Ibovespa: índice começa dezembro no patamar dos 159 mil pontos (Germano Lüders/Exame)
Editor de Invest
Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 06h00.
O Ibovespa começa o mês de dezembro com bons precedentes. Em 2025, até agora, o índice de referência da bolsa brasileira subiu mais de 32%. Acumulou ganhos em nove dos onze meses que se passaram até agora. E no último pregão de novembro, fechou acima dos 159 mil pontos pela primeira vez na história.
Historicamente, o mês de dezembro é bom para o Ibovespa. O índice acumulou alta no período em 13 dos últimos 20 anos. Mas a reta final de 2025 ainda promete fortes emoções para o mercado acionário. No exterior, de onde vem os principais fluxos que mexem com o índice, tem a esperada última reunião do Federal Reserve, na próxima semana.
A grande maioria do mercado aposta em um terceiro corte de juros nos Estados Unidos, mas as apostas têm oscilado ao sabor de indicadores econômicos — prejudicados pelo shutdown mais longo da história americana — e sinais trocados de dirigentes do Banco Central dos EUA. O Fed, no momento, parece mais preocupado com o efeito dos juros altos na atividade econômica, sobretudo o mercado de trabalho, do que com a inflação em si, que ainda está acima da meta.
De qualquer maneira, um novo corte de juros é bom para a bolsa brasileira por dois motivos:
Não deixa de ser uma surpresa que a bolsa tenha subido tanto no ano com os juros da economia na casa dos dois dígitos desde que 2025 começou. E não só por isso: o atual patamar da Selic, de 15%, é o maior em 19 anos e a taxa está nesse nível desde a metade do ano. Já faz três reuniões que o Comitê de Política Monetária (Copom) não mexe nos juros e dificilmente isso vai mudar agora em dezembro.
A Selic alta é tradicionalmente um obstáculo para a evolução do Ibovespa, já que ela deixa o retorno da renda fixa muito mais atraente, e esses ativos têm risco muito mais baixo do que o investimento em ações. A queda da taxa é vista como essencial para destravar o valor da bolsa brasileira — ainda considerada barata, mesmo alcançando níveis recordes — inclusive do ponto de vista de retorno dos investidores locais.
As apostas de uma redução dos juros este ano já eram baixas e praticamente sumiram após o Copom não deixar qualquer abertura pra um corte no curtíssimo prazo, no comunicado que acompanhou a decisão. As projeções apontam para uma primeira redução no primeiro trimestre de 2026, sem um consenso.
BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), Bradesco, Santander e Goldman Sachs, por exemplo, preveem o primeiro corte para janeiro. XP e JP Morgan, por sua vez, acreditam que a redução começará só em março.
Outro tema que está no radar do investidor da renda variável é o risco de uma bolha de inteligência artificial (IA) nos Estados Unidos. Ações de empresas de tecnologia têm surfado nessa tese nos últimos anos, ajudando a dar impulso ao mercado acionário americano como um todo e até às bolsas globais.
Mas justamente agora, na reta final de 2025, crescem preocupações sobre quando e de que forma os investimentos bilionários nessa tecnologia vão se pagar. Ainda que a Nvidia, um nome central dessa tese, tenha apresentado números acima do esperado no terceiro trimestre, também revelou um aumento inesperado em seus estoques e contas a receber.
Gestores já reconhecem que os investimentos em IA já podem ter ido além da conta. O Goldman Sachs, por sua vez, acha que a valorização das ações de tecnologia podem estar próximas de um limite. A Nasdaq, bolsa que concentra a maior parte das empresas de tecnologia, fechou novembro no negativo depois de sete meses consecutivos de ganhos.
Independentemente se esse é um temor que tem ou não fundamento, fato é que o mercado brasileiro não passaria incólume ao estouro de uma bolha de IA. Em ambientes de maior aversão ao risco, os mercados emergentes costumam ser bastante afetados.