Invest

Assassinato e perda de US$ 280 bilhões: o pesadelo da UnitedHealth, nova aposta de Buffett

Grande parte dos problemas estava no ramo que vendia o seguro saúde Medicare Advantage

A UHG emprega ou tem sob contrato cerca de 10% de todos os médicos nos Estados Unidos (PATRICK T. FALLON/AFP/Getty Images)

A UHG emprega ou tem sob contrato cerca de 10% de todos os médicos nos Estados Unidos (PATRICK T. FALLON/AFP/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 05h07.

Última atualização em 15 de agosto de 2025 às 07h03.

O mercado financeiro se surpreendeu com a revelação da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, de que comprou 5 milhões de ações da UnitedHealth (UHG), a maior empresa privada de saúde dos EUA.

O conglomerado está longe de navegar num mar de tranquilidade.

Em abril, o CEO Andrew Witty apresentou resultados do primeiro trimestre tão ruins que as ações despencaram 22% em poucas horas. Vinte e seis dias depois, em 13 de maio, a empresa divulgou um comunicado na madrugada anunciando que Witty havia renunciado por motivos pessoais não especificados, e que Stephen Hemsley, presidente do conselho e ex-CEO, seria o principal executivo novamente. As ações despencaram outra vez.

No dia seguinte, o Wall Street Journal noticiou que o Departamento de Justiça passou a investigar o grupo por possível fraude criminosa ao Medicare.

Nos primeiros meses deste ano, a UnitedHealth viu evaporar US$ 280 bilhões em valor de mercado, segundo a Fortune.

Líder do setor nos EUA, analistas se perguntam, principalmente agora depois da compra de ações via Berkshire, o que será do conglomerado?

Assassinato e crise nas contas

A crise de imagem ganhou novos contornos em dezembro passado, quando o CEO da unidade de planos de saúde da UnitedHealth, o UnitedHealthcare, Brian Thompson, foi assassinado em Manhattan. O criminoso teria sido motivado pelo fato de que, na visão dele, as grandes seguradoras priorizam o lucro em detrimento do bem-estar dos pacientes.

A explicação de Witty para o péssimo trimestre não foi totalmente convincente para os analistas de Wall Street. As demonstrações financeiras da UHG deixaram claro que havia problemas em vários ramos da companhia.

Grande parte dos problemas estava no ramo que vendia o seguro saúde Medicare Advantage. A empresa presumiu que os beneficiários usariam o plano de saúde em 2025 aproximadamente na mesma proporção que em 2024, disse Witty, mas, em vez disso, seu uso "aumentou o dobro dessa taxa", segundo a Fortune.

Na lógica de negócios do seguro saúde, isso era uma má notícia, porque se os pacientes usam bastante um plano de saúde, uma seguradora consegue menos lucro. Witty disse aos analistas que não conseguia explicar por que os beneficiários usavam tanto mais o plano de saúde.

Os analistas também não conseguiram, observando que outras grandes seguradoras, como Humana e Aetna, não mencionaram um pico semelhante.

Outro problema estava nos negócios da UHG, que prestavam atendimento a pacientes em consultórios médicos e centros cirúrgicos ambulatoriais de sua rede. A UHG emprega ou tem sob contrato cerca de 10% de todos os médicos nos Estados Unidos.

Ao contrário do negócio de seguros da empresa, este ramo perde lucro quando os pacientes recebem menos atendimento do que o esperado dos provedores da UHG. No primeiro trimestre, pacientes com seguro não pertencente à UHG utilizaram os médicos da empresa menos do que o previsto; novamente, Witty não conseguiu explicar completamente o porquê.

Um fator potencial importante que pode prejudicar a UHG muito mais do que outras seguradoras no futuro é uma mudança no Medicare. A empresa é de longe a maior vendedora de apólices de seguro Medicare Advantage, que incluem recursos que o Medicare tradicional não oferece.

Para cada segurado, o Medicare paga à seguradora um valor fixo com base no grau de doença da pessoa, baseado, por sua vez, no relatório da seguradora sobre as doenças e condições de cada pessoa.

No dia em que Witty deixou o cargo, a empresa apresentou um relatório à Comissão de Valores Mobiliários (SEC) detalhando a remuneração de Hemsley como CEO: um salário-base anual de US$ 1 milhão e uma concessão única de US$ 60 milhões em opções de ações "com direito à aquisição após três anos". Além disso, não haveria "nenhuma concessão anual adicional de ações durante os três primeiros anos de trabalho do Sr. Hemsley".

Agora resta esperar como será o futuro da empresa depois da investida milionária do "Oráculo de Omaha".

Acompanhe tudo sobre:UnitedHealthPlanos de saúdewarren-buffettBerkshire Hathaway

Mais de Invest

Investidores da China movimentam US$ 4,6 bilhões e batem recorde no mercado de Hong Kong

Bolsas globais operam perto de máximas à espera de reunião entre Trump e Putin

Eli Lilly eleva preço do Mounjaro no Reino Unido em até 170% a partir de setembro

Mega-Sena: resultado do concurso 2.901; prêmio é de R$ 46,2 milhões