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Ação da Natura tomba após balanço fraco; CEO cita queda de consumo

"Consumo caiu mais que o esperado no Brasil", disse o CEO após a companhia registrar prejuízo líquido recorrente de R$ 119 milhões no terceiro trimestre de 2025

Natura: empresa divulga balanço após o fechamento do mercado (Leandro Fonseca/Exame)

Natura: empresa divulga balanço após o fechamento do mercado (Leandro Fonseca/Exame)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 11h24.

Última atualização em 11 de novembro de 2025 às 11h58.

As ações da Natura (NATU3) não acompanham o Ibovespa e lideram as perdas do índice, após a divulgação do balanço do terceiro trimestre. "Um trimestre fraco mas confiantes de que estamos bem posicionados para o que vem adiante", disse o CEO da companhia, João Paulo Ferreira, em entrevista coletiva sobre o balanço.

Por volta das 11h14 (horário de Brasília), os papéis NATU3 caíam 14%, a R$ 7,92. "Sabíamos que enfrentaríamos desafiamos, mas tivemos outros além do planejado", disse o CEO. Segundo ele, a Natura foi impactada por uma redução de consumo no Brasil.

"No Brasil a queda do consumo foi mais intensa do que esperávamos. O mercado de beleza diminuiu seu ritmo de forma importante. Foi o que nos surpreendeu negativamente. E ajustamos nossa oferta para acompanhar esse contexto. Mas foi insuficiente."

Natura reverte lucro e tem prejuízo no 3º trimestre

A Natura (NATU3) registrou prejuízo líquido recorrente de R$ 119 milhões no terceiro trimestre de 2025, revertendo lucro de R$ 301 milhões de um ano antes, devido as pressões sobre receita e rentabilidade, além do aumento das despesas financeiras.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente ficou em R$ 577 milhões, o que representa uma queda de 33,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A margem Ebitda recorrente foi de 11,1%, queda anual de 3,5 pontos percentuais.

A receita líquida, por sua vez, atingiu R$ 5,2 bilhões no terceiro trimestre, recuo de  13,1%, "como resultado da desaceleração no Brasil e dos desafios na integração das operações da Argentina e do México". A receita também foi impactada pela expressiva apreciação do real em relação às moedas dos mercados hispânicos e pelo efeito negativo da hiperinflação na Argentina.

A margem bruta foi de 67,2% no 3T25, um recuo de 0,10 ponto percentual.

“Estamos confiantes na melhora da rentabilidade no próximo trimestre e mantemos nosso compromisso de expandir a margem EBITDA no ano completo de 2025. O México estabilizou no final do trimestre e a Argentina já mostra sinais de recuperação. Ao mesmo tempo, ações já iniciadas de eficiência e contenção de despesas contribuirão para a melhoria da rentabilidade. Continuamos com o objetivo de expandir nossa liderança na América Latina, inclusive no Brasil, além de acelerar crescimento e rentabilidade nos mercados hispânicos, em especial no México”, comentou João Paulo Ferreira, CEO, no texto que acompanha o balanço.

A dívida líquida atingiu R$ 4 bilhões, praticamente estável em comparação com a posição de dívida líquida no 2T25, refletindo fluxo de caixa neutro para a companhia no período.

Mercado vê 'balanço fraco'

A análise do CEO da Natura também é corroborado por parte dos analistas de mercado, que apontam que o fraco desempenho da empresa de cosméticos no terceiro trimestre refletiu um ambiente de consumo mais fraco do que o esperado, especialmente no Brasil, além de desafios na implementação da "Wave 2", que afetaram a integração e os custos na América Latina.

Itaú BBA, Citi e XP Investimentos destacam a pressão sobre receitas e margens, com deterioração mais acentuada que o previsto e dificuldades tanto na Natura quanto na Avon.

"Dada a nova divulgação e reformulação, temos dificuldade em fazer comparações/conclusões mais assertivas neste momento. Dito isso, nossa visão preliminar é que claramente o ambiente de demanda para beleza, especialmente no Brasil, tem sido mais desafiador do que esperávamos inicialmente", disse em relatório o analista João Pedro Soares do Citi.

"Esse desempenho pode minar ainda mais a confiança, dificultando o ancoramento das expectativas e possivelmente atrasando uma recuperação das ações", afirmaram os analistas do Itaú BBA.

Apesar de reconhecerem os esforços de reestruturação e as medidas de eficiência em andamento, as casas avaliam que a recuperação deve ser lenta, com um quarto trimestre ainda desafiador.

"Olhando adiante, esperamos que a dinâmica desafiadora persista no quarto trimestre, ainda que com uma leve melhora sequencial, à medida que a Onda 2 amadurece no México e na Argentina e a Natura implementa medidas táticas de eficiência que devem evoluir para iniciativas estruturais, impulsionando ganhos de produtividade", disseram Danniela Eiger, Pedro Caravina e Laryssa Sumer, que assinam o relatório da XP.

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