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Bolsa tem maior queda em mais de dois meses

Vírus da China e fortes desvalorizações de Vale, Petrobras e bancos pressionaram Índice Bovespa

Ibovespa: índice cai 1,54% e registra maior queda do ano (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Ibovespa: índice cai 1,54% e registra maior queda do ano (Patricia Monteiro/Bloomberg)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 21 de janeiro de 2020 às 18h16.

Última atualização em 21 de janeiro de 2020 às 19h30.

São Paulo - Como uma tempestade após a calmaria, o Ibovespa caiu 1,54% no pregão desta terça-feira (21) depois de ter batido recorde nominal no início da semana. Com a queda, que foi a maior desde 8 de novembro do ano passado, o principal índice da Bolsa fechou em 117.026,04 pontos.

O ritmo de baixa foi ditado principalmente pelas ações de maior peso na carteira do Ibovespa e pelo vírus mortífero que já infectou mais de 300 pessoas e matou três na China. Um dos grandes temores é de que as viagens de Ano Novo Lunar proliferem a doença para outros países. "Sempre que surgem doenças desse tipo costuma pressionar o mercado financeiro", disse Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.

As complicações da doença também se espalharam para o mercado de câmbio, com o dólar se valorizando em relação às moedas de países emergentes. Nesta terça, o dólar subiu 0,4% frente ao real, fechando em 4,201 reais.

No exterior, quase todos os principais mercados fecharam o dia em baixa - com exceção da Bolsa de Frankfurt, que registrou leve alta. Na China, o índice Shangai Composite recuou 1,41% e, em Hong Kong, o Hang Seng caiu 2,81%.

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Embora no vermelho, os mercados ocidentais, em geral, tiveram quedas menos acentuadas. Mas, por aqui, pesaram no Ibovespa a grande participação da Vale, Petrobras e bancos, que tiveram um dia de forte desvalorização.

Nesta terça, os papéis da Vale caíram 2,32%, após a mineradora, a TÜV SÜD e outros 16 executivos serem denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais pelo desastre de Brumadinho. Eles terão que responder por homicídio duplamente qualificado e crimes ambientais. Com isso, o ativo fechou em 56,03 reais, voltando a ficar abaixo da cotação de 56,15 reais registrada no dia anterior ao rompimento da barragem.

O minério de ferro em baixa também contribuiu para a depreciação das siderúrgicas na Bolsa. CSN, Gerdau e Usiminas tiveram respectivas quedas de 2,91%, 2,36% e 2,05%.

O petróleo foi outra commodity a se desvalorizar, o que desfavoreceu as ações da Petrobras. Nesta terça, os papéis ordinários da estatal caíram 3% e os preferenciais, 1,27%.

Os bancos também figuraram entre as maiores baixas do pregão. Entre eles, a maior queda foi a das ações do Santander, que se depreciaram 4,93%. Os papéis do Itaú e do Bradesco, que tiveram as notas rebaixadas pela Bank of America na segunda-feira (20), caíram 2,13% e 3,34%, respectivamente. Já as ações do Banco do Brasil recuaram 2,89%.

Já a maior queda do Ibovespa ficou com as ações da rede de vestuário Hering, que despencaram 12,59%, após a empresa registrar, em prévia do desempenho de vendas, receita bruta 5,2% no quarto trimestre de 2019 em relação ao mesmo período de 2018.

Segundo a companhia, a "ressaca" da Black Friday teve forte impacto negativo no resultado da empresa. No evento, a Hering teve recorde de vendas, mas o movimento caiu de forma drástica nas semanas seguintes e não voltou como o esperado na véspera de Natal. A empresa também citou o fechamento líquido de 13 lojas nos últimos 12 meses e o menor número de clientes no segmento multimarcas como causa do resultado fraco.

Por outro lado, os papéis da Raia Drogasil, com alta de 5,36%, foram os que mais se valorizaram entre os que compõe o Ibovespa. A ação encerrou o dia em nível recorde, cotada a 125,50 reais. Em 2019, o ativo teve valorização de 95,86% e, em 2020, a alta acumulada já é de 12,41%.

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