Invest

Dividendos ou juros semestrais: qual é mais vantajoso?

Entenda a diferença entre dividendos e juros semestrais, saiba quando cada um é pago, quais investimentos oferecem essas opções e descubra qual deles pode fazer mais sentido para o seu perfil de investidor

Juros semestrais são pagamentos fixos que o investidor recebe a cada seis meses quando investe em determinados títulos de renda fixa. (Getty Images/Divulgação)

Juros semestrais são pagamentos fixos que o investidor recebe a cada seis meses quando investe em determinados títulos de renda fixa. (Getty Images/Divulgação)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 14 de setembro de 2025 às 17h30.

Com a Selic em patamares elevados, muitos investidores se veem diante de uma dúvida que pode definir o sucesso da estratégia para a tão sonhada renda passiva. De um lado, ações de empresas sólidas prometem dividendos isentos de imposto. Do outro, títulos de renda fixa oferecem juros semestrais previsíveis e seguros. Mas qual desses caminhos realmente significa mais dinheiro no bolso?

A resposta não é tão simples quanto parece, porque cada tipo de rendimento tem suas próprias regras, vantagens e desvantagens. Para escolher o melhor caminho, é preciso entender como cada um funciona na prática.

O que são dividendos?

Dividendos são parcelas do lucro que as empresas distribuem aos seus acionistas, uma espécie de recompensa por terem investido no negócio. Quando uma empresa de capital aberto tem lucro, ela pode decidir distribuir parte desse dinheiro para quem possui suas ações, geralmente de forma trimestral, semestral ou anual.

No Brasil, boa parte das empresas pagam 25% do lucro líquido aos acionistas, mas a porcentagem pode variar. Os dividendos são totalmente isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que significa que cada real recebido vai direto para o seu bolso, sem desconto algum.

O valor dos dividendos varia conforme o desempenho da empresa. Se ela teve um ano excelente, pode distribuir valores generosos. Se passou por dificuldades, pode pagar menos ou até suspender os pagamentos temporariamente, já que não existe garantia fixa de quanto ou quando você receberá.

O que são juros semestrais?

Juros semestrais são pagamentos fixos que o investidor recebe a cada seis meses quando investe em determinados títulos de renda fixa. É como se você emprestasse dinheiro para alguém (governo ou empresa) e, em vez de receber todos os juros só no final, recebesse parcelas semestrais como forma de remuneração pelo empréstimo.

Diferente dos dividendos, os juros semestrais têm valor e data definidos no momento da compra do título. Se você comprou um Tesouro Prefixado com juros semestrais pagando 12% ao ano, sabe exatamente quanto receberá a cada seis meses, independentemente de como esteja a economia ou o emissor do título.

O lado menos atrativo é que esses juros sofrem tributação de Imposto de Renda seguindo a tabela regressiva, que começa em 22,5% para aplicações de até 180 dias e vai diminuindo até 15% para investimentos acima de dois anos.

Quando cada um é pago?

A frequência de pagamento é uma diferença importante entre os dois tipos de rendimento. Os dividendos não têm data fixa universal, cada empresa define seu próprio calendário de distribuição, que pode ser mensal, trimestral, semestral ou até anual, sempre após a divulgação dos resultados financeiros e aprovação em assembleia.

Já os juros semestrais têm cronograma previsível. Como o próprio nome indica, são pagos exatamente a cada seis meses a partir da data de compra do título ou de uma data base específica.

Que tipos de investimentos pagam dividendos e juros semestrais?

Os investimentos que pagam dividendos são basicamente ações de empresas listadas na bolsa e fundos imobiliários (FIIs). Setores tradicionais como bancos, energia elétrica e telecomunicações costumam ser bons pagadores de dividendos, com empresas estabelecidas que geram lucros consistentes ano após ano.

Para saber qual investimento paga dividendos com mais regularidade, é preciso analisar o histórico de pagamentos da empresa, seu setor de atuação e indicadores como o dividend yield, que mostra quanto a empresa paga em dividendos em relação ao preço da ação.

Já os juros semestrais aparecem principalmente em títulos públicos como o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais e o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais, além de algumas debêntures, CRIs e CRAs. Esses títulos de renda fixa são ideais para quem busca previsibilidade e não quer se preocupar com as oscilações do mercado de ações.

Prós e contras de cada tipo de pagamento

Os dividendos têm como grande vantagem a isenção fiscal e o potencial de crescimento. Além de receber os pagamentos sem desconto de IR, você ainda pode se beneficiar da valorização das ações ao longo do tempo, criando um ganho duplo.

Por outro lado, dividendos trazem incerteza e volatilidade. O valor das ações pode cair, reduzindo seu patrimônio mesmo que os dividendos continuem sendo pagos. Além disso, empresas podem cortar ou suspender dividendos em momentos de crise, deixando o investidor sem a renda esperada.

Já os juros semestrais oferecem previsibilidade total e menor risco, especialmente em títulos públicos. Você sabe exatamente quanto receberá e quando, facilitando o planejamento financeiro. Para investidores conservadores, essa certeza vale mais que potenciais ganhos maiores.

Contudo, a tributação reduz o retorno líquido dos juros semestrais, e títulos prefixados podem perder poder de compra se a inflação disparar. Também não existe potencial de valorização como nas ações, limitando o ganho ao que foi acordado no início.

Qual é melhor para cada tipo de investidor?

Para o investidor conservador que precisa de renda previsível, os juros semestrais são mais adequados. A certeza de receber valores fixos a cada seis meses, mesmo com desconto de IR, oferece a tranquilidade necessária para quem não pode correr riscos com o dinheiro.

Investidores moderados podem combinar os dois tipos de rendimento, criando uma base sólida com títulos que pagam juros semestrais e buscando crescimento adicional com ações boas pagadoras de dividendos. Essa estratégia equilibra segurança e potencial de ganho.

Já o investidor arrojado com horizonte de longo prazo tende a se beneficiar mais dos dividendos, especialmente se reinvestir os valores recebidos comprando mais ações. Com o tempo e a isenção fiscal, o efeito dos juros compostos pode criar um patrimônio considerável.

Por fim, o contexto econômico também importa. Com a Selic em patamares elevados como os atuais, os juros semestrais de títulos públicos ficam muito atrativos. Mas em cenários de juros baixos e economia aquecida, os dividendos de boas empresas podem oferecer retornos superiores. O ideal é adaptar a estratégia conforme o momento e sempre diversificar para não depender de uma única fonte de renda.

Acompanhe tudo sobre:Guias de conteúdoGuia de Investimentos

Mais de Invest

Quanto vale um CEO? Para a Tesla, US$ 1 trilhão (se Musk fizer o impossível)

Semana de juros: o que esperar de Fed, Copom e do 'efeito Oracle' sobre os mercados

Dólar perde espaço e alta no yuan pode beneficiar real