Invest

Veja o que mais dá dinheiro para os times brasileiros no Mundial — e não é venda de jogadores

Descubra as verdadeiras fontes de receita que sustentam Flamengo, Palmeiras, Botafogo e Fluminense na competição mundial mais lucrativa

O Flamengo lidera o ranking de receitas em 2024 com R$ 1,334 bilhão, tendo nos direitos de transmissão sua principal fonte de renda, representando 44,6% do faturamento total. (AFP)

O Flamengo lidera o ranking de receitas em 2024 com R$ 1,334 bilhão, tendo nos direitos de transmissão sua principal fonte de renda, representando 44,6% do faturamento total. (AFP)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 27 de junho de 2025 às 18h08.

Última atualização em 27 de junho de 2025 às 18h38.

Quando os torcedores veem seus times disputando o Mundial de Clubes, uma das perguntas que podem surgir é: de onde vem tanto dinheiro para sustentar essa estrutura? A resposta pode surpreender. Embora as vendas milionárias de craques façam manchetes, a realidade financeira dos clubes brasileiros é bem mais complexa.

Principais fontes de renda de cada um dos clubes no Mundial

De modo geral, os direitos de transmissão representam a principal fonte de renda dos clubes brasileiros, superando até mesmo as vendas de jogadores. Dados da consultoria Sports Value indicam que as receitas televisivas representam 35% da renda total dos clubes brasileiros. Elas funcionam a partir de contratos que os clubes assinam com emissoras de TV e plataformas digitais para exibir seus jogos. É o equivalente a "alugar" o espetáculo do futebol.

Apesar disso, cada clube possui uma composição própria de receitas, que varia de acordo com sua estratégia, torcida, desempenho esportivo e negociações comerciais. A seguir, veja como se distribuem as principais fontes de renda dos clubes brasileiros que disputam o Mundial de Clubes:

Flamengo

Em 2024, o Flamengo liderou o ranking nacional com faturamento de R$ 1,334 bilhão, sendo os direitos de transmissão a maior fatia.

  • Direitos de transmissão: R$ 595,5 milhões (44,6%)
  • Marketing e patrocínio: R$ 322,5 milhões (24,2%)
  • Mídias digitais: R$ 179 milhões (13,4%)
  • Bilheteria: R$ 118 milhões (8,8%)
  • Venda de atletas: R$ 107 milhões (8,0%)

Palmeiras

Um pouco atrás, o Palmeiras registrou faturamento recorde de R$ 1,274 bilhão, com uma particularidade no cenário nacional: as transferências de jogadores representaram 34,5% de toda a receita. As vendas de Endrick (R$ 172,7 milhões) e Luis Guilherme (R$ 105,5 milhões) impulsionaram esses números.

Principais fontes de receita do Palmeiras em 2024:

  • Transferências de jogadores: R$ 440,3 milhões (34,5%)
  • Direitos de TV: R$ 258,7 milhões (20,3%)
  • Marketing: R$ 188,6 milhões (14,8%)
  • Outros: R$ 158,0 milhões (12,4%)
  • Bilheteria: R$ 89,2 milhões (7,0%)

Fluminense

Já o Fluminense faturou R$ 684 milhões, também se beneficiando das transferências de jogadores. O tricolor carioca conseguiu equilibrar diferentes fontes de renda, apontando um modelo sustentável de gestão.

Principais fontes de receita do Fluminense em 2024:

  • Transferências de jogadores: R$ 268 milhões (39,2%)
  • Direitos de TV: R$ 167 milhões (24,4%)
  • Marketing: R$ 78 milhões (11,4%)
  • Sócio Torcedor: R$ 70 milhões (10,2%)
  • Outras receitas: R$ 49 milhões (7,2%)

Botafogo

O Botafogo é um caso um pouco mais complexo, já que o clube ainda não entregou o balanço financeiro de 2024, o colocando na mira da Autoridade Pública de Governança de Futebol (APFUT). Apesar disso, puxando os dados de 2023, é possível que o alvinegro seguiu o padrão brasileiro, concentrando quase 40% da arrecadação nos direitos de transmissão.

