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Azul (AZUL4) no vermelho: ações afundam 14% após balanço, apesar de receita recorde

Empresa teve um prejuízo de R$ 1,8 bilhão, alta de 460% nas perdas; cenário macro e custos operacionais pressionam margens da aérea

Azul (AZUL4) no vermelho: ações afundam 14% após prejuízo bilionário, apesar de receita recorde (Divulgação)

Azul (AZUL4) no vermelho: ações afundam 14% após prejuízo bilionário, apesar de receita recorde (Divulgação)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 14 de maio de 2025 às 14h32.

As ações da Azul (AZUL4) lideram as baixas na B3 nesta quarta-feira, 14, despencando mais de 14% após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025.

Apesar de registrar uma receita recorde para o período, a companhia aérea reportou prejuízo ajustado de R$ 1,8 bilhão, frustrando expectativas de mercado e acendendo um alerta sobre sua rentabilidade e liquidez.

O lucro líquido contábil no primeiro trimestre foi de R$ 1,6 bilhão, revertendo o prejuízo de R$ 1,05 bilhão do mesmo período do ano passado. Mas na prática, considerando variações cambiais sobre os resultados, a empresa teve um prejuízo de R$ 1,8 bilhão, alta de 460% nas perdas.

A margem líquida ajustada foi de 33,7%, refletindo o forte impacto das despesas financeiras e do câmbio nas obrigações em dólar.

A receita operacional atingiu um recorde para um primeiro trimestre de R$5,4 bilhões, aumentando 15,3% ano contra ano, um aumento de 2% do esperado pelo mercado, impulsionada principalmente pela otimização da malha aérea.

Apesar do crescimento no faturamento, a companhia aérea destaca que o cenário doméstico afetou as margens e elevaram os custos operacionais.

A desvalorização do real, alta no preço dos combustíveis e inflação persistente levaram a queda do EBITDA em 2,1% ano contra ano, para R$ 1,38 bilhão, com margem de 25,7%, 4,6 pontos menor do que a registrada no primeiro trimestre de 2024. O resultado veio 19% abaixo do esperado pelo JP Morgan e 17% abaixo do consenso de mercado.

Custo foi o destaque negativo

Para o Goldman Sachs, o principal vilão do resultado foi o  custo por assento-quilômetro (CASK)  sem considerar o combustível, que foi impactado de forma negativa por outras despesas, resultantes de um aumento temporário em operações irregulares, causado por problemas com fabricantes de aeronaves (OEMs) e restrições na cadeia de suprimentos.

Isso elevou custos relacionados a ações legais e compensações a passageiros, como hotel, alimentação e transporte.

O banco ressalta que se a Azul tivesse mantido o mesmo nível de "outras despesas" registrado em 2024, cerca de R$ 380 milhões por trimestre, a margem EBITDA teria sido aproximadamente 6 pontos percentuais maior — ficando em linha com as expectativas. O Goldman Sachs mantém recomendação "neutra", com preço-alvo de 12 meses de R$ 4,60 ou US$ 2,40, com base em um múltiplo-alvo de EV/EBITDA de 4,3 vezes para os próximos 12 meses.

A Azul ampliou sua capacidade assentos-quilômetro oferecidos (ASK) em 15,6% e transportou quase 8 milhões de passageiros, 9,8% a mais que no mesmo período do ano passado. A capacidade internacional cresceu 39,2%, e a Azul encerrou o trimestre com uma frota de 184 aeronaves e 80% da capacidade composta por modelos de nova geração, que consomem menos combustível.

O investimento em modernização reduziu em 2,5% o consumo de combustível por ASK. O tráfego de passageiros (RPK) cresceu 19,4%, com ocupação média de 81,5%, um ganho de 2,6 pontos percentuais.

A companhia aérea destaca o desempenho da Azul Viagens, que aumentou as reservas brutas em 57% na comparação anual, da Azul Cargo, que subiu a receita total em 18%, e o programa de fidelidade que soma quase 19 milhões de membros, com aumento de 12% nos usuários ativos. Essas três operações foram responsáveis por 35% do EBITDA, com mais de R$ 480 milhões em geração de resultado.

Dívida alta

A dívida líquida subiu para R$ 31,35 bilhões, com a alavancagem chegando a 5,2 vezes EBITDA dos últimos 12 meses. A empresa destacou que, considerando a conversão de parte das notas 2029/30, esse índice cairia para 4,4 vezes. A liquidez imediata foi de R$ 2,3 bilhões, o que representa 11,6% da receita dos últimos 12 meses. No trimestre, a Azul captou R$ 3 bilhões via emissão de notas e pagou R$ 4 bilhões em arrendamentos, amortizações e juros.

Como parte da reestruturação anunciada em 2024, a Azul emitiu cerca de 1,75 bilhão de novas ações em abril, incluindo ações ordinárias, preferenciais e ADRs, reduzindo obrigações de dívida e fortalecendo a posição de capital.

O CEO da Azul, John Rodgerson, afirmou que a empresa está “bem posicionada para capturar oportunidades” nos mercados doméstico e internacional.

“Manteremos o foco em otimizar nossa malha para maximizar a rentabilidade, permanecendo atentos na gestão de custos e aprimorando a experiência do cliente”, disse o CEO.

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