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O que são fundos de pensão e como eles funcionam?

Entenda como funcionam os fundos de pensão, quais são suas vantagens e riscos, quem pode investir e se vale a pena apostar nesse tipo de aplicação de longo prazo

Em 2024, segundo dados da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), a rentabilidade média anual do regime foi de 6,10%. (wasant1/Envato)

Em 2024, segundo dados da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), a rentabilidade média anual do regime foi de 6,10%. (wasant1/Envato)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 31 de julho de 2025 às 17h58.

Em 2024, os fundos de pensão brasileiros continuaram sua trajetória de crescimento, com as contribuições recebidas alcançando R$ 41,85 bilhões, um aumento de 5,28% em relação aos R$ 39,75 bilhões de 2023. O sistema atende atualmente 4 milhões de participantes e assistidos, abrangendo 8,2 milhões de pessoas quando incluídos os dependentes. Mas afinal, o que torna essa opção tão atrativa para quem planeja uma aposentadoria mais tranquila? Entenda o que se deve considerar antes de aderir um plano.

O que são fundos de pensão?

Os fundos de pensão representam uma modalidade de previdência complementar fechada, ou seja, restrita a grupos específicos de pessoas. Diferentemente dos planos abertos oferecidos por bancos e seguradoras, que qualquer pessoa pode contratar, esses fundos são exclusivos para funcionários de determinadas empresas ou membros de associações profissionais.

Funcionam como uma poupança coletiva de longo prazo. Os participantes contribuem mensalmente com valores que são investidos profissionalmente. Ao final do período estabelecido, recebem o montante acumulado acrescido dos rendimentos obtidos ao longo dos anos.

Como funciona fundo de pensão?

O funcionamento dos fundos de pensão segue uma lógica simples, embora envolva algumas particularidades importantes. Primeiro, é preciso estar vinculado a uma empresa ou entidade que ofereça esse benefício. Uma vez elegível, o participante define sua contribuição mensal, que é descontada diretamente da folha de pagamento.

A grande vantagem surge quando a empresa patrocinadora também contribui. Por exemplo, se um funcionário destina R$ 500 mensais ao fundo, a empresa pode adicionar outros R$ 500, dobrando o valor poupado. Essa contrapartida patronal acelera significativamente a formação do patrimônio para aposentadoria.

Os recursos são geridos por entidades sem fins lucrativos, as chamadas Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs). Isso significa que não há objetivo de lucro na administração, resultando em taxas menores quando comparadas aos planos de previdência tradicionais.

Quem pode investir em fundos de pensão?

Funcionários de empresas que oferecem planos patrocinados representam a maior parcela. Grandes corporações, estatais e multinacionais frequentemente disponibilizam esse benefício como forma de atrair e reter talentos. Além disso, membros de associações profissionais, cooperativas, conselhos de classe e sindicatos podem ter acesso aos planos instituídos.

Em alguns casos, os participantes podem estender o benefício a familiares diretos, como cônjuges e filhos. Porém, as regras variam conforme o regulamento de cada fundo. Vale destacar que, mesmo após deixar a empresa, o ex-funcionário pode manter sua participação no plano ou transferir os recursos para outra modalidade de previdência.

Quais são os tipos de fundo de pensão?

Os fundos de pensão se dividem em três categorias principais, cada uma com características específicas:

Benefício Definido (BD): nesta modalidade, o participante sabe exatamente quanto receberá na aposentadoria. O valor do benefício futuro é estabelecido no momento da adesão. As contribuições mensais podem variar ao longo do tempo para garantir o pagamento do benefício prometido.

Contribuição Definida (CD): aqui, o que se define é o valor da contribuição mensal, não o benefício final. O montante a receber na aposentadoria privada dependerá do total acumulado e da rentabilidade do fundo de pensão ao longo dos anos. É o modelo mais comum atualmente.

Contribuição Variável (CV): também conhecido como plano misto, combina características dos dois anteriores. Parte do benefício é definida previamente, enquanto outra parcela depende do desempenho dos investimentos.

Vantagens e desvantagens dos fundos de pensão

Entre as principais vantagens, destaca-se a contrapartida da empresa patrocinadora, que pode dobrar o valor poupado mensalmente. As taxas de administração costumam ser menores que as praticadas no mercado aberto, já que as entidades gestoras não visam lucro. Além disso, existe o benefício fiscal, com possibilidade de deduzir até 12% da renda tributável no Imposto de Renda.

