específicos como tecnologia, e até commodities internacionais.

BDRs: investir em empresas estrangeiras usando reais

Com mais de 800 opções disponíveis na B3, os Brazilian Depositary Receipts permitem investir em gigantes como Apple, Microsoft ou Amazon pagando em reais e sem necessidade de conta internacional. Cada BDR representa uma fração ou múltiplas ações da empresa no exterior, com a relação descrita no código do papel.

Apesar da praticidade de poder comprar ações de empresas estrangeiras em reais, vale observar que a liquidez ainda se concentra nos papéis mais conhecidos. Além disso, existem algumas limitações como ausência de direito a voto e possíveis diferenças na distribuição de dividendos.

Fundos internacionais de gestoras brasileiras

Grandes gestoras nacionais criaram fundos internacionais que investem diretamente em ativos no exterior, mas com toda a estrutura e atendimento em português, facilitando o acesso a mercados complexos. Esses fundos podem focar em ações globais, renda fixa internacional ou estratégias mais sofisticadas.

Por outro lado, as taxas tendem a ser mais elevadas, já que incluem tanto a remuneração da gestora local quanto os custos das operações internacionais. Alguns fundos oferecem proteção cambial (hedge), permitindo ao investidor se beneficiar apenas do desempenho dos ativos.

Contratos futuros de dólar: opção para investidores avançados

O mercado de contratos futuros de dólar representa a alternativa mais complexa e definitivamente não é recomendada para iniciantes, pois permite negociar hoje o preço do dólar em data futura com alta alavancagem. Cada contrato representa US$ 50 mil, mas exige margem de garantia de apenas 10% do valor.

Embora empresas utilizem esses contratos para proteção contra variações cambiais, muitos especuladores buscam lucrar com oscilações de curto prazo. Em ambos os casos, é essencial ter conhecimento profundo e acompanhamento constante do mercado.

O que avaliar antes de investir em ativos atrelados ao dólar

A decisão de investir em dólar começa pela definição clara dos objetivos: proteção patrimonial de longo prazo exige estratégias diferentes da especulação cambial de curto prazo. Igualmente importante é avaliar a tolerância pessoal à volatilidade, já que o dólar pode oscilar significativamente.

Os custos também fazem diferença substancial no retorno final, por isso compare taxas de administração, performance, corretagem e impostos entre as alternativas. Um fundo que cobra 3% ao ano precisa de desempenho muito superior para justificar essa taxa em relação a um ETF que cobra 0,3%.

Outro ponto de atenção é a tributação. Fundos cambiais seguem a tabela regressiva do IR (22,5% a 15%). Já os ganhos com ETFs são tributados em 15% sem isenção, enquanto os BDRs seguem a regra das ações: isenção para vendas até R$ 20 mil no mês. Entender essas diferenças é primordial no planejamento tributário.

Por fim, vale a pena investir em dólar como parte de uma estratégia de diversificação, não como aposta única. A dica é começar com valores pequenos e aumentar gradualmente a exposição conforme cresce o conhecimento e o patrimônio.

Acompanhe tudo sobre:Guias de conteúdoGuia de Investimentos

Mais de Invest

Dólar cai quase 1% após discurso de Powell em Jackson Hole

Trump anuncia que os EUA terão 10% de participação na Intel

Fundo bilionário que gere bens para 25% da Suécia é investigado por fraude

Suzano vai cobrar mais caro por celulose: mercado vê alívio de pressões e ação sobe