Argentina: bancos americanos suspendem plano de resgate de US$ 20 bilhões para o país (Stockbyte/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 21 de novembro de 2025 às 15h39.
O resgate de US$ 20 bilhões para a Argentina, oferecido pelo JP Morgan, Bank of America (BofA) e Citigroup, foi suspenso, informou pessoas familiarizadas com o assunto para o The Wall Street Journal. Segundo o jornal, os banqueiros passaram a considerar um pacote de empréstimos menor e de curto prazo para apoiar o governo financeiramente pressionado.
Agora, os bancos estariam avaliando fornecer cerca de US$ 5 bilhões à Argentina por meio de um “repurchase agreement (repo)” de curto prazo, no qual o país entregaria uma carteira de ativos em troca de dólares, afirmaram as fontes.
A expectativa é que esses recursos cubram um pagamento de dívida de aproximadamente US$ 4 bilhões em janeiro. Depois disso, o governo de Javier Milei buscaria levantar bilhões no mercado de títulos para liquidar o repo, embora o plano envolva risco caso as condições de mercado piorem e a Argentina não consiga emitir novos papéis.
As conversas ainda estão em fase preliminar e podem ser alteradas ou até fracassar, ressaltaram as fontes. O ministro das Finanças argentino, Luis Caputo, comprometeu-se a atualizar o mercado sobre as estratégias para reforçar as reservas internacionais até o início de dezembro.
A Bloomberg Línea já havia antecipado alguns pontos dessas tratativas. Além da ajuda planejada pelos bancos, o Departamento do Tesouro dos EUA adotou medidas relevantes para sustentar a administração Milei.
No fim de outubro, foi divulgado que o Tesouro dos EUA pretendia realizar um swap cambial de US$ 20 bilhões e planejava uma linha de crédito adicional, também de US$ 20 bilhões, estruturada pelos bancos, para reforçar o campo pró-reformas de Milei. As medidas foram anunciadas num momento de pressão política, mas a vitória do governo nas eleições congressionais impulsionou títulos e a moeda argentina.
A iniciativa privada, porém, não avançou, já que os bancos aguardavam orientações sobre garantias que poderiam usar para se proteger de perdas, segundo o The Wall Street Journal. Agora, pessoas próximas às conversas afirmam que a proposta deixou de ser considerada seriamente.
Ex-integrantes do Tesouro têm criticado publicamente a falta de transparência a respeito do apoio financeiro dos EUA à Argentina, argumentando que isso difere de práticas anteriores, como no caso do México nos anos 1990.
“Basicamente, não há informações sobre como esse dinheiro está sendo usado”, disse Brad Setser, pesquisador sênior do Council on Foreign Relations e ex-secretário adjunto do Tesouro durante a administração Obama ao WSJ. “Acho isso incomum, considerando que se trata de dinheiro dos contribuintes.”
Não se sabe quanto do swap de US$ 20 bilhões foi utilizado, mas dados do Banco Central da Argentina mostram um aumento de US$ 2,5 bilhões em swaps de curto prazo entre o fim de setembro e outubro. O BC não comentou, segundo o WSJ.
Os EUA também enviaram cerca de US$ 900 milhões à Argentina por meio de “direitos especiais de saque”, um instrumento de reserva do FMI, segundo fontes e dados do Fundo.
“Os Estados Unidos continuam confiantes no compromisso do presidente Milei e do ministro Caputo com os princípios essenciais enquanto trabalham para ‘Fazer a Argentina Grande Novamente’”, disse um porta-voz do Tesouro. Ele se recusou a fornecer detalhes mais específicos sobre o apoio financeiro dos EUA à Argentina.
Em publicação no X em 29 de outubro, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que a “ponte econômica argentina agora gerou lucro para o povo americano”.