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Bancos dos EUA abrem a temporada de balanços com otimismo no mercado

JPMorgan, Goldman Sachs, Citi e Wells Fargo divulgam resultados nesta terça

JPMorgan: mercado projeta alta nas receitas com investment banking e trading (Mike Kemp/Getty Images)

JPMorgan: mercado projeta alta nas receitas com investment banking e trading (Mike Kemp/Getty Images)

Publicado em 14 de outubro de 2025 às 06h00.

A temporada de balanços dos grandes bancos americanos começa nesta terça-feira, 14, com expectativa de um dos trimestres mais fortes desde 2021 para as divisões de investment banking e trading de Wall Street.

JPMorgan, Goldman Sachs, Citigroup e Wells Fargo divulgam seus resultados nesta manhã, seguidos por Bank of America e Morgan Stanley na quarta-feira, 15.

M&A e IPOs aceleram

As receitas combinadas de investment banking das cinco maiores instituições devem atingir US$ 9,1 bilhões no terceiro trimestre, segundo estimativas da Bloomberg — avanço de 13% em relação ao ano anterior e de 50% frente aos níveis mais baixos de 2023.

O movimento reflete a aceleração de fusões e aquisições (M&A), ofertas públicas iniciais (IPOs) e emissões de dívida, impulsionada por um ambiente regulatório mais flexível sob o governo Trump. A compra alavancada de US$ 55 bilhões da Electronic Arts, anunciada recentemente, é emblemática dessa retomada.

Jason Goldberg, analista do Barclays, disse ao Financial Times que o ambiente pró-crescimento e as regulações mais flexíveis estão impulsionando esse sentimento no mercado. Ele afirmou também que o movimento em torno da inteligência artificial — seja pela necessidade de investir ou se adaptar — também está contribuindo para essa aceleração.

Trading mantém ganhos

Além do impulso em M&A, as divisões de trading seguem garantindo receitas consistentes. As negociações em ações e renda fixa devem somar cerca de US$ 31 bilhões no terceiro trimestre, alta de aproximadamente 8% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo analistas da Piper Sandler, a atividade de trading se manteve mais forte do que o previsto, mesmo após a estabilização dos mercados no início do ano.

A combinação entre a recuperação do investment banking e a resiliência no trading deve resultar em um aumento de cerca de 8% no lucro líquido combinado dos seis maiores bancos dos EUA, segundo projeções de mercado compiladas pelo Financial Times.

Foco no consumidor

Apesar do cenário positivo, investidores estarão atentos a sinais de fragilidade no crédito ao consumidor. Os quatro maiores bancos de varejo — JPMorgan, Bank of America, Wells Fargo e Citi — devem provisionar cerca de US$ 8 bilhões para perdas com empréstimos, patamar estável em relação a um ano atrás.

O colapso recente da financeira subprime Tricolor, especializada em crédito para compra de automóveis por consumidores de baixa renda, acendeu alertas sobre a saúde financeira de segmentos mais vulneráveis da economia americana. “Vai haver mais escrutínio sobre a qualidade de crédito”, afirmou David George, analista sênior da Baird, ao Financial Times.

Apesar do quadro ainda relativamente sólido para o consumo das famílias, analistas destacam que pressões vêm aumentando, sobretudo entre os lares de baixa renda, à medida que custos de moradia, energia e alimentação avançam mais rápido que os salários.

"Embora o consumo das famílias siga relativamente sólido, estamos observando de perto áreas como inadimplência em empréstimos estudantis e automotivos", afirmou Michael Rose, analista da Raymond James, ao Wall Street Journal. "Essas tendências ainda não são alarmantes, mas podem pesar sobre os resultados se forem agravadas."

Além dessas pressões, analistas alertam que um eventual prolongamento do shutdown do governo americano pode agravar as condições financeiras e afetar o desempenho dos bancos no fim do ano.

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