Banco do Brasil (BBAS3) decepciona: lucro despenca 20,7% e frustra mercado no primeiro trimestre (Pilar Olivares/Reuters)
Repórter de mercados
Publicado em 15 de maio de 2025 às 20h26.
Última atualização em 15 de maio de 2025 às 23h59.
O Banco do Brasil (BBAS3) reportou um lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 20,7% na comparação anual. O resultado ficou bem abaixo das projeções do mercado, frustrando investidores.
O consenso da Bloomberg esperava R$ 9,10 bilhões, enquanto analistas do BTG Pactual e do Itaú BBA projetavam R$ 9,6 bilhões e R$ 9 bilhões, respectivamente.
É o primeiro recuo após 16 trimestres consecutivos de crescimento anual do lucro.
O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) também ficou bem abaixo das estimativas dos analistas. O banco registrou 16,7% no primeiro trimestre, contra 21,7% na comparação anual. Com uma visão mais otimista, o Itaú BBA estimava 19,2% e o BTG, 19,1%.
Segundo o banco, a queda no lucro foi influenciada por uma combinação de fatores: a elevação da taxa Selic, mudanças regulatórias e deterioração nos indicadores de inadimplência.
A margem financeira bruta foi de R$ 23,9 bilhões, com queda de 7,2% em 12 meses. A margem com clientes caiu 7,2%, para R$ 20,3 bilhões, e a margem com mercado despencou 34,9%, para R$ 3,55 bilhões.
O capital principal do banco (CET1) recuou para 10,97%, contra 11,9% em março de 2024. E a receita de prestação de serviços somou R$ 8,4 bilhões no trimestre, com leve crescimento em administração de fundos e consórcios.
O spread com clientes também encolheu: foi de 7,48%, frente a 8,18% no primeiro trimestre de 2024. Além disso, o índice de inadimplência acima de 90 dias e o saldo da carteira de crédito subiu para 3,86%, contra 2,90% um ano antes, o que levou a um aumento de 16,9% nas provisões para perdas, que chegaram a R$ 32,49 bilhões.
Apesar da piora nos resultados, o Banco do Brasil registrou crescimento de 14,4% na carteira de crédito expandida, que somou R$ 942 bilhões. O segmento de pessoa jurídica teve destaque, com avanço de 22,4%, alcançando R$ 459,9 bilhões. Entre pessoas físicas, a carteira cresceu 6,6%, para R$ 335,8 bilhões, impulsionada pelas linhas de crédito consignado (especialmente CLT) e não consignado.
O BB também ampliou sua atuação no "crédito ao trabalhador", modalidade voltada à iniciativa privada na qual lidera em volume de contratos.
O crédito ao agronegócio atingiu R$ 406,2 bilhões, alta de 9,0% na comparação anual. Entre julho de 2024 e março de 2025, o BB desembolsou R$ 152,5 bilhões no âmbito do Plano Safra, além de R$ 22 bilhões na cadeia de valor do setor — totalizando R$ 174,5 bilhões em financiamentos ao agro no período.
Já as operações com impacto socioambiental positivo, como energias renováveis e agricultura sustentável, somaram R$ 393,5 bilhões em março, representando crescimento de 9,6% em 12 meses.
A Resolução CMN 4.966/2021 entrou em vigor em janeiro de 2025, que introduziu mudanças estruturais na contabilização de ativos financeiros e na constituição de provisão para perdas esperadas associadas ao risco de crédito. O banco aponta que esse fator comprometeu diretamente a margem financeira bruta, no custo do crédito e nas receitas de prestação de serviços.
Junto com os resultados, o banco estatal revisou o guidance para o ano. O saldo de lucro líquido ajustado mudou para R$ 37 bilhões a R$ 41 bilhões. A projeção da margem financeira bruta é de
R$ 111 bilhões a R$ 115 bilhões.
Já para despesas administrativas, o banco estatal manteve a projeção entre R$ 38,5 bilhões e R$ 40 bilhões. A estimativa da receita de prestação de serviços manteve entre R$ 34,5 bilhões e R$ 36,5 bilhões.