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‘Ambição é dobrarmos a Ânima’, diz Paula Harraca, CEO da companhia

Lucro da empresa de educação cresceu 88% no 3º trimestre, para R$ 36,5 milhões

Paula Harraca, CEO da Ânima: 'dinheiro é suado e cuidamos bem dele' (Daniel Mag/ Ânima/Divulgação)

Paula Harraca, CEO da Ânima: 'dinheiro é suado e cuidamos bem dele' (Daniel Mag/ Ânima/Divulgação)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 6 de novembro de 2025 às 18h45.

“Continuamos com a ambição de dobrarmos a Ânima, é assim que a presidente da companhia, Paula Harraca, visualiza o futuro.

A empresa registrou um lucro líquido de R$ 36,5 milhões no período, aumento de 87,9% em comparação ao terceiro trimestre de 2024. Já o lucro líquido ajustado cresceu 2,7% para R$ 50,3 milhões de julho a setembro de 2025.

O EBITDA ajustado subiu 12,1% para R$ 374,3 milhões, com margem EBITDA ajustada em 37,2%, aumento de 1,6 ponto percentual (p.p.) no terceiro trimestre de 2025. Em receita líquida, a companhia viu seu número saltar para R$ 1 bilhão no período, crescimento de 7,2% em comparação aos mesmos meses de 2024.

“Temos um cuidado muito grande com o dinheiro, é um dinheiro muito suado para o aluno que paga a faculdade, o dinheiro tem que servir o aluno. Nisso melhoramos nossa eficiência e temos conseguido crescer receitas sem elevar custos na mesma proporção”, aponta Átila Simões da Cunha, CFO da Ânima.

Houve queda de 12,1% nas despesas comerciais consolidadas versus o terceiro trimestre de 2024, com redução da Provisão para Devedores Duvidosos (PDD), devido à melhora da adimplência e leve redução dos gastos de marketing. Já as despesas gerais e administrativas recuaram 18,9%.

A companhia encerrou o trimestre com uma alavancagem de 2,40x, abaixo dos 2,71x apresentados no terceiro trimestre de 2024 e os 2,66x apresentados no segundo trimestre de 2025, refletindo a consistência da geração de caixa das operações. Segundo Harraca, é a melhor alavancagem da história da Ânima.

A fim de comparação, no quarto trimestre de 2022, a alavancagem estava em 4,1x. “São 11 trimestres consecutivos reduzindo organicamente a alavancagem, mesmos nos cenários mais adversos de juros”, comenta a presidente.

Aumento do tíquete médio

O tíquete médio cresceu no ensino acadêmico de todas as verticais: Ânima Core (+6,7% versus terceiro trimestre de 2025), Ensino Digital (+6,9%) e Inspirali (+3,8%). Para os executivos, o que explica isso é uma maior qualidade do aluno ingressante em detrimento de volumes.

“O aluno que vem com mais ticket, ele é um aluno que vem com mais qualidade, que valoriza mais a educação, que se compromete mais com a sala de aula. Consequentemente, ele é um aluno que evade menos no futuro e que tem maiores condições de pagar o boleto em dia”, diz da Cunha.

Já a base de alunos da Ânima Core, principal carro-chefe da empresa, recuou 3,3%. A pressão negativa vem de captações menores em anos passados. “Se lá em 2021, 2022 e 2023, houve uma captação menor, a medida que os alunos vão se formando, essa base vai caindo”, pontua o CFO.

Entretanto, ele afirma que a empresa conseguiu inverter o movimento e a captação cresceu 8% no primeiro semestre e 5% no meio do ano. Por outro lado, a evasão da Ânima Core subiu em 5,5%.

Tchau integrações, olá consolidação

A Ânima agora está em uma nova fase. “Passamos muito tempo digerindo a aquisição da Laureate, integrando os ativos. E uma vez que finalizamos esse processo temos toda essa energia direcionada para entregar valor para o aluno”, diz o CFO.

Harraca complementa: “Esse é um ano de virada. Quando você está trabalhando uma integração, os esforços vão para sinergia e naturalmente as pessoas olham custos, ainda mais para um cenário alavancado, com dívida alta. Foi esse o contexto no qual a Ânima estava navegando, a energia estava para lá.”

Agora é hora de se consolidar.

“A gente vem investindo para gerar uma espiral positiva: mais qualidade gera mais receita, mais receita com menos custo gera mais margem, que nos dá mais capacidade de investir no aluno, e entramos em um ciclo, que é o que impulsiona os resultados", diz da Cunha.

Nesse sentido, o novo Marco Regulatório do EAD, que desde setembro exclui a possibilidade de alguns cursos serem ministrados à distância, foi benéfico para a companhia. Isso porque a Ânima não apostava no EAD como carro-chefe — representa só 7% das receitas.

“Se a Ânima perdeu um pouco de espaço porque não acreditou no digital, agora a realidade vem de encontro com a nossa estratégia, que era privilegiar essas outras modalidades”, destaca o CFO.

A queda de juros também pode ser um impulso para a empresa e para os papéis, que já sobem 120% no ano. “Se hoje nós estamos penalizados por conta dos juros, na hora que começar a cair, nossos resultados terão um vento de cauda”, complementa o executivo.

Segundo ele, cada 100 pontos-base da Selic equivale a R$ 30 milhões de lucro para a empresa.

Chamada de “terceira onda” esse momento que a Ânima vive, Harraca enfatiza que o foco da empresa agora está nos alunos. “A Ânima confirmou para ela mesma e para todos os stakeholders, que ela consegue ter um olhar cuidadoso de manter essa excelência na experiência do aluno”, diz.

Entretanto, ela não descarta a possibilidade de novas aquisições. “Essa consistência da nossa estratégia e essa solidez financeira nos permitem, sim, estarmos abertos a olhar as oportunidades no mercado.”

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