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100 dias de Trump: Bolsa americana tem pior início de mandato desde 1970

Volatilidade nos mercados e incertezas sobre a política comercial levam o S&P 500 ao pior desempenho para um presidente americano em início de mandato desde a renúncia de Richard Nixon, aponta a Bloomberg

Donald Trump, presidente dos EUA, exibe quadro com novas tarifas (Chip Somodevilla/AFP)

Donald Trump, presidente dos EUA, exibe quadro com novas tarifas (Chip Somodevilla/AFP)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 29 de abril de 2025 às 06h23.

Última atualização em 29 de abril de 2025 às 07h07.

O início do segundo mandato de Donald Trump vem sendo marcado por forte volatilidade e perdas no mercado financeiro.

Nos primeiros 100 dias, o S&P 500 acumula queda de cerca de 8%, o pior desempenho para um presidente dos Estados Unidos desde Gerald Ford, que assumiu em 1974 após a renúncia de Richard Nixon.

O resultado surpreende investidores que, logo após a eleição, apostaram em um ambiente favorável à economia, com expectativa de redução de impostos e desregulamentação. No entanto, a escalada de tarifas comerciais e medidas agressivas contra imigrantes ilegais elevaram a incerteza e pressionaram os ativos.

Segundo dados da Bloomberg, o S&P 500 registrou sua sétima correção mais rápida desde 1929 no período, com perdas concentradas nos setores de consumo discricionário e tecnologia.

Entre as companhias mais afetadas estão a Deckers Outdoor (fabricante de calçados e roupas esportivas), a Teradyne (fornecedora de equipamentos para testes de semicondutores), a Albemarle (produtora de produtos químicos especiais), a Tesla (fabricante de veículos elétricos), a United Airlines e a Delta Air Lines (companhias aéreas), além da Norwegian Cruise Line (operadora de cruzeiros marítimos).

O receio de desaceleração econômica é o que mais pesa sobre o mercado. Gestores e analistas citam a falta de clareza sobre os objetivos da política comercial como um dos principais fatores que desestimulam investimentos e consumo.

Mesmo com a correção recente, o cenário à frente ainda não é animador. As posições vendidas em futuros do S&P 500 atingiram o maior nível desde dezembro, enquanto o Deutsche Bank aponta que a exposição a ações permanece próxima das mínimas históricas.

No campo corporativo, várias empresas começaram a revisar para baixo suas projeções de lucro, e algumas, como a United Airlines, divulgaram dois cenários de resultados — um considerando estabilidade econômica e outro em caso de recessão.

Estrategistas de bancos como Bank of America e Goldman Sachs reforçam a cautela.

Em relatório recente, o Bank of America alertou que "as condições necessárias para um rali sustentado de ações americanas ainda não estão presentes" e recomendou que aproveitem altas mais pontuais, como as vistas na semana passada, para vender ativos.

Já o Goldman Sachs apontou que investidores estrangeiros têm reduzido suas posições em ações americanas desde o início de março, refletindo a percepção de maior risco no mercado doméstico dos EUA.

"Precisamos superar a incerteza em torno da política comercial, pois ela está inibindo investimentos corporativos e podendo também afetar o consumo das famílias", resumiu Eric Sterner, diretor de investimentos da Apollon Wealth.

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