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Após queda no lucro da Tesla, Musk afirma que reduzirá vínculos com governo Trump

Neste trimestre, a montadora teve queda de 71% nos lucros em relação ao mesmo período de 2024

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 22 de abril de 2025 às 20h03.

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O empresário Elon Musk anunciou nesta terça-feira, 22, que dedicará menos tempo ao governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para concentrar esforços na Tesla. A decisão ocorre logo após o balanço da montadora mostrar números abaixo das expectativas do mercado para o primeiro trimestre de 2025.

O lucro da Tesla registrou uma queda de 71% em relação ao mesmo período de 2024, para US$ 409 milhões, enquanto a receita da companhia caiu 9%, para US$ 19,33 bilhões entre janeiro e março, ante US$ 21,3 bilhões do mesmo período do ano anterior.

O lucro por ação ajustado ficou em US$ 0,27, significativamente inferior aos US$ 0,44 projetados. A produção total da Tesla diminuiu 16% no primeiro trimestre, na comparação anual, para 362,6 mil veículos. As entregas recuaram 13%, para 336,7 mil unidades. As despesas operacionais subiram 9% no primeiro trimestre, para US$ 2,75 bilhões.

Em uma teleconferência feita após a divulgação dos resultados, Musk disse que continuará a dedicar um ou dois dias por semana a questões governamentais "pelo tempo que o presidente Trump quiser", segundo informações da CNBC.

Sentimento político

Antes crítico do republicano, Elon Musk passou a apoiar ativamente a campanha do atual presidente, participando de eventos eleitorais e contribuindo financeiramente com valores milionários. Durante a campanha presidencial, o bilionário gastou quase US$ 300 milhões para ajudar Donald Trump a reconquistar a Casa Branca.

Depois das eleições, ele passou a ocupar um cargo extraoficial no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) com a missão de reduzir drasticamente o tamanho e do governo federal.

No entanto, o magnata atribuiu parte da queda na demanda por veículos elétricos a "mudanças no sentimento político".

Além dos desafios que a empresa já enfrentava, como a concorrência da China e uma frota envelhecida de veículos elétricos, a Tesla foi recentemente atingida por protestos nos EUA e na Europa em razão dos laços de Musk com Trump e por seu apoio ao partido de extrema-direita alemão AfD.

"Os protestos que vocês verão por aí são muito organizados", disse Musk na teleconferência desta terça-feira. Ele alegou, sem provas, que algumas pessoas provavelmente estão protestando "porque estão recebendo dinheiro".

Em seu site, atualizado pela última vez no domingo, o DOGE afirma que seus cortes resultaram em uma economia estimada em US$ 160 bilhões. No entanto, as estimativas de Musk sobre a economia foram contestadas, e o DOGE excluiu algumas dessas informações.

No mesmo período, a Tesla perdeu cerca de US$ 600 bilhões em capitalização de mercado.

A Casa Branca informou no início de fevereiro que Musk estava servindo como "funcionário especial do governo", uma designação com menos requisitos em relação a divulgações de conflitos de interesse.

O Departamento de Justiça afirma que o título se aplica a qualquer pessoa que trabalhe para o governo por 130 dias, ou menos, em um ano. O governo Trump completará 130 dias no final de maio.

Aposta em novos modelos e robotáxis

Apesar do cenário desafiador, a Tesla reforçou que os planos para lançar novos modelos de veículos mais acessíveis continuam em andamento, com a produção prevista para começar no primeiro semestre de 2025. A empresa também reafirmou a intenção de iniciar a fabricação em escala dos robotáxis em 2026 — pontos que vinham gerando dúvidas entre investidores.

As ações da companhia encerraram o dia com alta de 4,6%, mas no pós-mercado a valorização desacelerou para 0,76%.

A montadora apontou a instabilidade no cenário comercial como um dos principais fatores por trás da queda nas vendas. Em resposta à incerteza, a empresa anunciou que revisará suas metas para 2025 na próxima atualização financeira e suspendeu, por ora, suas projeções de crescimento de longo prazo.

“A incerteza nos mercados automotivo e de energia continua a aumentar, à medida que políticas comerciais em rápida evolução impactam negativamente a cadeia de suprimentos global e a estrutura de custos da Tesla e de nossos concorrentes”, disse a empresa em comunicado. “Essa dinâmica, juntamente com a mudança no sentimento político, pode ter um impacto significativo na demanda por nossos produtos no curto prazo.”

No trimestre, a margem bruta da Tesla foi de 16,3%, superando levemente a estimativa de 16,1%. A margem automotiva, excluindo créditos regulatórios, ficou em 12,5%.

Anteriormente, a empresa havia prometido lançar um modelo elétrico de baixo custo ainda na primeira metade de 2025 com outros lançamentos planejados para impulsionar o crescimento da companhia

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