Palantir: ação da empresa caiu 16% em novembro (Divulgação/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 28 de novembro de 2025 às 17h41.
A Palantir atravessa um dos períodos mais turbulentos dos últimos dois anos. As ações da companhia de software de análise de dados desabaram 16% em novembro, registrando o pior desempenho mensal desde agosto de 2023. O tombo veio em meio à forte realização de lucros nas empresas de inteligência artificial (IA) e ao aumento dos temores sobre a avaliação considerada excessivamente elevada, um debate que se intensificou após o investidor Michael Burry, famoso por prever a crise de 2008, apostar contra a companhia.
A empresa até começou o mês com força. Sediada em Denver, a Palantir superou as expectativas de Wall Street para o terceiro trimestre, entregou seu segundo período consecutivo com receita acima de US$ 1 bilhão e reforçou o discurso de expansão comercial. Mesmo assim, os papéis caíram logo após o balanço. O ruído não vinha dos resultados, mas da percepção de que o mercado já pagava caro demais pela tese de investimentos.
Analistas da Jefferies ouvidos pela CNBC classificaram a avaliação como “extrema”, recomendando que investidores buscassem uma relação risco-retorno mais equilibrada em nomes de IA como Microsoft e Snowflake. No mesmo tom, a RBC Capital Markets apontou preocupação com o crescimento “cada vez mais concentrado” da Palantir, enquanto o Deutsche Bank definiu o preço das ações como “difícil de compreender”.
A pressão aumentou de forma drástica quando veio a revelação de que Michael Burry ampliou sua aposta contra a Palantir, e também contra a Nvidia. O investidor acusou hiperescaladores de inflarem artificialmente seus lucros, dando combustível a uma onda de vendas que já ganhava tração entre investidores receosos de uma nova bolha de tecnologia.
A resposta veio no mesmo tom. O CEO da Palantir, Alex Karp, fez duas aparições na CNBC em apenas uma semana e acusou Burry de “manipulação de mercado”, classificando sua postura como “escandalosa”. Em uma das entrevistas, defendeu enfaticamente a empresa: “A ideia de que chips e ontologia são o que você quer atacar a descoberto é uma loucura”.
Apesar do ambiente adverso, a Palantir fechou novembro com novos contratos relevantes, incluindo uma parceria plurianual com a PwC para acelerar a adoção de IA no Reino Unido e um acordo com a empresa de manutenção aeronáutica FTAI. Os anúncios, porém, não foram suficientes para reverter o sentimento negativo que tomou conta de praticamente todo o setor de IA.
O movimento foi generalizado. A Nvidia recuou mais de 12% no mês, enquanto Microsoft e Amazon caíram cerca de 5% cada. Entre as empresas de computação quântica, Rigetti Computing e D-Wave Quantum perderam mais de um terço de seu valor de mercado. Dentro do grupo das Magnificent 7, apenas Apple e Alphabet fecharam novembro no campo positivo.
Ainda assim, a avaliação da Palantir continua muito acima dos pares. Mesmo após a forte correção, a empresa é negociada a 233 vezes o lucro projetado, contra cerca de 38 vezes no caso da Nvidia e 30 vezes para a Alphabet.
Karp, por sua vez, mantém o tom provocativo. Em carta aos acionistas, afirmou que a Palantir está permitindo que investidores comuns acessem retornos antes “reservados aos capitalistas de risco mais bem-sucedidos de Palo Alto”. Em teleconferência de resultados, elevou a retórica: “Liguem a televisão e vejam como estão infelizes aqueles que não investiram em nós. Divirtam-se, peguem a pipoca, eles estão chorando. Estamos aprimorando esta empresa dia após dia”.