Argentina: partido de Javier Milei perde eleições na Província de Buenos Aires
Repórter de finanças
Publicado em 8 de setembro de 2025 às 14h50.
Última atualização em 8 de setembro de 2025 às 14h57.
A derrota do partido de Javier Milei, La Liberdad Avanza (LLA), nas eleições da Província de Buenos Aires já impactam fortemente o mercado. Por volta das 15h, o Merval, principal índice de referência para a bolsa da Argentina, caía mais de 12%.
As eleições de 7 de setembro serviram como um importante termômetro para o pleito de outubro e trouxeram uma surpresa: nenhuma pesquisa havia previsto uma diferença tão expressiva, com derrota de 13 pontos percentuais (47% vs. 34%).
Diante do resultado, a reação inicial do governo foi minimizar seu impacto, reconhecer erros, reafirmar o plano em andamento e defender que os 37% obtidos pela LLA representam apenas o seu “piso nacional”.
Mas o mercado não está visualizando da mesma forma que Milei. Após a vitória inesperada do Partido Justicialista nas eleições da província de Buenos Aires, o Morgan Stanley retirou sua recomendação de compra para ativos argentinos.
Na avaliação do banco, o cenário para a Argentina torna-se agora mais desafiador, com riscos à continuidade das reformas propostas pelo governo Milei e dúvidas sobre a capacidade de acesso a financiamento externo. A consequência esperada é uma queda nos retornos dos títulos soberanos.
O Bradesco BBI prevê um “estresse generalizado nos ativos argentinos” no câmbio, ações e bonds. O peso argentino também pode testar o teto da banda de câmbio.
O risco-país pode disparar acima de 1.000 pontos-base, e as ações podem ser reprecificadas para um novo piso de 3,5–5% do Produto Interno Bruto (PIB), implicando queda potencial de 25–50%, em meio à ausência de qualquer narrativa sustentável.
“Com a deterioração da narrativa de reformas estruturais, a volatilidade deve persistir”, diz o BBI.
O banco reitera a recomendação underweight para ações argentinas, “aguardando uma luz no fim do túnel e um ponto de entrada mais favorável”.
“Favorecemos nomes menos expostos à atividade doméstica e à volatilidade cambial, como Pampa Energía, YPF, TGS, IRSA e Grupo Financiero Galicia”, escrevem.