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Ações da Nvidia atingiram o teto? Por que a companhia cai na bolsa após triplicar a receita

Gigante de tecnologia volta a superar as estimativas do mercado em resultado impulsionado pela inteligência artificial

 (David Paul Morris/Bloomberg/Getty Images)

(David Paul Morris/Bloomberg/Getty Images)

Publicado em 22 de novembro de 2023 às 15h49.

A Nvidia voltou a superar com folga as expectativas do mercado em balanço do terceiro trimestre, mais uma vez impulsionado pela maior demanda por inteligência artificial. A receita da fabricante de placas de vídeo ficou em US$ 18,12 bilhões, com crescimento anual de 206% e trimestral de 34%. O lucro por ação, que cresceu 6 vezes em relação ao mesmo período do ano passado, ficou em US$ 4,02. A alta foi de 49% frente ao trimestre anterior. O consenso da Refinitiv era de uma receita de US$ 16,18 bilhões e de US$ 3,27 de lucro por ação. A projeção da própria empresa era de uma receita próxima de US$ 16 bilhões.

Um resultado tão acima do esperado para a receita e lucro da empresa costuma ser sucedido de uma forte alta das ações, com investidores precificando um cenário melhor que o projetado. As ações da Nvidia, no entanto, caem mais de 2% em pregão na Nasdaq nesta quarta-feira, 22. 

Matheus Popst, sócio da Arbor Capital, afirmou que embora tenham superado as projeções de analistas do sell-side, os números saíram dentro das expectativas do buy-side. "Não foi bom o suficiente para os otimistas comprarem mais ações e nem tão ruim para venderem. A queda de hoje é bastante marginal para o tanto que a ação já subiu no ano", disse.

Considerada uma das mais beneficiadas pelo novo ciclo da inteligência artificial, a Nvidia teve valorização de cerca de 240% no ano e entrou para o clube do trilhão. Na segunda-feira, 20, ainda antes da divulgação do resultado do terceiro trimestre, a companhia atingiu máxima histórica, com as ações sendo negociadas a US$ 505,47 e o valor de mercado indo além de US$ 1,2 trilhão. 

O valor de mercado coloca a Nvidia como a sexta companhia mais valiosa do mundo, somente atrás de Alphabet, Microsoft, Apple, Amazon e Saudi Aramco. Para parte do mercado, o preço já estaria bastante esticado, mesmo com os resultados acima do esperado comprimindo os múltiplos das ações.

O balanço do terceiro trimestre fez com que a ação passasse a ser negociada a um múltiplo preço/lucro (P/L) de 62 vezes nos últimos 12 meses e perto de 32 vezes os lucros projetados para 2024. Antes do resultado, os múltiplos eram de mais de 112 vezes e quase 50 vezes, respectivamente, reforçou Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research.

"Ainda assim, com mais de US$1,2 trilhão de valor de mercado, a margem para erro me parece cada vez menor caso a companhia eventualmente decepcione os investidores", escreveu em nota.

Barra cada vez mais alta

Para Matheus Popst, dada a recente valorização, a Nvidia terá que apresentar resultados muito melhores que o esperado para as ações apresentarem uma forte alta. "Mas se o resultado sair abaixo do esperado, a reação poderá ser catastrófica", afirmou.

Essa dinâmica, explicou o sócio da Arbor Capital, é explicada pelo fato de a empresa subestimar com frequência seu potencial de crescimento. "A Nvidia sempre prevê um crescimento mais baixo do que consegue entregar. Até ignoro as expectativas, porque sei que o resultado será mais forte."

Para o próximo trimestre, a Nvidia projeta uma receita de US$ 20 bilhões. "O consenso é a empresa superar o consenso. A Nvidia tem entregue resultados. Mas a barra está cada vez mais alta", disse Popst.

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