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A caminho dos US$ 4 trilhões: como a Nvidia pode chegar onde nenhuma empresa chegou

Com o avanço da inteligência artificial (IA), as gigantes do setor de tecnologia se preparam para atingir marcos históricos no valor de mercado — em especial a Microsoft e a Nvidia

Jensen Huang: CEO da Nvidia quer manter empresa no topo (Montagem EXAME//Wikimedia Commons)

Jensen Huang: CEO da Nvidia quer manter empresa no topo (Montagem EXAME//Wikimedia Commons)

Publicado em 4 de julho de 2025 às 07h04.

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A Nvidia (NVDA) pode estar prestes a chegar a um patamar que nenhuma outra empresa jamais chegou: o de uma avaliação de mercado de US$ 4 trilhões. A fabricante de chips especializada em IA viu suas ações dispararem em um ritmo vertiginoso, impulsionadas pela crescente demanda de grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, Amazon e Meta, por seus processadores de alto desempenho.

Desde 2021, a Nvidia tem experimentado uma ascensão imbatível. O valor de mercado da companhia saltou de US$ 500 bilhões para incríveis US$ 3,92 trilhões na quinta-feira, 3, uma valorização superior à soma dos mercados de ações do Canadá e do México, segundo dados da LSEG. A Nvidia agora vale mais do que todas as empresas listadas no Reino Unido juntas, e acumula uma alta de quase 19% em seus papéis desde janeiro.

Esse crescimento meteórico se deve em grande parte à sua posição dominante no mercado de chips para IA. Empresas que buscam desenvolver IA em grande escala precisam das poderosas GPUs da Nvidia, uma vantagem estratégica inestimável. Os analistas estimam que a Nvidia está sendo negociada a 32 vezes seus lucros esperados nos próximos 12 meses, um valor consideravelmente mais baixo do que a média de 41 vezes nos últimos cinco anos, refletindo uma avaliação relativamente modesta para uma companhia com um futuro tão promissor.

Em apenas quatro anos, a Nvidia se tornou o maior nome do setor de IA, com as vendas de seus chips tendo um crescimento impressionante, mais de 10 vezes nos últimos três anos. O mercado, mais otimista do que nunca, continua projetando uma média de 32% de crescimento anual para a empresa nos próximos três anos.

Onde tudo começou

A história da Nvidia começou em um simples restaurante de San Jose, Califórnia, em 1992. Fundada oficialmente em 5 de abril de 1993, a companhia nasceu da visão de três engenheiros: Jensen Huang, Chris Malachowsky e Curtis Priem. A ideia surgiu durante uma reunião no Denny’s, uma rede americana de fast-food, onde os fundadores discutiram o potencial dos videogames e gráficos 3D para impulsionar a demanda por computação avançada.

Na época, Huang, ex-diretor da LSI Logic e designer de microprocessadores na AMD, Malachowsky, engenheiro na Sun Microsystems, e Priem, ex-engenheiro da IBM e Sun Microsystems, estavam convencidos de que o futuro da computação estaria diretamente ligado à evolução dos gráficos. Eles acreditavam que os videogames seriam a "aplicação matadora" para financiar o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas para resolver problemas computacionais complexos.

Com um capital inicial de apenas US$ 40.000, a Nvidia logo assegurou um investimento de US$ 20 milhões de capital de risco, de empresas como Sequoia Capital e Sutter Hill Ventures. O trabalho inicial da empresa foi desenvolvido no apartamento de Curtis Priem em Fremont, Califórnia. O nome "Nvidia", inspirado na palavra latina invidia (inveja), refletia a ambição dos fundadores de desafiar gigantes do setor, e foi escolhido após outras alternativas como "NVision" e "Primal Graphics".

