O termo vem da junção de crowd (multidão) e lending (empréstimo) (South_agency/Getty Images)
Publicado em 15 de maio de 2025 às 12h21.
Num cenário em que o acesso ao crédito tradicional se torna cada vez mais restrito e caro, cresce uma alternativa digital que aproxima diretamente investidores e empresas: o crowdlending. Diferente do crowdfunding tradicional, esse modelo não busca apenas apoio simbólico ou doações, mas sim retorno financeiro com data marcada para cair na conta.
O termo vem da junção de crowd (multidão) e lending (empréstimo). No crowdlending, várias pessoas emprestam dinheiro diretamente a uma empresa — ou, em alguns casos, a indivíduos — por meio de plataformas digitais. Em troca, esperam receber o valor de volta com juros em um prazo pré-definido.
Essa é uma forma de financiamento coletivo com retorno financeiro garantido, sem passar por bancos ou financeiras tradicionais.
A operação acontece via plataformas especializadas, que atuam como intermediárias tecnológicas. Elas selecionam e analisam os projetos, determinam os critérios de risco, abrem a rodada para investidores e cuidam do monitoramento e do repagamento.
O investidor aplica valores a partir de R$ 1.000, por exemplo, e recebe parcelas com juros fixos por períodos que variam de seis meses a cinco anos. Já o tomador, que pode ser uma pequena empresa, paga taxas menores do que no crédito bancário convencional.
Imagine uma pequena rede de padarias que precisa de R$ 200 mil para renovar seus equipamentos. Em vez de recorrer ao banco, ela lança uma campanha de crowdlending numa plataforma. Em poucos dias, cem investidores contribuem com valores entre R$ 2 mil e R$ 5 mil cada.
O contrato estabelece 24 parcelas com juros de 1,2% ao mês. A empresa recebe o valor integral após o período de captação e, a cada mês, os investidores recebem sua parte com correção.
No crowdfunding tradicional, os aportes geralmente têm outro objetivo: apoiar uma causa, financiar um produto ou até investir em troca de participação societária. Os formatos mais comuns são:
Já no crowdlending, não há vínculo emocional ou criativo: o foco é a relação financeira clara entre credor e devedor, com retorno previsível, como num investimento em renda fixa.
Para as empresas, o crowdlending representa uma alternativa ao crédito tradicional com benefícios claros: oferece juros mais baixos do que os praticados por bancos, exige menos burocracia documental e proporciona um acesso mais ágil a recursos que podem ser usados tanto para capital de giro quanto para expansão dos negócios.
Do lado dos investidores, os atrativos são igualmente relevantes. A modalidade costuma entregar rendimentos acima da renda fixa convencional, além de permitir um controle maior sobre o risco, já que as plataformas fornecem análises detalhadas de cada projeto. Outro diferencial é a possibilidade de diversificação da carteira, com aportes de valores mais baixos distribuídos entre diferentes empresas.
Apesar das vantagens, o crowdlending exige cuidado. Não há garantia do Fundo Garantidor de Crédito, como nos CDBs. É fundamental checar a credibilidade da plataforma, ler os termos com atenção e avaliar o risco de inadimplência.
A recomendação é diversificar os aportes em diferentes empresas e acompanhar os relatórios mensais das plataformas.