Mercados

As razões que levam o HSBC a não ver alívio para a bolsa até 2012

Relatório do banco sobre as ações brasileiras pinta um cenário de incertezas criado pelo juro e inflação em alta

“Mantemos nossa postura geral de cautela sobre as ações brasileiras", dizem os analistas (Peter Macdiarmid/Getty Images)

“Mantemos nossa postura geral de cautela sobre as ações brasileiras", dizem os analistas (Peter Macdiarmid/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2011 às 11h15.

São Paulo – O mercado de ações brasileiro pode não encontrar um alívio até 2012, prevê a equipe de análise do banco HSBC em relatório publicado nesta semana. Os analistas estão preocupados com a manutenção da taxa de juro em 12,5% ao ano por um tempo prologando com a persistência dos preços em níveis elevados.

“Mantemos nossa postura geral de cautela sobre as ações brasileiras, pois não prevemos a chegada de um alívio pelo lado das taxas de juros e continuamos receosos quanto à trajetória da inflação para o final deste ano e em 2012”, mostra a análise assinada por Alexandre Gartner e Francisco Vanzolini.

- Sem sinal de redução de juros até 2013

O HSBC espera que a inflação chegue ao pico ligeiramente abaixo de 7% em agosto e depois siga em direção para 5,4% em 2012. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de junho ficou em 6,71% em 12 meses.

“Está claro que a inflação será persistente, pressionada pelo mercado de trabalho em aperto recorde, e o crescimento contido por investimentos abaixo dos pares (o que consideramos insustentável); não vemos espaço para um afrouxamento monetário até 2013”, dizem os analistas.

A expectativa do mercado, medida pelo relatório Focus do Banco Central, aponta para um IPCA em 6,31% ao final de 2011 e de 5,2% em 2012. Para a taxa Selic, a expectativa é de que encerre o ano a 12,75% e persista em tal patamar no ano seguinte. Vale lembrar que a coleta de informações foi realizada antes da última reunião do BC, que indicou o fim do apeto monetário.

- Cenário de alta de juros limita o retorno das ações

Segundo o banco, as avaliações dos analistas para as ações “simplesmente incorporaram uma perspectiva de taxa de juros mais alta por mais tempo”. Gartner e Vanzolini lembram que o Brasil é negociado em aproximadamente 9 vezes o índice preço sobre lucro (P/L) de 12 meses à frente, segundo o consenso. O múltiplo representa um desconto de 14% para os emergentes globais e para a sua própria média histórica.


“É justo afirmar que a perspectiva de lucro por ação é bastante desanimadora, com crescimento de 9% nos próximos 12 meses (um nível raramente visto) e que os rebaixamentos chegaram a um ponto final. Porém, cremos que as taxas de juros estabelecerão um teto para a avaliação das ações até haver visibilidade quanto a um ciclo de afrouxamento monetário”, explicam.

- Mudança nas recomendações

Após um forte desempenho das ações consideradas defensivas, o HSBC aposta que o momento atual pode ser propício para adicionar algum risco à carteira. O banco rebaixou a recomendação para Telecomunicações e Serviços Públicos de neutra para underweight (alocação abaixo da média do mercado). O setor de Concessões, “que representa defesa contra inflação”, passou de overweight (alocação acima da média do mercado) para underweight.

“Alteramos nossa lista recomendada, para focar em histórias bottom-up [companhias que não dependem do setor ou das condições econômicas] as quais acreditamos estarem excessivamente descontadas neste momento”, explicam os analistas. A lista recomendada de ações para o terceiro trimestre de 2011 tem Itaú (ITUB4), Lojas Renner (LREN3), Hering (HGTX3), OGX (OGXP3), Brasil Foods (BRFS3), Odontoprev (ODPV3), São Martinho (SMTO3) e SLC Agrícola (SLCE3).

“Esperamos que esses nomes tenham desempenho superior uma vez que o mercado absorva totalmente o cenário de taxas mais altas ao longo dos próximos meses, e que essas empresas continuem a gerar fortes resultados”, concluem.

Acompanhe tudo sobre:AçõesMercado financeiroAnálises fundamentalistas

Mais de Mercados

B3 reforça estratégia em duplicatas com aquisição de R$ 37 milhões

Sob 'efeito Coelho Diniz', GPA fecha segundo dia seguido entre maiores altas da bolsa

Trump diz que está preparado para disputa judicial pela demissão de Lisa Cook do Fed

Dólar fecha em leve alta de a R$ 5,43 com dados do IPCA-15