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A volta de Musk à política irrita investidores da Tesla e derruba ações em mais de 7%

Anúncio de novo partido político e briga pública com Trump alimentam críticas sobre falta de foco do bilionário na empresa

Publicado em 8 de julho de 2025 às 08h27.

As ações da Tesla recuaram mais de 7% na segunda-feira, 7, após o CEO Elon Musk anunciar a criação de um novo partido político e retomar a briga pública com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A movimentação reacendeu a insatisfação de investidores, que vêm cobrando do bilionário mais foco na montadora em meio à queda global nas vendas de veículos elétricos e ao lançamento decisivo do robotáxi da empresa em Austin, no Texas.

Segundo o Business Insider, a avaliação dominante no mercado é que o envolvimento político de Musk traz mais riscos do que benefícios para a companhia neste momento.

O novo partido, chamado “America Party”, foi anunciado por Musk no domingo, após uma enquete com seus seguidores na plataforma X. Trump respondeu em tom crítico, dizendo que o empresário “perdeu a linha”.

O episódio ocorre poucos meses depois de Musk ter prometido aos acionistas que reduziria sua atuação política e priorizaria a Tesla, em um momento em que a empresa tenta reagir à crescente concorrência no setor de elétricos e aos efeitos da sua participação no governo Trump, no comando do recém-criado departamento de eficiência governamental (Doge, na sigla em inglês).

Analistas do William Blair, como Jed Dorsheimer e Mark Shooter, destacaram em relatório que o retorno de Musk à política é um desvio indesejado de atenção. “Esperamos que os investidores estejam cada vez mais cansados dessas distrações, especialmente quando a empresa precisa do foco total de Musk”, escreveram.

A casa rebaixou a recomendação das ações para neutro, citando também possíveis impactos negativos do “Big Beautiful Bill”, projeto de Trump que corta impostos e gastos com saúde.

Dan Ives, analista da Wedbush e conhecido defensor da Tesla, afirmou que a situação “tomou um rumo pior” com a decisão do bilionário de enfrentar diretamente o establishment político. “É exatamente o oposto do que os acionistas querem neste momento crucial para a Tesla”, escreveu Ives em nota no domingo.

O comportamento das ações da empresa tem refletido esse padrão. Quando Musk se comprometeu a se afastar da política em abril, os papéis da Tesla subiram 40% em quatro semanas. Já em março, após uma live surpresa para falar dos projetos da montadora, as ações saltaram 13% na semana seguinte. A queda desta segunda, portanto, reforça o receio de que a nova empreitada política desvie mais uma vez sua atenção da Tesla.

A repercussão interna também ganhou força. O ex-assessor do DOGE, James Fishbank, chamou a criação do novo partido de Musk de “encenação ridícula”. Em carta publicada na rede X e direcionada à presidente do conselho da Tesla, Robyn Denholm, ele pediu que o board avalie se as ambições políticas de Musk são compatíveis com seu papel como CEO da companhia.

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