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A nova era do ouro: metal precioso tem melhor desempenho em quase 50 anos

Em 2025, o ouro registra alta acumulada de 39%, seu melhor resultado desde 1979, superando os ganhos das ações dos EUA

Publicado em 18 de setembro de 2025 às 06h02.

Última atualização em 18 de setembro de 2025 às 07h16.

O ouro está passando por bons momentos em 2025, com alta acumulada de 39% ao ano — seu melhor resultado desde 1979, quando subiu 130%. O aumento do preço do ouro superou os ganhos das ações, com o S&P 500 avançando 12% no mesmo período.

A alta é impulsionada principalmente por uma combinação de incerteza econômica e geopolítica.

Em um ano marcado por tensões comerciais e políticas internas nos Estados Unidos, o ouro se tornou o ativo de escolha para investidores que buscam proteção contra riscos. A política econômica instável, com incertezas geradas pelas tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e as implicações da guerra na Ucrânia, aumentou a demanda por ativos de refúgio seguro. E, para economistas, as tarifas ainda não causaram todos os seus efeitos, e isso pode gerar mais inflação e desacelerar o crescimento econômico.

Os sinais de enfraquecimento na economia americana, como a desaceleração do mercado de trabalho, também aumentam a probabilidade de uma recessão, o que intensifica a busca por ativos mais seguros. "O fato de o ouro não ser correlacionado com o S&P 500 e os Títulos do Tesouro dos EUA, e de ser um hedge para a carteira, torna o investimento em ouro altamente atrativo", explicou Chris Weston, chefe de pesquisa da Pepperstone, em entrevista ao Yahoo Finance UK.

'O cenário ideal'

Além das incertezas econômicas, o medo de uma combinação de crescimento econômico lento e inflação elevada, conhecida como estagflação, também tem sido um importante catalisador para a alta do ouro. O cenário é visto como ainda mais desafiador para a economia do que uma recessão comum, pois a alta inflação impede que bancos centrais reduzam as taxas de juros para estimular o crescimento.

"Preocupações com a estagflação, que geralmente favorecem o ouro, continuam a ser um ponto de atenção para o mercado de metais preciosos", afirmaram estrategistas do Bank of America (BAC), segundo o Wall Street Journal. Desde 2001, o ouro nunca caiu em um cenário de alta inflação e políticas de juros mais baixos, o que fortalece a perspectiva positiva para o metal precioso.

A demanda dos bancos centrais

A demanda global por ouro também tem sido impulsionada pelos bancos centrais. Em 2024, os bancos centrais ao redor do mundo adicionaram 1.086 toneladas de ouro às suas reservas, acelerando a compra de ouro em um movimento maior de desdolarização, particularmente após a invasão da Ucrânia. Segundo o Bank of America, atualmente, os bancos centrais possuem mais ouro do que Títulos do Tesouro dos EUA, o que reflete uma crescente preferência por ativos tangíveis como proteção contra riscos fiscais.

A crescente demanda por ouro tem gerado uma corrida de investidores, desde grandes fundos de investimento até consumidores individuais, que buscam garantir sua proteção financeira. Em Londres, empresas especializadas, como a IBV International Vaults, têm visto um aumento na procura por cofres de ouro, com investidores acumulando o metal precioso, apostando que seu valor continuará a subir.

Analistas alertam que os cortes de taxas do Fed em um cenário de inflação persistente e baixo desemprego, isso poderá gerar pressões inflacionárias adicionais, aumentando ainda mais o apetite por ouro. A situação lembra o ambiente econômico de 1979, quando o ouro teve uma valorização recorde — e é uma preocupação crescente entre os investidores.

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