Líder global: Avolon é a maior dona de aeronaves do mundo (Avolon/Divulgação)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 10 de agosto de 2025 às 10h28.
Última atualização em 10 de agosto de 2025 às 13h51.
A Azul anunciou que encerrará operações em 13 cidades e cortará 53 rotas de menor rentabilidade, com margem de 17% abaixo da média da companhia.
A informação foi divulgada em apresentação institucional divulgada este mês. A companhia não divulgou quais cidades e rotas terão as operações encerradas.
A empresa informou apenas que o plano é concentrar a operação em seus principais hubs — Viracopos (Campinas), Confins (Belo Horizonte) e Recife, para depender menos das conexões.
No setor de aviação, hubs são aeroportos que operam como ponto central de uma companhia aérea, concentrando voos e conexões para levar passageiros aos destinos finais.
Driver | Antes | Depois | Var.% |
---|---|---|---|
Bases | 149 | 138 | -7% |
Decolagens diárias | 931 | 836 | -10% |
Rotas | 331 | 258 | -22% |
Decolagens/Rotas | 2,8 | 3,2 | +15% |
As mudanças ocorrem em meio a reestruturação da empresa, que está em recuperação judicial nos Estados Unidos desde maio. A Azul espera finalizar o Chapter 11, nome do processo nos EUA, entre dezembro deste ano ou fevereiro de 2026.
A companhia anunciou ainda a redução de destinos por cidade e também a operação sazonal, com a saída de Paris no inverno e novos voos para Orlando. As decolagens diárias passarão de 931 para 836, uma redução de 10%.
O objetivo da empresa, segundo a apresentação, é chegar a uma ocupação média de 83% nos voos, hoje entre 80% e 82%. O resultado esperado é um aumento em “receitas auxiliares” por passageiro, com cobrança de bagagens e marcação de assento.
A Azul informou ainda que deve realizar mudanças “no produto a bordo”, substituindo refeições por “boxes” para café da manhã e lanches.
Do lado operacional, a Azul prevê uma redução de 35% na atual frota, cujas aeronaves mais antigas serão substituídas por modelos novos, da geração E2, da Embraer.
Em maio, a empresa protocolou o pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, conhecido como Chapter 11.
Segundo a empresa, o processo busca melhorar a estrutura de capital, que ficou fragilizada desde a pandemia, e acabou agravada pela desvalorização cambial e problemas de suprimento na cadeia de aviação, o que trouxe atraso na entrega de aeronaves.
A empresa tem um plano de reestruturação que prevê um financiamento de US$ 1,6 bilhão e possibilidade de captar até US$ 950 milhões em novos aportes de capital durante o processo.
A empresa pretende eliminar US$ 2 bilhões em dívida até o final do Chapter 11, reduzindo a alavancagem financeira de 5,1 vezes para 3 vezes ao fim deste ano e 2,2 vezes em 2026.
O Chapter 11 é uma ferramenta jurídica da lei de falências dos Estados Unidos que possibilita a reorganização de empresas com dificuldades financeiras. Ao iniciar o processo, ocorre a suspensão automática da cobrança das dívidas, o que permite que a empresa continue funcionando normalmente enquanto apresenta um plano para reestruturar sua situação financeira e operacional, visando o pagamento gradual aos credores.
Durante esse período, a companhia mantém o controle dos seus ativos e pode negociar o adiamento das obrigações financeiras existentes. Também é possível obter novos financiamentos, desde que autorizados pelo tribunal. Para que o plano de recuperação tenha validade, ele deve ser aprovado pelos credores e confirmado pelo juiz responsável, garantindo transparência, regras claras e maior celeridade ao processo.
Embora seja semelhante à recuperação judicial praticada no Brasil, o Chapter 11 apresenta diferenças relevantes.
Por exemplo, o mecanismo americano suspende automaticamente todos os débitos, incluindo contratos como leasing, enquanto no Brasil algumas dívidas continuam vigentes mesmo durante a recuperação judicial. Além disso, o processo norte-americano é reconhecido por ser mais rápido e menos burocrático.