Principais fontes de receita do Botafogo em 2023:

  • Direitos de transmissão: R$ 153,6 milhões (39,6%)
  • Venda de atletas: R$ 83 milhões (21,4%)
  • Matchday: R$ 61,8 milhões (15,9%)
  • Outras receitas: R$ 45,6 milhões (11,7%)
  • Publicidade e Marketing: R$ 44 milhões (11,3%)

Maior venda de jogador por clubes brasileiros

Maurício e José Manuel López do Palmeiras comemoram gol contra de Wessam Abou Ali do Al Ahly SC na Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2025, no MetLife Stadium, East Rutherford, Nova Jersey, 19 de junho de 2025. (Rodolfo Buhrer/Sports Press Photo/Getty Images)

Embora não seja a principal fonte de renda no cenário nacional, as transferências de jogadores movimentam cifras astronômicas. O ranking das maiores vendas de jogadores brasileiros é liderado por Neymar, negociado pelo Santos ao Barcelona por € 88 milhões.

Confira o top 7 das maiores vendas de jogadores brasileiros de todos os tempos:

  1. Neymar

    Santos → Barcelona
    € 88 milhões

  2. Vitor Roque

    Athletico → Barcelona
    € 74 milhões

  3. Endrick

    Palmeiras → Real Madrid
    € 72 milhões

  4. Estêvão

    Palmeiras → Chelsea
    € 61,5 milhões

  5. Vini Jr.

    Flamengo → Real Madrid
    € 45 milhões

  6. Rodrygo

    Santos → Real Madrid
    € 45 milhões

  7. Lucas Moura

    São Paulo → PSG
    € 43 milhões

Entre 2018 e 2023, considerando valores corrigidos pela inflação, o Flamengo liderou em vendas com R$ 1,5 bilhão, seguido pelo Palmeiras (R$ 1,1 bilhão) e São Paulo (R$ 1,0 bilhão). Corinthians e Athletico-PR empataram com R$ 900 milhões cada um.

Qual é o valor do prêmio do Mundial de Clubes?

A Copa do Mundo de Clubes FIFA 2025 distribui US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,8 bilhões) entre os 32 participantes. O sistema de premiação funciona de forma escalonada, recompensando cada fase alcançada.

  • Participação garantida: US$ 15,21 milhões para todos os clubes
  • Fase de grupos: US$ 2 milhões por vitória e US$ 1 milhão por empate
  • Oitavas de final: US$ 7,5 milhões para quem avança
  • Quartas de final: US$ 13,125 milhões
  • Semifinais: US$ 21 milhões

O vice-campeão embolsa US$ 30 milhões extras, enquanto o campeão recebe US$ 40 milhões adicionais. Somando tudo, o vencedor pode faturar até US$ 125 milhões (aproximadamente R$ 713 milhões).

Brasileiros no Mundial: quanto cada um já faturou?

Jogadores do Fluminense e Sundowns FC se cumprimentando antes de partida no Mundial de Clubes da FIFA, com destaque para as camisas do Fluminense em verde, vermelho e branco e a torcida ao fundo no estádio.

Jogadores do Fluminense e Sundowns FC se cumprimentando antes de partida no Mundial de Clubes da FIFA, com destaque para as camisas do Fluminense em verde, vermelho e branco e a torcida ao fundo no estádio. (Reprodução/Instagram) ((Reprodução/Instagram))

O Flamengo lidera entre os brasileiros, com R$ 152,6 milhões acumulados. No Grupo D, o time teve uma campanha impecável, vencendo o Espérance por 2 a 0 e o Chelsea por 3 a 1, com uma virada impressionante. Além disso, o empate de 1 a 1 com o LAFC garantiu a liderança do grupo, com 7 pontos, e manteve a invencibilidade.

O Fluminense também teve uma boa performance no Grupo F e faturou R$ 148,5 milhões. O tricolor carioca venceu o Ulsan Hyundai por 4 a 2, empatou 2 a 2 com o Borussia Dortmund e ficou no 0 a 0 com o Mamelodi Sundowns.

Já o Palmeiras somou R$ 146,7 milhões no Grupo A. O Verdão venceu o Al Ahly por 2 a 0, mas teve dificuldades nos outros jogos: empatou no 0 a 0 com o Porto e 2 a 2 com o Inter Miami. Com uma vitória e dois empates, o time garantiu a liderança do grupo e segue firme na disputa.

Igual ao rival nacional dos últimos anos, o Botafogo também acumulou R$ 146,7 milhões. No Grupo B, o alvinegro venceu o Seattle Sounders por 2 a 1 e fez história ao derrotar o Paris Saint-Germain por 1 a 0. Mesmo com a derrota por 1 a 0 para o Atlético de Madrid, o time brasileiro avançou para as oitavas de final.

