O grande diferencial do alpha está em sua capacidade de isolar o “mérito” da gestão ativa (Freepik)
Publicado em 12 de maio de 2025 às 14h33.
Em um mundo em que investir ficou mais acessível, mas também mais complexo, entender o que realmente gera valor na sua carteira é essencial. É nesse ponto que entra o alpha, um conceito técnico que mede algo simples e crucial: o quanto um investimento consegue entregar além do que o mercado já oferece.
Se você aplica em um fundo e ele rende mais do que o índice que representa seu mercado de atuação — como o Ibovespa ou o S&P 500 —, esse desempenho extra é chamado de alpha. A sigla é grega, mas o impacto é bem direto no bolso do investidor.
No jargão financeiro, alpha (α) representa o "retorno excedente" de um investimento em relação a um índice de referência, também chamado de benchmark. É a parte do rendimento que não pode ser explicada apenas pelo comportamento do mercado, mas sim por decisões acertadas do gestor ou da estratégia usada.
Por exemplo, se o Ibovespa subiu 8% no ano e um fundo entregou 11%, o alpha é de 3%, indicando que o fundo superou o mercado. Esse dado é especialmente relevante em fundos de gestão ativa, que cobram taxas maiores prometendo gerar valor adicional em relação a fundos passivos, como ETFs.
O cálculo do alpha normalmente se apoia no modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model), que leva em conta:
Um alpha positivo indica retorno superior ao esperado, já descontado o risco sistemático. Já um alpha negativo mostra que o investimento não compensou o risco que o investidor assumiu.
O grande diferencial do alpha está em sua capacidade de isolar o “mérito” da gestão ativa. Ou seja, ele mostra se os bons resultados vieram de estratégias eficazes ou apenas da maré favorável do mercado.
Isso o torna um critério mais justo e técnico para analisar fundos e carteiras. Em vez de apenas olhar o desempenho bruto, o alpha responde: esse resultado foi realmente melhor que o mercado, ajustado ao risco?
Para quem diversifica entre fundos e busca rentabilidade acima da média, acompanhar o alpha é tão importante quanto observar o retorno absoluto.
Apesar da sua utilidade, o alpha também tem limitações. Ele é um dado estatístico que depende da escolha correta do benchmark e de um horizonte de tempo adequado. Avaliar alpha em períodos curtos pode gerar conclusões distorcidas.
Além disso, gerar alpha consistentemente é difícil. Diversos estudos mostram que poucos gestores conseguem repetir a performance acima do mercado ano após ano. Outro ponto: o alpha não substitui o beta, que mede o risco do ativo. Os dois são complementares. Um investimento pode ter alpha alto, mas também um beta elevado, o que indica alta volatilidade.