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A próxima pedra no sapato da Apple: falha na IA mina confiança e preocupa investidores

Promessas não cumpridas sobre a inteligência artificial da Apple abalam a confiança do mercado e derrubam ações da empresa

Apple pode passar por problemas nos mercados nos próximos meses (Leandro Fonseca/Exame)

Apple pode passar por problemas nos mercados nos próximos meses (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 17 de março de 2025 às 07h47.

Última atualização em 17 de março de 2025 às 07h49.

A Apple (AAPL) pode ter uma nova pedra em seu sapato nos próximos meses. Isso porque a empresa enfrenta um dos momentos mais turbulentos dos últimos anos, e não é apenas por conta de tarifas ou uma possível desaceleração no consumo. O problema agora é a credibilidade da empresa, abalada após promessas não cumpridas sobre seus avanços em inteligência artificial.

O alerta veio de John Gruber, analista e autor do blog Daring Fireball, que há mais de duas décadas acompanha a gigante da tecnologia. Em uma publicação recente, ele foi direto ao ponto: a Apple comprometeu sua reputação ao anunciar recursos de IA que ainda não estão prontos para uso.

“Dizer que a Apple teve sua credibilidade danificada é pouco. Ela foi desperdiçada. Isso não aconteceu com a empresa — foi uma decisão interna”, escreveu Gruber.

A situação começou em junho de 2023, durante a WWDC, quando a Apple apresentou o Apple Intelligence, um conjunto de funcionalidades que prometia transformar a Siri em uma assistente mais contextual e integrada ao dia a dia do usuário. O conceito era ambicioso: a assistente entenderia comandos mais complexos, como adicionar automaticamente um endereço compartilhado via mensagem ao contato de um amigo.

Meses depois, no lançamento do iPhone 16, a Apple reforçou a narrativa e começou a incluir as novas funcionalidades de IA em sua publicidade. Um comercial mostrava uma usuária perguntando à Siri o nome de alguém que havia conhecido meses antes em um café, algo que a tecnologia ainda não consegue realizar. O problema? Até agora, esses recursos ainda não estão prontos para serem lançados.

Gruber questiona a decisão de anunciar essas funções sem que elas estivessem em um estágio avançado de desenvolvimento.

“Quem decidiu que esses recursos deveriam ser apresentados como algo iminente no keynote da WWDC, quando sequer estavam prontos para um teste controlado com a imprensa?”, escreveu ele.

Para piorar, os recursos anunciados na publicidade do iPhone 16 podem não estar disponíveis até depois do lançamento do iPhone 17, previsto para o segundo semestre deste ano.

A Apple sempre se destacou por só anunciar produtos quando estavam realmente prontos para o mercado — um princípio estabelecido por Steve Jobs ao recuperar a empresa nos anos 1990. Tim Cook, atual CEO, reforçou essa estratégia em 2023, ao dizer que “a Apple tende a anunciar coisas quando elas chegam ao mercado”. Dessa vez, no entanto, a empresa abriu exceção e acabou promovendo um produto que ainda não existe na prática.

A Bloomberg revelou que, internamente, a equipe da Siri reconheceu os atrasos como um problema grave. Durante uma reunião com funcionários, Robby Walker, diretor sênior da Siri, classificou a situação como “feia e embaraçosa”. Segundo fontes, ele afirmou que a Apple deveria ter esperado antes de promover as novas funcionalidades ao público.

O impacto foi imediato: as ações da Apple caíram 10,7% na última semana, o pior desempenho entre as gigantes da tecnologia.

Apesar da crise, analistas ainda acreditam no potencial da estratégia da Apple. Daniel Ives, da Wedbush Securities, minimizou o impacto do atraso ao MarketWatch e destacou que a empresa “está apenas no começo de sua jornada com inteligência artificial”.

A grande questão agora é como a Apple irá recuperar a confiança do público e dos investidores

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