O primeiro produto da Nvidia, o NV1, foi lançado em 1995, marcando a entrada da empresa no mercado de chips gráficos. Mas o verdadeiro marco para a companhia veio em 1999, quando foi introduzida a GeForce 256, a primeira GPU do mercado, que revolucionou a indústria dos gráficos de computador e consolidou a Nvidia como líder na área. E o resto é história.

Microsoft também está na corrida

Mas a Nvidia não está sozinha nessa corrida para o topo. A Microsoft, com um valor de mercado de US$ 3,7 trilhões, também se aproxima da marca histórica de US$ 4 trilhões. E, de acordo com analistas da Wedbush liderados por Dan Ives, tanto a Nvidia quanto a Microsoft devem alcançar essa avaliação neste semestre.

A Microsoft, que está mais avançada no mercado de software e serviços corporativos, também se beneficiou da alta na inteligência artificial, embora o futuro da empresa dependa muito de um fator importante: a disposição dos consumidores e empresas de pagarem um preço elevado por serviços de IA. A companhia está em um ponto diferente da Nvidia na cadeia de valor da IA. A Nvidia domina a infraestrutura de chips, enquanto a Microsoft depende de um número crescente de clientes dispostos a pagar pela integração da IA nos seus negócios.

O sucesso de Nvidia tem sido quase direto. Mas para a Microsoft, a história é mais complicada. A gigante de Redmond é muito maior em termos de receita anual e já tem uma presença sólida no mercado corporativo com suas soluções de nuvem e software. A ascensão da IA poderia aumentar ainda mais sua participação de mercado, mas isso só acontecerá se a IA se tornar uma ferramenta corporativa transformadora, tanto para empresas quanto para consumidores.

Ainda assim, o desempenho da Microsoft tem sido impressionante, segundo os analistas. Em um período de apenas três meses, a empresa viu seu valor de mercado crescer em US$ 1 trilhão, uma ascensão vertiginosa alimentada pela integração de IA em seus serviços. Mas a companhia fundada por Bill Gates enfrenta obstáculos em sua parceria com a OpenAI, a principal força por trás do modelo de IA de última geração, o ChatGPT. A relação entre as duas empresas tem se mostrado tensa, e há incertezas sobre como a OpenAI pretende estruturar seus negócios no futuro.

Além disso, a Microsoft ainda luta para reduzir sua dependência da Nvidia, com relatos de dificuldades em desenvolver chips próprios para IA, um passo crucial para sua autonomia no setor. Mesmo com esses desafios, a Microsoft continua a ver os resultados financeiros de sua estratégia de IA com lucros superiores a US$ 11,5 bilhões apenas no braço de nuvem Azure, o que representa mais de 4% de suas vendas totais anuais.

O mercado de IA segue crescendo a passos largos, e tanto a Nvidia quanto a Microsoft estão posicionadas para tirar proveito dessa revolução. A Nvidia, com sua base de chips altamente demandada, continua a ser a fornecedora de infraestrutura necessária para alimentar a inteligência artificial, enquanto a Microsoft aposta em seus serviços de nuvem e ferramentas de produtividade para se tornar um player central nesse mercado emergente.

Com o mercado de IA projetado para atingir US$ 1,8 trilhão em 2030, segundo Grand View Research, a demanda por processadores de alta performance da Nvidia deve continuar em alta, enquanto a Microsoft trabalha para aumentar a adoção de sua tecnologia de IA nos negócios corporativos e no cotidiano dos consumidores. Para a Nvidia, a questão é relativamente mais simples: a demanda por seus chips não deve diminuir tão cedo, e o mercado de IA parece ser o combustível que sustenta sua trajetória.

No entanto, o tempo se torna crucial para Microsoft. Como destacado pelo presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em seu depoimento no Congresso, tecnologias revolucionárias geralmente levam mais tempo do que as pessoas esperam para se transformar em mudanças reais na economia.

A sorte para a concorrência é que esta sexta-feira, 4, é feriado nos Estados Unidos. Resta esperar a segunda-feira chegar.

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