Azul: veja em quais cidades a empresa deixará de operar (Shutterstock/Shutterstock)
Redação Exame
Publicado em 12 de agosto de 2025 às 15h51.
Última atualização em 12 de agosto de 2025 às 16h33.
A Azul deu cabo ao corte de operações anunciado no início deste ano e deixou de voar para 14 cidades brasileiras. Desse total, 13 tinham voos comerciais operados somente pela companhia aérea, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
As mudanças são parte do processo de reestruturação da empresa. Desde maio, a Azul está em recuperação judicial nos Estados Unidos e espera finalizar o Chapter 11, nome do processo nos EUA, entre dezembro deste ano ou fevereiro de 2026.
A companhia declarou que "reavalia constantemente as operações em suas bases, como parte de um processo normal de ajuste de oferta e demanda". Parte das rotas interrompidas era operada pela subsidiária "Azul Conecta".
Em nota à EXAME, a empresa declarou que "está otimizando, desde julho, rotas operadas atualmente, de forma gradativa, em um processo normal de adequação da malha, inclusive para novos voos que serão implantados na alta temporada. Os ajustes levam em consideração, ainda, uma série de fatores que vão desde o aumento nos custos operacionais da aviação, impactados pela crise global na cadeia de suprimentos e a alta do dólar, até questões de disponibilidade de frota, bem como o seu atual processo de reestruturação".
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A companhia anunciou recentemente a redução de destinos por cidade e também a operação sazonal, com a saída de Paris no inverno e novos voos para Orlando. As decolagens diárias passarão de 931 para 836, uma redução de 10%.
O objetivo da empresa, segundo a apresentação, é chegar a uma ocupação média de 83% nos voos, hoje entre 80% e 82%. O resultado esperado é um aumento em “receitas auxiliares” por passageiro, com cobrança de bagagens e marcação de assento.
A Azul informou ainda que deve realizar mudanças “no produto a bordo”, substituindo refeições por “boxes” para café da manhã e lanches.
Do lado operacional, a Azul prevê uma redução de 35% na atual frota, cujas aeronaves mais antigas serão substituídas por modelos novos, da geração E2, da Embraer.
Em maio, a empresa protocolou o pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, conhecido como Chapter 11.
Segundo a empresa, o processo busca melhorar a estrutura de capital, que ficou fragilizada desde a pandemia, e acabou agravada pela desvalorização cambial e problemas de suprimento na cadeia de aviação, o que trouxe atraso na entrega de aeronaves.
A empresa tem um plano de reestruturação que prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão e possibilidade de captar até US$ 950 milhões em novos aportes de capital durante o processo.
A empresa pretende eliminar US$ 2 bilhões em dívida até o final do Chapter 11, reduzindo a alavancagem financeira de 5,1 vezes para 3 vezes ao fim deste ano e 2,2 vezes em 2026.
O Chapter 11 é uma ferramenta jurídica da lei de falências dos Estados Unidos que possibilita a reorganização de empresas com dificuldades financeiras. Ao iniciar o processo, ocorre a suspensão automática da cobrança das dívidas, o que permite que a empresa continue funcionando normalmente enquanto apresenta um plano para reestruturar sua situação financeira e operacional, visando o pagamento gradual aos credores.
Durante esse período, a companhia mantém o controle dos seus ativos e pode negociar o adiamento das obrigações financeiras existentes. Também é possível obter novos financiamentos, desde que autorizados pelo tribunal. Para que o plano de recuperação tenha validade, ele deve ser aprovado pelos credores e confirmado pelo juiz responsável, garantindo transparência, regras claras e maior celeridade ao processo.
Embora seja semelhante à recuperação judicial praticada no Brasil, o Chapter 11 apresenta diferenças relevantes.
Por exemplo, o mecanismo americano suspende automaticamente todos os débitos, incluindo contratos como leasing, enquanto no Brasil algumas dívidas continuam vigentes mesmo durante a recuperação judicial. Além disso, o processo norte-americano é reconhecido por ser mais rápido e menos burocrático.