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Ben & Jerry's alega que Unilever demitiu CEO para 'congelar' marca de sorvete

Batalha pela independência da missão social da Ben & Jerry's se intensifica após Unilever destituir o CEO Dave Stever

Publicado em 19 de março de 2025 às 08h51.

A Ben & Jerry's, famosa fabricante de sorvetes, entrou com uma ação contra sua controladora, Unilever (UL), depois que a gigante de bens de consumo demitiu seu CEO, Dave Stever.

A demissão, anunciada em um processo no tribunal federal de Manhattan na terça-feira, 19, foi feita sem consultar o conselho da Ben & Jerry's e está relacionada à defesa que Stever fez da missão social e da integridade da marca, não devido a problemas de desempenho profissional, segundo o processo.

Em uma revisão de desempenho realizada em janeiro, a Unilever criticou Stever por “ceder repetidamente” às campanhas sociais da Ben & Jerry’s e alertou seus funcionários para não desafiar os esforços da empresa em "silenciar a missão social" da marca. A fabricante de sorvetes alegou ainda que os ataques de Unilever à sua missão social alcançaram "novos níveis de opressão".

Em fevereiro, a Unilever impediu a Ben & Jerry's de comemorar o Mês da História Negra, além de ter bloqueado recentemente a iniciativa da marca de apoiar a libertação de Mahmoud Khalil, um residente permanente nos EUA ativo em manifestações pró-palestinas na Universidade de Columbia, que está sendo alvo de uma tentativa de deportação pelo governo de Donald Trump.

A Unilever, que adquiriu a Ben & Jerry’s em 2000, não se pronunciou imediatamente sobre as acusações, assim como os advogados da empresa, segundo a Reuters. Por outro lado, Ben & Jerry’s também não se manifestou prontamente em relação aos pedidos de comentário.

Stever foi nomeado CEO da Ben & Jerry’s em maio de 2023, após uma longa trajetória na empresa, que começou em 1988 como guia turístico. Não se sabe ainda qual é o seu atual status na companhia.

O novo processo de Ben & Jerry's inclui acusações de que a Unilever está tentando desmontar o conselho independente da marca e acabar com seu ativismo social, além de procurar impedir as críticas públicas a Trump, uma postura que a empresa alegou ter sido imposta pela controladora. Essa ação foi adicionada a uma proposta de queixa alterada, que ainda precisa de permissão do tribunal para ser formalmente registrada.

A Ben & Jerry’s, que sempre teve um compromisso social desde sua fundação em 1978, havia interrompido a venda de seus produtos na Cisjordânia ocupada por Israel em 2021, um movimento que gerou atritos com Unilever. O caso de Ben & Jerry's contra a Unilever é mais um capítulo nas tensões entre as empresas e suas posturas em relação a políticas sociais.

A Unilever também anunciou que pretende se desfazer das marcas de sorvete, incluindo Ben & Jerry’s, Breyers e Magnum, em um esforço para simplificar seu portfólio, que inclui também marcas como Dove, Hellmann's, Knorr, Surf e Vaseline.

A ação legal foi registrada no processo Ben & Jerry's Homemade v Unilever, no Tribunal Distrital dos Estados Unidos.

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