Azul: empresa afirma que rotas não sofrerão alteração, apesar da recuperação judicial (foto/Divulgação)
Repórter de finanças
Publicado em 30 de maio de 2025 às 15h57.
A Azul teve um avanço significativo na Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York na noite de quinta-feira, 29. A empresa, que está em recuperação judicial via Chapter 11, teve todos os 20 pedidos acatados pela Justiça. Entre eles: a devolução de parte da frota de aviões.
A empresa informa que 35% da frota irá sofrer redução. Entretanto, não se trata de aviões em voo, aponta Fabio Campos, vice-presidente institucional e corporativo da Azul, em coletiva para jornalistas na tarde desta sexta-feira, 30.
“Muitos desses aviões já não estão voando dado o problema na cadeia mundial de insumos da aviação, como falta de motores, de peças”, afirma.
Entre os aviões que irão ser devolvidos, estão os E-1 da Embraer. Já os jatos E-2 serão mantidos - inclusive as encomendas futuras.
Mas parte dos novos pedidos entre 2026 e 2029 serão, sim, cortados. Conforme o vice-presidente, para as rejeições de aeronaves, a Azul irá negociar com os arrendadores. “Fechando um acordo, vamos ao juiz e apresentamos para a Corte o que foi negociado.”
Campos enfatiza que nem a equipe de tripulantes, nem as bases ou a malha aérea terão cortes decorrentes do processo de reestruturação - mas a companhia ainda está sujeita a cortes rotineiros.
Em meio a RJ, Campos traz novidades: inauguração das rotas Campinas-Porto e Campinas-Madrid, Recife-Porto e Recife-Madrid, além do anúncio de mais de 110 voos para Porto Seguro.
“Não terá impacto aos nossos consumidores. Quem comprou bilhete vai ser honrado, quem tem ponto, pode usar. Seguimos comercializando passagens e operando normalmente”, comenta.
Também parte das discussões na Corte, a Azul obteve aprovação judicial para um financiamento de US$ 250 milhões.
Essa é a primeira parte de um financiamento maior, de US$ 1,6 bilhão, que a empresa espera alcançar com o Chapter 11 - e que virá fatiado em parcelas.Esses recursos virão por meio de um instrumento chamado ‘financiamento DIP (Debtor-in-Possession)’, que permite que a companhia utilize os valores para despesas operacionais essenciais, como pagamento de salários, fornecedores e custos legais do processo.
Esse dispositivo garante a quem está financiando, ter prioridade em pagamentos de débitos da companhia, à frente dos demais credores.
Além do US$ 1,6 bilhão, US$ 950 milhões adicionais poderão ser convertido em equity para a saída. É o caso de duas parceiras americanas: American Airlines e United Airlines, que entrarão com US$ 300 milhões, podendo ser convertidos em parte acionária posteriormente.
“Parte [do US$ 1,6 bilhão] vai ser usado para recomprar uma divida que a Azul possui, trocar de mão, e o resto vem para o processo propriamente de reestruturação”, aponta Campos.
A empresa também anunciou outro avanço na Corte: a companhia firmou acordos de reestruturação com os seus principais parceiros financeiros, incluindo seus bondholders; seu maior arrendador de aeronaves, a AerCap, que representa a maior parte do passivo de arrendamento de aviões da Azul; e os parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines.
Mas o dinheiro das companhias aéreas americanas ainda está sujeito a algumas condições relacionadas ao próprio processo de reestruturação, explica Campos.
Segundo o executivo, a ideia é apresentar o plano de saída do Chapter 11 até o final do ano, e terminar, de fato, a reestruturação no começo do próximo ano, em fevereiro.
O movimento mostra uma tentativa de uma recuperação judicial a jato - ao contrário de suas parceiras Gol e Latam, que levaram 18 e 24 meses, respectivamente, para deixar a RJ.
O motivo é justamente o funding que a empresa já possui, o que torna o processo mais “amarrado”. Além de outros fatores: a AerCap, maior arrendadora, também entrou no acordo, dando fôlego, com um perdão a mais de US$ 1 bilhão em dívidas.
A próxima audiência está marcada para dia 9 de julho. Nela, o intuito é apresentar para o juiz quais os acordos que a companhia entrou, para dar prosseguimento à reestruturação.