A Ambipar (AMBP3) obteve a aprovação para uma tutela cautelar antecedente, medida que visa protegê-la de possíveis credores.
Devido ao fato relevante divulgado na manhã desta quinta-feira, 25, as ações da companhia permaneceram em leilão até 11h17 (horário de Brasília). Abriram em queda de 45,4%, entrando em leilão novamente. Voltaram a ser negociadas e seguiram aprofundando perdas, chegando a uma baixa de 50% quando o leilão foi acionado pela terceira vez.
Já no fechamento, os papéis reduziram as perdas e fecharam em queda de 24,24%, registrando a segunda maior queda diária desde a abertura de capital, atrás apenas do tombo de 27,70% em 13 de agosto de 2024. "A reação do mercado fez a empresa perder R$ 4 bilhões em valor de mercado em apenas um dia, uma quantia equivalente ao valor inteiro da Intelbras, hoje avaliada em R$ 4,05 bilhões", afirma Einar, da Elos Ayta.
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O motivo da queda das ações da Ambipar
O pedido, segundo comunicado, foi motivado pelos “impactos financeiros negativos” decorrentes de operações com derivativos ligados aos green bonds (títulos verdes, em português) emitidos pelo grupo. A empresa de gestão ambiental destacou que essa medida visa garantir a continuidade de suas operações e proteger seus ativos enquanto negocia alternativas com os credores.
A decisão judicial suspende cláusulas contratuais que poderiam antecipar o vencimento das dívidas da Ambipar, além de suspender a exigibilidade das obrigações vinculadas a esses contratos.
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Longo processo de desvalorização
Nos dois últimos dias, a Ambipar viu R$ 7,75 bilhões evaporarem de seu valor de mercado, cifra que se aproxima da capitalização atual da Unipar Carbocloro (R$ 7,8 bilhões). E o estrago se amplia quando se olha para a semana: a perda acumulada chega a R$ 11,16 bilhões, praticamente o tamanho de uma Cyrela, que hoje vale R$ 11,13 bilhões.
"O gráfico de valor de mercado da companhia mostra que a derrocada recente coroa um longo processo de desvalorização desde o pico alcançado em 13 de dezembro de 2024, quando a Ambipar atingiu R$ 44,85 bilhões. De lá para cá, a empresa perdeu impressionantes R$ 32,3 bilhões, montante praticamente idêntico ao valor atual da Gerdau (R$ 32,1 bilhões)", comenta Einar Rivero.
Apesar do cenário desafiador ajudarem a explicar parte dessa correção, "a magnitude do recuo sinaliza que investidores estão reprecificando o risco do negócio, e que a confiança, elemento essencial no mercado de capitais, está sob pressão", completa Rivero.
Troca de CFO e rolagem de dívida
Na última segunda, a companhia anunciou a troca na direção financeira, com a saída de João de Arruda e a entrada de Ricardo Garcia, que passou a acumular as funções de diretor financeiro (CFO) e de relações com investidores.