Com disciplina e conhecimento, qualquer investidor pode aplicar esses princípios para construir um futuro financeiro mais sólido e previsível. (Kanok Sulaiman/Getty Images)
Ferramenta de inteligência artificial
Publicado em 10 de junho de 2025 às 15h47.
Imagine que você está em um buffet financeiro, onde precisa escolher os melhores pratos para compor sua refeição de investimentos. A pergunta é: como montar um prato que seja ao mesmo tempo saboroso (rentável) e saudável (seguro)? Foi exatamente essa questão que Harry Markowitz resolveu em 1952, criando uma receita matemática que mudou o mundo dos investimentos.
A Fronteira Eficiente de Markowitz representa um marco na história financeira. Trata-se de uma curva gráfica que mostra as melhores combinações possíveis entre risco e retorno em uma carteira de investimentos. Pense nela como um mapa que indica exatamente onde estão os pontos ótimos para investir.
O conceito funciona como uma balança inteligente. De um lado, temos o retorno esperado dos investimentos; do outro, o risco envolvido. A fronteira mostra todas as carteiras que oferecem o maior retorno possível para cada nível de risco assumido.
A mágica acontece através da diversificação. Markowitz descobriu que o risco total de uma carteira não é simplesmente a soma dos riscos individuais. Quando combinamos ativos que se comportam de maneira diferente, conseguimos reduzir a volatilidade geral sem sacrificar os ganhos.
Vamos supor que você tenha R$ 10 mil para investir. Uma opção seria colocar tudo em ações de uma única empresa de tecnologia. Outra seria dividir entre ações de diferentes setores, títulos do governo e fundos imobiliários. A segunda estratégia, seguindo os princípios da fronteira eficiente, provavelmente ofereceria melhor relação risco-retorno.
Imagine três ativos: ações de bancos, commodities agrícolas e títulos públicos. Quando o mercado financeiro despenca, os títulos públicos tendem a se valorizar. Quando há crise no agronegócio, os bancos podem ter desempenho estável. Essa dança entre diferentes comportamentos é o que torna a diversificação tão poderosa.
O primeiro passo é definir seu universo de investimentos. Selecione entre 5 e 15 ativos de diferentes classes: ações nacionais e internacionais, títulos públicos, fundos imobiliários e commodities. A diversidade é fundamental para que a matemática de Markowitz funcione adequadamente.
Em seguida, colete dados históricos de pelo menos três anos de cada ativo escolhido. Muitas corretoras oferecem essas informações gratuitamente. Calcule o retorno médio mensal e a volatilidade de cada investimento. Ferramentas como Excel ou Google Sheets podem facilitar esse processo.
Para quem prefere uma abordagem mais simples, existem fundos multimercado que já aplicam os conceitos da fronteira eficiente. Esses produtos fazem o trabalho pesado de otimização, permitindo que investidores iniciantes se beneficiem da teoria sem precisar dominar as fórmulas complexas.
A principal vantagem é a otimização matemática das decisões. Em vez de apostar no "achismo", o investidor passa a contar com cálculos precisos. A teoria permite identificar qual combinação de ativos oferece o melhor custo-benefício para cada perfil.
Outro benefício importante é a redução do risco sem abrir mão da rentabilidade. A ferramenta também ajuda na disciplina de investimento.
Com objetivos claros baseados em cálculos, fica mais fácil resistir às tentações do mercado e manter o foco na estratégia de longo prazo.
Apesar de revolucionária, a teoria tem limitações. Ela depende de dados históricos, que nem sempre refletem o comportamento futuro dos mercados. O passado pode ser um bom conselheiro, mas não é um profeta infalível.
A correlação entre ativos também muda com o tempo. Investimentos que pareciam independentes podem passar a se mover juntos durante crises, reduzindo os benefícios da diversificação. É preciso revisar periodicamente as carteiras.