Por outro lado, a principal desvantagem é a menor liquidez. O acesso aos recursos é restrito, geralmente permitido apenas em situações específicas como aposentadoria, invalidez ou desligamento da empresa. Também há o risco de mercado, pois os investimentos estão sujeitos às oscilações econômicas que podem afetar a rentabilidade.

Pontos de atenção antes de investir

Antes de aderir a um fundo de pensão, é fundamental analisar cuidadosamente o regulamento do plano. Verifique as regras de contribuição, especialmente os percentuais de contrapartida oferecidos pela empresa. Entenda também as condições para resgate, portabilidade e os prazos de carência estabelecidos.

Outro aspecto crucial é examinar o histórico de rentabilidade do fundo. Embora resultados passados não garantam desempenho futuro, eles indicam a qualidade da gestão. Compare as taxas cobradas, mesmo sendo geralmente baixas, pois impactam o resultado final do investimento de longo prazo.

É importante ainda avaliar a solidez da entidade gestora. Verifique se está devidamente registrada na Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e acompanhe os relatórios de desempenho divulgados periodicamente.

Dá para prever a rentabilidade?

Prever com exatidão a rentabilidade futura de um fundo de pensão é impossível, mas existem parâmetros que ajudam na projeção. Em 2024, segundo dados da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), a rentabilidade média anual do regime foi de 6,10%, em um ano considerado desafiador pelas oscilações no valor dos papéis em Bolsa de Valores.

Os diferentes tipos de planos apresentaram desempenhos variados: os planos de Benefício Definido (BD), que concentram a maior parte dos recursos do regime, alcançaram 5,69%. Já os planos de Contribuição Definida (CD) tiveram o melhor desempenho com 7,01%, enquanto os planos de Contribuição Variável (CV) registraram 6,32%.

Os gestores diversificam os investimentos entre renda fixa, ações, imóveis e outros ativos, buscando equilibrar risco e retorno. Essa estratégia visa proteger o patrimônio em momentos de turbulência e aproveitar oportunidades em períodos favoráveis. Embora 2024 tenha sido desafiador, o crescimento consolidado das contribuições demonstra a confiança dos participantes nessa modalidade de investimento de longo prazo.

Contudo, é essencial lembrar que o desempenho varia conforme o perfil de investimento de cada fundo. Planos mais conservadores tendem a ter menor volatilidade, mas também rentabilidade mais modesta. Já os mais arrojados podem apresentar oscilações maiores no curto prazo.

Em quanto tempo o fundo de pensão traz retorno?

Os fundos de pensão são essencialmente investimentos de longuíssimo prazo, projetados para horizontes de 20, 30 anos ou mais. O retorno significativo, na forma de renda de aposentadoria, se materializa apenas no momento do resgate, quando o saldo acumulado é convertido em benefícios mensais.

No entanto, o participante pode acompanhar a evolução do patrimônio desde o primeiro aporte. Com a contrapartida da empresa, o "retorno" começa imediatamente – afinal, cada real investido pelo funcionário pode se transformar em dois reais no fundo. Esse ganho instantâneo de 100% supera qualquer aplicação tradicional do mercado.

Ao longo dos anos, os rendimentos são reinvestidos, gerando o efeito dos juros compostos. Quanto mais tempo o dinheiro permanecer aplicado, maior será o patrimônio final. Por isso,  iniciar as contribuições o quanto antes é fundamental para maximizar os benefícios na aposentadoria.

Fundos de pensão valem a pena?

A resposta depende dos objetivos e da situação de cada pessoa. Para quem tem acesso a um plano patrocinado com boa contrapartida, a oportunidade é praticamente imperdível. Dobrar o valor poupado mensalmente, com gestão profissional e custos reduzidos, representa uma vantagem incomparável no mercado.

Mesmo sem contrapartida integral, os benefícios fiscais e as menores taxas tornam os fundos de pensão competitivos frente a outras opções de previdência. A disciplina imposta pelo desconto em folha também ajuda a manter a regularidade dos aportes, elemento crucial para o sucesso de qualquer plano de aposentadoria.

Por fim, é importante considerar que fundos de pensão não precisam ser a única estratégia para a aposentadoria. Eles podem fazer parte de um planejamento mais amplo, que inclua outros investimentos e a própria previdência social. Dessa forma, constrói-se uma base sólida para desfrutar de tranquilidade financeira no futuro.

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