Quais são os times mais valiosos do Brasil

Alex Telles, jogador do Botafogo, celebra a vitória da equipe contra o Paris Saint-Germain no jogo do Grupo B do Mundial de Clubes da FIFA 2025, realizado no Rose Bowl Stadium, em Pasadena, Califórnia, em 19 de junho de 2025. (Photo by Stu Forster/Getty Images) ( Stu Forster/Getty Images)

Com quatro clubes brasileiros avançando para as oitavas de final, não é surpresa que eles também ocupem lugares de destaque no ranking dos times mais valiosos do Brasil. De acordo com um levantamento da Sports Value, referente à 2024, Flamengo e Palmeiras se destacam no topo da lista.

  1. Flamengo - R$ 4,879 bilhões
  2. Palmeiras - R$ 3,956 bilhões
  3. Corinthians - R$ 3,707 bilhões
  4. Atlético-MG - R$ 3,387 bilhões
  5. São Paulo - R$ 2,869 bilhões
  6. Internacional - R$ 2,524 bilhões
  7. Athletico-PR - R$ 2,293 bilhões
  8. Fluminense - R$ 2,267 bilhões
  9. Botafogo - R$ 1,857 bilhão
  10. Grêmio - R$ 1,739 bilhão

O paradoxo brasileiro: por que times tão valiosos têm tanta dívida?

Flamengo

Bruno Henrique saltando em comemoração após gol, com Léo Pereira ao fundo, ambos jogadores do Flamengo. (FRANCK FIFE / Colaborador/Getty Images)

Um fenômeno intrigante marca o futebol nacional: clubes extremamente valiosos convivem com endividamentos gigantescos. O Flamengo, mais valioso do país, possui R$ 353,5 milhões em dívidas. O Palmeiras, segundo colocado em valor, acumula R$ 825,3 milhões em débitos.

Em 2024, no caso do Palmeiras, mesmo com superávit financeiro impulsionado por R$ 440,3 milhões em vendas de jogadores, as dívidas saltaram de R$ 571 milhões para R$ 852 milhões.

ClubeDívida em 2024 (em R$ milhões)
Corinthians1.902,1
Atlético-MG SAF1.369,0
Cruzeiro SAF981,1
Vasco da Gama SAF928,5
São Paulo852,9
Internacional834,8
Palmeiras825,3
Bahia SAF821,0
Santos645,2
Fluminense632,8
Grêmio562,3
Red Bull Bragantino Ltda.414,2
Flamengo353,5
Vitória307,2
Fortaleza SAF115,3
Ceará56,9
Atlético-GO SAF30,9
Athletico-PR0,0
Cuiabá SAF0,0

A explicação reside em dois fatores principais: dívidas históricas de gestões passadas, que passaram de R$ 53 milhões para R$ 125 milhões devido a parcelamentos, e dívidas operacionais, que cresceram de R$ 518 milhões para R$ 727 milhões com investimentos em contratações e estrutura.

O Flamengo seguiu caminho similar. Suas dívidas operacionais saltaram de R$ 48 milhões em 2023 para R$ 327 milhões em 2024 — aumento superior a 500%. Os principais motivos foram o investimento recorde de R$ 415 milhões em contratações, a compra do terreno do Gasômetro por R$ 170 milhões e a queda nas vendas de jogadores para apenas R$ 107 milhões.

Esse panorama deixa claro que, enquanto os clubes brasileiros brilham nos gramados do Mundial de Clubes e movimentam bilhões em negociações, suas gestões financeiras ainda enfrentam o desafio de equilibrar ambições esportivas com sustentabilidade econômica.

No mundo do mercado financeiro, uma gestão bem estruturada e transparente torna-se fundamental não apenas para atrair investidores e patrocinadores, mas também para garantir a continuidade dos projetos a longo prazo.

Acompanhe tudo sobre:Guias de conteúdo

Mais de Invest

Marfrig investe R$ 548 milhões em novo complexo industrial e triplica capacidade de abate

Dólar fecha em queda em meio a ruídos sobre tarifas no exterior

Por que o ouro dispara durante guerras? Entenda o que faz esse metal valorizar em tempos de conflito

Imposto considerado 'bomba-relógio' para o mercado deve ser removido de projeto de Lei de Trump