Entre os nomes listados, os mais afetados são Magazine Luiza (MGLU3), que tinha R$ 2,9 bilhões nesse tipo de operação ao fim do primeiro trimestre, enquanto Casas Bahia (BHIA3) somava R$ 1,7 bilhão (smartboy10/Getty Images)
Editora do EXAME IN
Publicado em 27 de maio de 2025 às 16h11.
Última atualização em 27 de maio de 2025 às 18h24.
A elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em operações de crédito e câmbio anunciada pelo governo deve ter impacto relevante sobre o custo de financiamento no Brasil — especialmente para empresas que dependem de linhas bancárias.
Em relatório publicado nesta segunda-feira, 27, o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de Exame) aponta que a medida pode prejudicar ainda mais a atividade econômica, já afetada por uma política monetária restritiva.
Na avaliação da equipe de macroeconomia do banco, as mudanças podem representar um acréscimo superior a 5 pontos percentuais no custo total de linhas com prazo médio de 2,5 anos, estima o banco.
Para os analistas, o aumento do IOF sobre crédito pode inclusive acelerar a migração de grandes empresas para o mercado de capitais, em busca de alternativas mais baratas. Já pequenas e médias empresas, com acesso restrito a emissões, tendem a sentir mais o impacto.
As alterações incluem a reclassificação do risco sacado como operação de crédito — o que obriga a incidência do IOF — e o aumento da alíquota máxima de 1,88% ao ano para 3,95%.
“O setor mais afetado tende a ser o varejo, por sua maior exposição ao adiantamento de recebíveis e ao uso do risco sacado, agora incluído na cobrança do IOF”, escreve o analista Luiz Guanais.
Entre os nomes listados, os mais afetados são Magazine Luiza (MGLU3), que tinha R$ 2,9 bilhões nesse tipo de operação ao fim do primeiro trimestre, enquanto Casas Bahia (BHIA3) somava R$ 1,7 bilhão.
Embora a maior parte do custo recaia sobre os fornecedores, o aumento da alíquota reduz a atratividade dessa ferramenta, usada para alongar prazos e fortalecer o relacionamento com parceiros.
O relatório destaca que empresas podem migrar parte dessas operações para estruturas com FIDCs, que seguem isentas do imposto.
Além do varejo, empresas de alimentos e distribuidoras de combustíveis também devem sentir os efeitos, ainda que de forma mais limitada. Entre os produtores de proteína, Minerva seria a mais impactada, com um efeito estimado de 1% no Ebitda.
Já entre as distribuidoras, Raízen (RAIZ4) teria a maior exposição, com R$ 9,6 bilhões em operações do tipo, seguida por Ultrapar (UGPA3), com R$ 1,2 bilhão.
Por fim, a tributação de aportes mensais acima de R$ 50 mil em planos VGBL deve afetar produtos de previdência privada voltados ao público de alta renda, com reflexos sobre BB Seguridade (BBSE3) e Caixa Seguridade (CXSE3).
No entanto, como o impacto incide apenas sobre novos aportes e representa uma fatia relativamente pequena do total investido, o efeito deve ser limitado por ora.