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B3: Com recuperação da bolsa, dados operacionais vem acima do esperado em junho

BTG mantém recomendação de compra para B3SA3, enquanto XP adota tom mais cauteloso diante da fragilidade do mercado de capitais

B3: empresa divulgou os dados operacionais na noite desta segunda-feira,14 (Germano Lüders/Exame)

B3: empresa divulgou os dados operacionais na noite desta segunda-feira,14 (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 15 de julho de 2025 às 11h15.

A B3 (B3SA3) divulgou seus dados operacionais de junho após o fechamento do mercado desta segunda-feira, 14, o que deu a analistas e gestores uma visão clara do que esperar para os resultados do segundo trimestre. Os números vieram acima do esperado tanto pela XP quanto pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame).

No trimestre, o volume financeiro médio diário (ADTV) de ações atingiu R$ 27,02 bilhões (na média diária do segundo trimestre), o melhor resultado desde o segundo trimestre de 2023 e 7% acima das estimativas da XP (também acima da projeção do BTG). Enquanto isso, o volume médio diário (ADV) de derivativos encerrou junho de 2025 em R$ 11,53 bilhões, queda de -6% ano contra ano.

Com exceção dos contratos futuros de criptoativos, todos os demais derivativos registraram desempenho negativo na comparação anual, sendo o destaque negativo os contratos de índice de ações, com queda de 24,8% na comparação anual.

O Bradesco BBI, em relatório, destaca que as receitas com derivativos listados permaneceram amplamente estáveis em relação ao trimestre anterior. “Além disso, ressaltamos que o ADTV consolidado de ações à vista no trimestre foi bem acima do primeiro trimestre de 2025 e do segundo trimestre de 2024, o que indica um possível aumento nas receitas com ações no segundo trimestre de 2025.”

A velocidade de giro foi de 134,6%, com queda de -92 pontos-base na comparação anual e de -988 pontos-base na comparação mensal. A capitalização total de mercado da bolsa fechou em R$ 4,55 bilhões, uma alta de 6,7% ano contra ano, e +0,6% mês contra mês. O volume médio diário do mercado à vista de ações (o maior entre os segmentos listados) encerrou junho em R$ 24,5 bilhões, avanço de 6,4% na comparação anual, mas queda de 6,2% na comparação mensal. Desse total:

  • 84% são ações,
  • 10% ETFs,
  • 4% BDRs,
  • 2% Fundos Listados.

Os BDRs apresentaram o maior crescimento em ambos os períodos: +63% ano contra ano, e +26,6% mês contra mês. O volume médio de contratos de índice de ações caiu -24,8% na comparação anual, mas a receita média por contrato aumentou 7% no mesmo período.

Os derivativos de balcão (OTC) também apresentaram melhora, atingindo R$ 4,26 bilhões, alta de 4% na comparação anual e 5% acima das projeções da XP -- também acima das estimativas do BTG.

No segmento de renda fixa, destaque para as novas emissões, que somaram R$ 1,73 bilhão em junho de 2025, representando alta de 16% ano contra ano, com crescimento de dois dígitos em praticamente todas as categorias, exceto títulos bancários, que subiram 1,8% na comparação anual.

O estoque total em circulação chegou a R$ 8,28 bilhões, alta de 22,6% ano contra ano e +2,1% mês contra mês. “Observamos uma expansão significativa nas emissões e no volume em circulação de renda fixa, o que também pode indicar um bom desempenho da receita nesse segmento no trimestre”, escreve o Bradesco BBI.

Vale a pena investir nas ações da B3?

O BTG tem recomendação de compra compra para B3, com preço-alvo de R$ 15 para os próximos 12 meses. “[Reforçamos] que a empresa é mais do que apenas uma operadora de ações, destacando a diversificação e o caráter defensivo do seu modelo de negócios”, escreve a equipe liderada por Eduardo Rosman.

Já a XP se mostra mais cautelosa, recomendando posição neutra para a ação, mas com preço-alvo maior do que o do BTG, de R$ 16. “Não vemos gatilhos de curto prazo para o papel”, escrevem Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães, em relatório.

Segundo a XP, apesar das melhorias operacionais, que devem sustentar o crescimento da receita, eles mantêm uma perspectiva conservadora devido à ainda frágil atividade nos mercados de capitais, além de possíveis ameaças competitivas no horizonte. Para eles, ainda é cedo para concluir que o mercado de capitais entrou em um ciclo sustentável de recuperação.

“Para o ano de 2025, mantemos uma visão cautelosa, dado que os atuais níveis de juros devem continuar sendo o principal obstáculo para a retomada de uma atividade mais robusta no mercado de capitais”, dizem.

BTG acredita que a B3 continua sendo uma das melhores formas de exposição ao beta dentro do universo de cobertura do banco. “E, como os volumes de ações seguem em níveis baixos, vemos espaço para que tanto lucros quanto múltiplos de valuation subam nos próximos anos, considerando que provavelmente estamos no pico do ciclo de aperto monetário."

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