Banco Safra (Germano Lüders/Exame)
Editora do EXAME IN
Publicado em 20 de maio de 2025 às 07h43.
O Safra revisou para cima sua projeção para o Ibovespa nos próximos 12 meses, de 155 mil para 170 mil pontos, em meio à melhora nas perspectivas macroeconômicas e à valorização das ações brasileiras no ano.
O otimismo, segundo o banco, reflete sinais de desaceleração econômica que reforçam o fim do ciclo de aperto monetário, favorecendo um ambiente mais positivo para os mercados na primeira metade de 2025.
Além disso, a valorização de aproximadamente 16% do Ibovespa no acumulado do ano — em linha com bolsas como China e México — evidencia a atratividade do Brasil num contexto de busca global por diversificação, motivada pelas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
Mesmo com a alta recente, o Ibovespa segue negociado 24% abaixo da média histórica dos últimos dez anos, considerando a relação entre preço e lucro, aponta o banco.
As empresas brasileiras, por outro lado, continuam apresentando fundamentos sólidos, com crescimento de lucro de cerca de 13% no primeiro trimestre.
A expectativa é que o fim do ciclo de alta de juros estimule melhores resultados das empresas em 2026 e um maior movimento de migração de investidores locais da renda fixa para a bolsa. Nesse contexto, o Brasil se destaca entre os emergentes, negociado com desconto acima da média.
A equipe econômica do banco mantém uma visão cautelosa, mas construtiva, em relação à inflação. A projeção é de IPCA em 5,1% para 2025, o que deve manter a Selic em 14,75% ao ano até o fim do terceiro trimestre, com queda para 13,75% até dezembro.
Com a combinação de política monetária ainda apertada e estímulos moderados ao consumo, o Safra revisou sua projeção de crescimento do PIB para 2025 de 1,5% para 1,7% — ainda abaixo do consenso de mercado (2,0%). Para 2026, o banco projeta crescimento de 1,8%, inflação de 3,8%, Selic a 11% e dólar a R$ 5,92.
Com o rali acumulado no ano, o Safra acredita que o Ibovespa pode passar por uma fase de estabilidade de curto prazo antes de retomar o movimento de alta.
Por isso, recomenda uma posição equilibrada entre setores defensivos (commodities, utilities, bancos e shoppings) e nomes mais cíclicos.
Para um horizonte de investimento mais longo, que pode se beneficiar da queda nos juros, o banco destaca Cyrela (construção), Vivara (varejo), Yduqs (educação) e Localiza (transporte) como boas apostas.
O relatório destaca, no entanto, que o cenário ainda envolve riscos relevantes, como uma desaceleração global mais intensa (com impacto sobre commodities), uma deterioração fiscal no Brasil ou aperto monetário adicional nos EUA.